Topo

Versáteis, portáteis chineses rodam Android e "abraçam" emulação

Rodrigo Faria

Especial para o UOL Jogos, em São Paulo

17/10/2013 10h10

Já imaginou ter um aparelho portátil capaz de rodar jogos de Android e emuladores em geral, do Nintendo 64 ao PSP, com um vasto acervo de games para baixar de graça? Isso existe e, claro, vem da China – no caso, de uma empresa local chamada JXD, que parece não se importar com direitos autorais e de marca.

UOL Jogos testou dois modelos: o S602, de entrada e mais barato; e o S7300b, que é o mais atual (o S7800 está ainda em pré-venda). Embora seja muito fácil obtê-los, é preciso ter em mente que a emulação é um tema espinhoso - e ilegal, ao menos no Brasil (leia boxe).

Bom demais para ser verdade

A primeira coisa que vem à mente quando se ouve falar em eletrônicos obscuros vindos da China é que são uma porcaria. Não é o caso aqui: estes consoles são muito bem construídos e acabados – de qualquer forma, é melhor não deixar nenhum deles cair no chão.

Como qualquer console chinês que se preze, o design dos produtos da JXD têm lá sua “inspiração”: S602 é uma cópia praticamente fiel do PSP, enquanto o S7300 lembra bastante o GamePad do WiiU.

  • Montagem

    Fala sério... O JXD S602 é igualzinho ao PSP!

No modelo S602 a tela de 4.3 polegadas é limitada a dois pontos de toque e não é tão sensível quanto seria de se esperar. Já no S7300b são cinco pontos de toque e a tela de 7 polegadas é extremamente sensível, além de gerar cores muito brilhantes.

Os comandos são precisos em ambos os modelos e o recurso mais genial é o de mapeamento de botões. Digamos que você queira jogar “Dead Trigger”, jogo bastante conhecido na Google Play. Ele já vem totalmente configurado para os botões físicos do portátil. Nada de apertar botões na tela do aparelho. Se você não gostou da configuração dos botões, é só clicar num ícone escondido na tela e reconfigurar tudo ao seu gosto.

Ambos os modelos possuem conexão WiFi e entrada para cartão micro SDHC de até 32GB (informação oficial, mas é possível também usar cartões com capacidade de 64GB). São muito leves, até mais do que a maioria dos consoles portáteis do mercado (no caso do S602).

Feito para emulação

Todos os recursos que os consoles chineses apresentam vão muito bem com jogos de Android, mas não é preciso muito esforço para se dar conta de que se tratam de dispositivos feitos sob encomenda para emulação. Inclusive, são vendidos levantando essa bandeira, veja só.

O mapeamento de botões em si é uma mão na roda para configurar nos emuladores. Cada sistema tem uma disposição de botões na tela sensível e, com recurso, tudo fica mais fácil de configurar. Imagine o emulador de Nintendo 64: o controle do console tinha muitos botões e, em um portátil, os botões virtuais se amontoam na tela, ficando quase impossível de se jogar, ao ficar clicando na tela sensível do portátil.. É aí que o mapeamento se consagra, deixando toda a tela livre.

Outro recurso que só uma marca genuinamente chinesa poderia fornecer em um console é o serviço de “Cloud Gaming”, que na realidade lembra uma variação precária do Steam, mas com a possibilidade de baixar uma quantidade enorme de jogos piratas para Android e ROMs (jogos) para os emuladores que já vêm instalados nos consoles. Isso mesmo: emuladores prontos para usar e com uma biblioteca de jogos disponível online, apenas a um toque do botão de download.

Não bastasse a “banana” que a JXD manda para as patentes (no caso copiar o design de consoles atuais), ela manda outra também para as produtoras de games, disponibilizando ROMS e emuladores.

Emulação é ilegal?

Procuramos a advogada Juliana Abrusio, do escritório Opice Blum Advogados Associados e, de forma sucinta, o que se pode dizer sobre emulação no Brasil é que… é ilegal. Não há ainda jurisprudência sobre casos assim no país, mas, consultando-se as leis 9.609 e 9.610 (conhecidas como “Leis do Software”), pode-se concluir que engenharia reversa (emulação), cópia e armazenamento de ROMS e afins, são ilegais no nosso país.

Como não há fiscalização, o assunto cai em um limbo onde se dá a ideia de que não há nada de errado nisto. Há quem se baseie na legislação internacional, o que pode acabar em contradição: por exemplo, muitos alegam que ROMS antigas estão sob domínio público e podem ser baixadas; o que é fora da realidade, já que a legislação brasileira diz que para uma obra ou programa cair em domínio público, deveria estar datada de 50 anos. Ou seja, nem jogos de Atari ou Odissey, por exemplo, estariam em domínio público.

Especificações dos consoles

JXD S602JXD S7300b
Sistema Operacional
Android 4.0Android 4.1
Processador
GP33003?ARM Cortex A8 1GHz CPU)Amlogic MX (Cortex A9 CPU), Dual core, 1.5GHz
Processador Gráfico
POWERVR SGX531 GPUARM mali400 GPU
Memória
512MB DDR31GB DDR3
Armazenamento interno
4GB8GB
Câmera
Traseira de 0.3MFrontal de 0.3M
Bateria
Duração de aprox. 2 horasDuração de aprox. 2 horas
Dimensões
Comprimento: 17,2cm - Largura: 7,3cm - Espessura: 1.6cmComprimento: 24,1cm - Largura: 12,1cm - Espessura: 1.4cm
Peso
190g410g

Mais truques na manga

Com algumas modificações é possível plugar um controle de PS3 no S7300b e fazer partidas em dois jogadores. Isso já contando com o recurso nativo de saída HDMI para ligar na sua TV. E todos os outros recursos de um tablet, como assistir ao Netflix em qualquer lugar, por exemplo.

Em portáteis como o PS Vita, há como assistir Netflix também, mas não é possível jogar jogos Android. No PSP e Nintendo DS e 3DS, nada disso é possível. Então, os portáteis da JXD conseguem ser até mais versáteis.

Vale a pena ter um?

Não é tão simples adquirir um dos portáteis da JXD: o processo envolve comprar em lojas fora do país, geralmente do Oriente, com cartão de crédito internacional e conta no PayPal. Sem falar na paciência de esperar até 40 dias pela chegada da encomenda.

Um S602 sai por volta de R$ 156, enquanto o S7300b fica em R$ 310, ambos convertidos do dólar americano no câmbio de 10 de outubro de 2013. Vale destacar que todo item comprado fora do país é passível de taxação pela Receita Federal. Ambos os consoles foram taxados no teste do UOL: o S602 em R$ 73 e o S7300b, em R$ 128.

Logo, o valor final ficou em R$ 229, no caso do S602, e de R$ 438, com o S7300b.

Se levados em conta o preço dos concorrentes e as funcionalidades, os chinesinhos são uma boa opção. E nem é preciso burlar a lei, já que mesmo sem apelar para os emuladores os portáteis são bastante atraentes.