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Lojas digitais de games no Brasil evoluem, mas ainda sofrem com limitações

Pablo Raphael

Do UOL, em São Paulo

16/12/2013 17h54Atualizada em 17/12/2013 15h20

Com a escassa oferta de games para a nova geração de consoles no Brasil, muitas vezes a melhor saída é recorrer aos jogos por download, através das próprias lojas online de cada plataforma.

Lá você vai encontrar todos os jogos já disponíveis, pelo mesmo preço praticado no varejo e com a comodidade de não sair de casa. Além disso, as lojas digitais costumam realizar boas liquidações - e sem custos de estoque ou ponto de venda, os descontos podem ser bem substanciais.

Na prática, comprar jogos por download no Brasil não é a experiência idílica que se imagina. As lojas online não oferecem todo o conteúdo de suas contrapartes nos EUA, por exemplo. Os preços nas lojinhas dos consoles são baseados no preço sugerido para o varejo, o que deixa vários games com valores bem salgados, na casa dos R$ 200.

Veja os pontos positivos e negativos na hora de comprar jogos por download nas principais plataformas no Brasil:

STEAM (PC)

Pontos positivosPontos negativos
+ Permite várias formas de pagamento; parcela em 3x sem juros- Em algumas formas de pagamento, exibe preços em R$ e cobra em US$
+ Cartões pré-pagos em diversos pontos de venda no Brasil- Bradesco, Santander e Itaú não aceitam transações diretas
+ Preços mais em conta do que os praticados no varejo 

PLAYSTATION STORE (SONY)

Pontos positivosPontos negativos
+ Alguns jogos de PS3 e PS Vita oferecem opção de 'cross-buy'- Exibe preços em R$, mas cobrança é feita em US$
+ Tem cartões pré-pagos em dois valores: R$ 100 e R$ 250- Cartões são raros e vendidos por preços mais caros em algumas lojas
+ Site oficial em português- Preços dos jogos acompanham valores praticados no varejo
+ Site permite comprar jogos de todas as plataformas PlayStation- Bradesco, Itaú e Santander não aceitam transações
+ Assinatura PlayStation Plus- Exige cartão de crédito internacional
 - Conteúdo disponível no Brasil é limitado em comparação com os EUA

XBOX GAME STORE (MICROSOFT)

Pontos positivosPontos negativos
+ Exibe preços em R$ mas informa que a cobrança é em US$- Não tem opção de 'cross-buy' entre as plataformas Microsoft
+ Tem cartões pré-pagos em diversos pontos de venda no Brasil- Cartões pré-pagos ainda exibem valores em MS Points e não em R$
+ Bradesco, Itaú e Santander aceitam transações- Preços dos jogos acompanham valores praticados no varejo
+ Site oficial permite comprar jogos e conteúdo para Xbox 360- Exige cartão de crédito internacional
+ Assinantes Ouro ganham 2 jogos grátis por mês- Conteúdo disponível no Brasil é limitado em comparação aos EUA
 - Site oficial é confuso, com mudanças automáticas para páginas em inglês
 - Site oficial não permite comprar jogos para Xbox One

ESHOP (NINTENDO)

Pontos positivosPontos negativos
+ Loja online funciona no 3DS- Loja online não funciona no Wii U
+ Conteúdo oferecido no portátil é o mesmo disponível nos EUA- Exibe preços em R$, mas cobrança é feita em US$
 - Exige cartão de crédito internacional
 - Não oferece cartões pré-pagos
 - Bradesco, Itaú e Santander não aceitam transações
 - Preços acompanham valores praticados no varejo brasileiro

A questão dos cartões

Pelo fato de as lojas terem suas operações centralizadas no exterior, os usuários brasileiros sofrem restrições na hora de comprar com cartão de crédito: é preciso possuir um cartão de crédito internacional, mesmo que a empresa que oferece os games opere no Brasil, com uma loja online em português e preços exibidos em R$.

E é aí que mora o principal obstáculo das lojas digitais atualmente: os preços dos games são exibidos em R$, mas cobrados em US$. Muitas vezes o resultado é um valor maior na fatura do cartão do que aquele que foi informado no ato da compra. Para prevenir essas situações, bancos brasileiros como o Bradesco, Itaú e Santander passaram a não aprovar compras feitas em lojas online que anunciam preços em R$ e cobram em US$.

Algumas empresas, como o Steam (plataforma de distribuição digital para PC) contornam o problema adotando um parceiro local, caso do Boa Compra, empresa do grupo UOL. Com o Boa Compra, você pode adquirir jogos e outros conteúdos no Steam com uma grande variedade de formas de pagamento - de cartão de crédito até boleto bancário e pagando em R$.

A Microsoft optou por um caminho mais fácil: passou a informar os preços em US$ e, no caso do Xbox One, informar que o valor em R$ é "aproximado" do valor que será cobrado em US$. Uma medida simples e longe do ideal, que seria monetizar toda a operação em R$, mas ao menos seus usuários conseguem efetuar compras nos consoles Xbox 360 e Xbox One, além do site oficial da plataforma.

