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Ousado, "FIFA 14" muda radicalmente a mecânica no PS3 e X360

André Forte

Do Gamehall, em Los Angeles*

10/06/2013 18h00Atualizada em 10/06/2013 18h29

Após o anúncio do novo motor gráfico Ignite para o Xbox One e PS4, muitos jogadores do PS3, PC e Xbox 360 ficaram apreensivos sobre o possível desinteresse da produtora em arriscar grandes inovações para "FIFA 14" nessas plataformas.

Felizmente, esse não parece o caso. Em um teste realizado por UOL Jogos em maio, tivemos uma grata surpresa ao ver que além de oferecer novidades em sua versão para PS3 e Xbox 360, o jogo dá um salto considerável de inovações em relação ao ótimo mas conservador game de 2012.

Movimentos precisos

Logo de cara, a nova mecânica e a nova física de corrida e drible chamada 'Precision Movement' nos pregou uma peça: "FIFA 14" praticamente 'esquece' o modo de driblar dos anos anteriores e nos obriga a reaprender a conduzir a bola.

SEM CAI-CAI

  • Divulgação

    Se você espera um dia ver em "FIFA" jogadores caindo só pra simular uma falta inexistente, esqueça. "Não colocamos o ‘cai-cai’ no jogo primeiro, porque a FIFA não aprova. E segundo, porque nós também não achamos isso uma coisa legal. Cair fingindo que foi atingido? Isso não é uma coisa bacana", opina McHardy.

Como exemplo, o produtor do jogo e ex-atacante da seleção jamaicana Aaron McHardy mostrou como os jogadores paravam ao 'largarmos' o analógico.

"Antes, o jogador parecia uma estátua, agora, ele passa por um processo muito mais natural e  realista de desaceleração, diminuindo a passada gradativamente, até para evitar uma contusão", explicou o produtor.

"FIFA 14" apresenta um bate-bola mais bonito de se ver, mais dinâmico, mais ágil. Some a isso uma infinidade de possibilidades com dribles automáticos que deixam a partida com mais cara de futebol real e exige menos contorcionismos de dedos para fazer jogadas bonitas - por mais que comandos avançados ainda estejam lá para satisfazer os mais 'hardcore'.

Jogadores muito habilidosos, como Messi e Cristiano Ronaldo, conseguem cortar e correr para o lado oposto com muito mais explosão e animações realistas, tudo com comandos simples na alavanca de movimentação e no botão de corrida.

A movimentação em 360º faz com que os jogadores tenham um controle ainda mais eficiente do que o de anos anteriores.

"Você vê claramente o jogador mudar a direção do drible. Isso acaba com aquela má impressão robótica ao tentar, por exemplo, fazer uma trajetória circular com a bola. Você nota cada passo", explicou McHardy. "Da mesma forma que esses movimentos são realistas visualmente, essa inversão constante de giros, cortes, explosões e inversões de ângulos de dribles fazem com que os jogadores se cansem mais do que antes", alertou.

A nova animação para as passadas e corridas fazem que tudo em campo fique mais verossímil: os goleiros dão passinhos para trás ou para frente para fechar o ângulo ou encontrar a distância certa para pular na bola, e até o modo de correr e mostrar cartão dos árbitros ficou mais real.

A inteligência mais refinada dos jogadores faz com que ações inusitadas como deixar a bola passar para um colega em uma cobrança de lateral ou desviar de um lançamento para tentar surpreender o goleiro façam parte do jogo de forma mais ativa.

Por fim, mas não menos importante, notamos o quão implacável é o novo sistema de proteção da bola: Agora, o jogador protege a 'gorduchinha' de forma mais bruta para manter o domínio.

 

Por outro lado, quando estão com a bola nos pés, os atacantes também conseguem se livrar de investidas violentas como carrinhos por trás. "Fizemos animações específicas para o movimento de proteção. Você realmente ficará frustrado quando notar que o atacante escapou de sua investida", prometeu o produtor.

ASSISTA AO TRAILER DE "FIFA 14" PARA PC, PS3 e X360

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Onde tudo acontece

Se você é daqueles que abusa da jogada pelas laterais em "FIFA 13" saiba que isso vai mudar drasticamente nesta nova edição.

