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Impressões: "The Evil Within" é tenso, mas sem personalidade própria

André Forte

Do Gamehall, em Los Angeles*

28/05/2013 12h56

Após aterrorizar e inspirar uma geração de jogadores com "Resident Evil", o designer japonês Shinji Mikami e o estúdio Tango Softworks se uniram a Bethesda para produzir "The Evil Within".

O game é um novo projeto de terror e que pode, de certa forma, promover um retorno às raízes do gênero que Mikami ajudou a popularizar.

Em um evento realizado em Los Angeles, nos EUA, a produtora mostrou a UOL Jogos os primeiros minutos de jogo, que parece estar apto para chocar uma nova geração de jogadores, mas ainda peca pela falta de personalidade própria. "The Evil Within" se alimenta demasiadamente de fontes bem conhecidas do horror japonês.

  • Divulgação

    Com suspense e muito sangue, "The Evil Within" capricha na atmosfera aterrorizante.

Investigação sobrenatural

Logo no começo, "The Evil Within" apresenta o detetive Sebastian, que chega em uma viatura a um hospital na calada da noite para investigar uma série de crimes hediondos. O visual chama a atenção, com belos efeitos de luz e sombra e texturas em altíssima resolução.

Enquanto o detetive entra no hospital, é impossível não se recordar da cena que apresenta a delegacia de polícia em "Resident Evil 2", com direito a uma tomada geral do local e trilha sonora orquestrada que estabelece a atmosfera de terror.

Não demora muito e Sebastian já se depara com muito sangue e corpos desmembrados. Outra característica de "Resident Evil", as portas do hospital estão geralmente trancadas e o investigador precisa procurar por chaves específicas para abri-las. Até aí, nada de anormal, afinal, são jogos saídos da mesma mente criativa.

Em um momento seguinte, o jogo apresenta um gigantesco maníaco açougueiro de humanos – que lembra o Pyramid Head de “Silent Hill”, mas com uma espécie de cofre na cabeça -, que persegue o pobre detetive em cenas que remetem a outro clássico da escola japonesa de terror, o game "Clock Tower". Capturado, Sebastian é preso em uma cela, mas consegue escapar de um cenário cheio de armadilhas, aos moldes dos filmes "Jogos Mortais", mas que não parece ser dos desafios mais difíceis de superar.

Daí pra frente, o jogo dá uma pausa na perseguição e ganha ares de furtividade. Para escapar do maníaco, o jogador deve usar bem as sombras do cenário e não fazer barulho. Essa parte inicial serve apenas como um prólogo para "Evil Within": ao conseguir escapar da criatura, o investigador completamente ferido percebe que, enquanto estava preso no hospital, a cidade ao redor foi completamente destruída e está em chamas. O que aconteceu? Isso é algo que só vamos descobrir ao jogar o game por completo.

Volta forçada às raízes

"The Evil Within" se mostrou uma verdadeira salada de inspirações nipônicas para jogos de terror e a coisa não muda muito na segunda parte da demonstração.

O cenário é uma espécie de vilarejo, também à noite, mas não demora até que os primeiros mortos vivos apareçam para nos remeter ao DNA de "Resident Evil", particularmente aos jogos mais recentes da franquia da Capcom.  Aqui, o detetive pode andar e atirar ao mesmo tempo, sempre com a câmera posicionada sobre o ombro do personagem.

Apenas duas armas foram mostradas: um revólver calibre 38 e uma espingarda, além de bombas com temporizador, usadas para explodir uma casa, atraindo os zumbis em sua direção.

Sem qualquer explicação, outra reviravolta de personalidade no jogo: uma grotesca enchente de sangue toma à tela de vermelho e 'transporta' o personagem para uma instalação subterrânea. Dessa vez, foi o horror psicológico de "Silent Hill" que veio à mente.

Quando as referências nipônicas pareciam chegar ao fim, eis que o primeiro chefe surge na tela para provar que, ou Mikami realmente está sem criatividade, ou o designer simplesmente não jogou muitos games de 'Survival Horror' nos últimos anos: o monstro é uma espécie de mulher-aranha, assim como aquela de "Resident Evil 6", aparece para desafiar o jogador.

ASSISTA AO TRAILER DE "THE EVIL WITHIN"

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Em busca de personalidade

A demo termina antes mesmo de mostrar o fim da moça, mas deixou no ar a questão: o que a versão final de "The Evil Within" realmente teria a oferecer de novidade para o gênero? O que vimos até aqui foi um apanhado de elementos já explorados em outros jogos de horror de sobrevivência.

A impressão deixada, ao menos por enquanto, é a de que "The Evil Within" tem potencial para ser um grande 'survival horror', mas ainda precisa encontrar o seu próprio caminho e trilhá-lo com personalidade. Enquanto insistir em usar as melhores características de seus rivais, Mikami acabará por cair na armadilha que ele próprio plantou, ao inspirar tantos outros desenvolvedores com seu "Resident Evil", mais de 15 anos atrás.

*O jornalista viajou a convite da EA.