Já a Sony segue informando os usuários de seus videogames que algumas operações na PS Store brasileira podem ser recusadas pelos bancos, devido a regulamentação bancária brasileira. É como se a falta de acesso ao conteúdo fosse um problema do usuário, que deve procurar um cartão de crédito compatível com o serviço. UOL Jogos entrou em contato com a Sony em busca de uma posição atualizada sobre a questão, mas até o momento da publicação desta reportagem, não obteve resposta.

E a Nintendo?

Com a Nintendo a coisa fica ainda pior. O Wii U chegou recentemente ao Brasil e trouxe alguns serviços online, como a rede social MiiVerse, mas a loja digital eShop não funciona no console nacional, mesmo estando disponível para o portátil 3DS.

Procurada por UOL Jogos, a Nintendo explicou que só vai abrir a loja no Wii U quando resolver os problemas com as operadoras de cartão de crédito, que já afetam os proprietários do 3DS.

"Estamos trabalhando diligentemente com todos os envolvidos para resolver essa questão", declarou a fabricante. "Mas até fazermos isso, não acreditamos que seja a hora certa de lançar o eShop do Wii U no Brasil".

Sem deixar claro se há alguma previsão para "resolver a questão", a Nintendo penaliza seus usuários tanto no portátil quanto no Wii U: quem tem o console não pode baixar o conteúdo gratuito do eShop, como demonstrações de jogos e vídeos. Já os donos do portátil, seguem com restrições bancárias para comprar games e sem a opção de usar cartões pré-pagos, medida adotada pela concorrência por aqui - e disponível nos EUA desde o lançamento do 3DS.

Operação nacional

Ao comparar as lojas online dos consoles Microsoft e o Steam com a PlayStation Store (Sony) e o eShop (Nintendo), é perceptível que a presença de uma equipe responsável pela operação no Brasil faz diferença na experiência final do consumidor.

  • Divulgação

    Apesar dos preços sugeridos dos cartões pré-pagos da PS Store ser justamente o valor estampado no cartão, a Rock Laser vende os cobiçados cartões por salgados R$ 130 e R$ 320.

Enquanto a operação da PlayStation Store é administrada por um time em Miami, nos EUA, por exemplo, a Microsoft tem uma equipe em São Paulo, no Brasil, dedicada ao conteúdo da Xbox Game Store. O mesmo vale para o Steam, através da parceria com o Boa Compra.

Os cartões pré-pagos do Xbox 360 estão disponíveis no Brasil desde a chegada da rede Xbox Live ao país, em 2010. Enquanto isso, a PS Store abriu suas portas no Brasil em 2011, mas os cartões pré-pagos, nos valores de R$ 100 e R$ 250, só apareceram por aqui no começo de dezembro deste ano.

Por sinal, esses cartões são raros de se encontrar: oficialmente, apenas as lojas Cultura, Saraiva, 100% Vídeo e Rock Laser vendem o produto - curiosamente, a Sony Store, revenda oficial da fabricante, ficou de fora.

Comprando pelo site

Tanto a Microsoft quanto a Sony oferecem a opção de efetuar suas compras nos sites de suas lojas online. Comprar pelo computador é uma boa alternativa para aproveitar uma promoção quando se está longe do console, por exemplo.

A página da Sony é bem completa, inclusive já apresentando o conteúdo disponível para PlayStation 4. Tudo é mostrado em português e o único empecilho para as compras é o sempre presente entrave dos cartões de crédito.

Já no site do Xbox, a coisa muda de figura: as páginas variam entre exibições em inglês e português, mesmo quando você está logado ao seu perfil do Live brasileiro. Os games do Xbox One, já disponíveis na loja online do console nacional, não aparecem para compra no site oficial.

Segundo Renato Voltarelli, gerente de produto do Xbox Live, a Microsoft está ciente dos problemas de navegação. "Estamos trabalhando para melhorar essa experiência em breve", disse o executivo ao UOL Jogos. "Lembrando que a grande base instalada é ainda do Xbox 360 e não queremos deixar nossos consumidores sem acesso a essa opção".

  • Divulgação

    Extras como "Case Zero", de "Dead Rising 2", nunca chegaram ao Xbox 360 nacional

Conteúdo limitado

Tanto o PlayStation 4 quanto o Xbox One chegaram ao Brasil com suas lojas online devidamente instaladas, diferente do que aconteceu com seus antecessores. Assim, ao menos no começo, essas plataformas contam com o mesmo conteúdo disponível nas matrizes norte-americanas.

Porém, esse não é o caso no PS3 e no Xbox 360. Seja conteúdo anterior ao lançamento de suas lojas digitais no Brasil ou mesmo jogos que não contam com distribuição nacional, não são poucos os casos de títulos que não aparecem para o consumidor brasileiro.

"Cada publisher é responsável por submeter o jogo ao Ministério da Justiça para obter a classificação indicativa", explica Voltarelli. "Nem todos aplicam os jogos no momento do lançamento e acabam demorando mais para chegar a Xbox Live".

Vale observar que outros conteúdos, como filmes e músicas, são sujeitos a direitos de transmissão diferentes e precisam ser negociados pelas empresas no Brasil, mesmo quando já estão disponíveis na PS Store ou no Xbox Live norte-americano.

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