Uma das novidades geradas pelo sistema que a EA chama de "Build Up Play" é manter o jogo mais presente no meio de campo, para forçar os jogadores de ataque a realmente pensarem em alternativas para chegar à área do adversário.

"O meio do campo é onde tudo acontece. E é lá que 'FIFA 14' espera que as melhores jogadas se iniciem, assim como acontece no futebol real. Mais do que fazer um simulador, pensamos em oferecer de fato um jogo mais estratégico", diz McHardy.

Agora os defensores não atuam mais em linha, mas de maneira independente e variada, de acordo com a opção tática. Caso faça uma marcação homem a homem, o zagueiro não vai deixar espaço livre, pois certamente haverá um companheiro para cobrir sua ausência.

Para se livrar de defensores tão espertos, seus companheiros de time no ataque agora buscam sempre os buscam os melhores espaços.

Isso permite opções mais diversificadas, faz que o toque de bola fique mais recorrente e o jogo vá para o meio de campo, que é onde de fato costumam ser criadas as jogadas no futebol real.

"Antes as jogadas pelas laterais eram muito frequentes, muito por conta dos defensores. Agora, com a nova forma de se defender, as investidas laterais ficarão mais difíceis, fazendo com que você busque novas alternativas para encontrar o seu espaço, seja no meio ou pelas pontas".

"Na veia"

A última grande novidade de "FIFA 14" são as diferentes finalizações. Agora, ao chegar cara a cara com o goleiro, a forma com que o atacante chutará será bem diferente de, por exemplo, um lance em que ele esteja em alta velocidade na intermediária.

"O jogador não chuta sempre da mesma forma em um jogo real, então nós fizemos diferentes estilos de chute, alguns mais poderosos, outros mais fracos, outros mais diretos e outros mais 'prensados'", explicou McHardy.

"Finalizar uma jogada em 'FIFA 14' é recompensador. Você realmente sentirá que chutou a bola da forma que queria, você sentirá a real emoção de fazer um gol".

Por exemplo, o 'Rising Shot', que é aquele chute que começa despretensioso, mas assume uma velocidade e força absurda durante a trajetória da bola: “Nesse caso, pode se dizer que a bola pega 'na veia'", brincou o produtor.

Além desse petardo, presenciamos situações diferentes, como em tiros que pingaram antes de chegar ao gol e exigiram esforço extra do goleiro, ou um caso em que o atacante estava com um zagueiro muito próximo a sua frente e deu um passo para trás para improvisar um chute sem grandes pretensões, mas que no final rendeu um escanteio perigoso.

Nos escanteios e faltas, essa nova física da bola também mudou bastante a trajetória da pelota, que agora pode pegar curvas diferenciadas, subir demais e cair com mais força e até pingar por uma ou mais vezes antes de ser dominada.

VEJA BASTIDORES DA DUBLAGEM DE "FIFA 14"

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Imagina na Copa

"FIFA 14" não deve ter entre seus modos de jogo a Copa do Mundo, já que um título específico ou DLC provavelmente será criado para incluir os estádios e seleções participantes, mas a Copa das Confederações estará lá, de um jeito ou de outro.

Sem a EA confirmar oficialmente, McHardy admitiu que esse torneio será uma das novidades do modo carreira, mas que ainda não sabe se "terá esse mesmo nome ou se aparecerá de forma 'genérica'".

Mesmo jogando com clubes, notamos um clima favorável vindo das arquibancadas, com torcedores jogando papéis picados da mesma cor do seu time. Vale ressaltar que, ao menos no Xbox 360, nenhuma grande diferença gráfica foi notada no visual dos jogadores e dos estádios, algo que certamente receberá melhorias significativas nos consoles de próxima geração.

De qualquer forma, "FIFA 14" mostrou que, sim, os jogadores do Xbox 360, do PlayStation 3 e até do PC - que não contará ainda o motor gráfico Ignite -, terão um jogo realmente pensado para eles, e não apenas um caça níquel para arrancar seus trocados no fim do ano..

O teste da versão pré-alfa de "FIFA 14", com 60% do jogo pronto, deixou a impressão de que todo o comodismo do game de 2012 foi revertida para uma despedida em grande estilo para a atual geração. E se já está legal assim agora, "imagina na Copa".

*O jornalista viajou a convite da EA.