Topo

Futuro dos games colocará jogador dentro do jogo, aponta CES 2014

Théo Azevedo

Do UOL, em Las Vegas*

08/01/2014 11h28

A Consumer Electronic Show 2014, ou simplesmente CES 2014, é um colosso: centenas de expositores digladiam-se em Las Vegas para chamar a atenção dos 150 mil visitantes, com produtos que variam de automóveis a TVs 4k. Nessa atmosfera hi tech é estranho ver que há pouco ou quase nenhum espaço dedicado aos consoles da geração atual – PlayStation 4, Xbox One e Wii U. Também pudera: perto do que a CES mostra como o futuro dos games, até o Kinect parece ultrapassado.

É fato que óculos de realidade virtual ou dispositivos que capturam movimentos do corpo já foram tópicos que rondaram o universo dos games no passado. Todavia, sem qualquer sucesso – basta lembrar o Virtual Boy, da Nintendo, ou mesmo o Activator, tapete para o Mega Drive.

Porém, empresas como a americana YEI Technology, apostam que há espaço para tecnologias que vão muito além do joystick: é o caso do PrioVR, que causou rebuliço na CES e consiste em uma espécie de traje que traduz os movimentos do jogador para dentro do game.

O PrioVR terá ao menos duas versões, sendo uma que abrange cabeça, tronco e braços, e que sai custar US$ 300, e outra que cobre também pernas e cujo valor pode chegar a US$ 400. A tecnologia, segundo a empresa, está praticamente pronta, restando agora definir o layout do traje para algo mais comercialmente atrativo e viável.

  • Théo Azevedo/UOL

    O PrioVR capta com maestria os movimentos do jogador, especialmente dos braços e até a rotação dos punhos

Faz sentido: o UOL Jogos testou o PrioVR durante a CES 2014, em uma versão que incluía o Oculus Rift, como é possível ver na foto. Os sensores se espalham por um colete e em "braceletes" presos aos braços e mãos. Não é nada prático e tampouco muito confortável. A demo em questão era um shooter com zumbis, jogado através de dois controles semelhantes ao Nunchuk, do Wii, um em cada uma das mãos.

É preciso manter os braços estendidos, é claro, para disparar as armas, enquanto os movimentos ficam por conta das alavancas do Nunchuk genérico – a versão testada não incluía sensores nas pernas. De fato, o PrioVR capta com maestria os movimentos do jogador, especialmente dos braços e até a rotação dos punhos. Fica muito mais legal mirar exatamente na cabeça de um zumbis ou então, golpeá-los com um bastão.

Porém, há um certo “lag” nos movimentos e foi preciso algum tempo e instruções de posicionamento do time da YEI até que a calibragem do acessório ficasse minimamente decente.

Curiosamente a YEI Technology tentou, no ano passado, captar US$ 250 mil através do Kickstarter, mas não conseguiu. Agora a empresa pretende aproveitar o barulho causado na CES para lançar uma nova campanha, esta agendada para começar no dia 14. A intenção é lançar o PrioVR em junho para PC, embora a YEI não descarte a possibilidade de investir nos consoles também.

De acordo com a fabricante YEI Technology, o sistema tem duas versões: uma que cobre a cabeça, o tronco e os braços e sai por US$ 300 (R$ 714), e outra que também contempla as pernas e cujo valor pode chegar a US$ 400 (R$ 952). Para dar ainda mais imersão aos jogadores, os óculos de realidade virtual Oculus Rift podem ser usados em conjunto com a roupa.

Games bem diante dos seus olhos

Bem próximo ao estande da YEI estava o da Tobii, empresa especializada em sensores oculares e que, em parceria com a SteelSeries, mostrou o EyeX, que consiste em um sensor em forma de barra. Com a ajuda da engine também denominada EyeX, o dispositivo, que funciona junto com mouse e teclado, quer facilitar a vida do jogador resolvendo certas ações, como navegar por menus ou olhar, mirar ou ver o minimapa, através de um simples olhar ou piscar de olhos.

Se funciona? Bem, sim e não: nos testes do UOL Jogos, com uma versão de "Deus Ex", o EyeX não foi muito bem em certas ações, como esticar a cabeça e atirar nos inimigos quando o personagem está escondido atrás de um obstáculo qualquer, como uma parede. Porém, para navegar por certas opções do menu do jogo ou mirar, o que é feito ao manter um dos olhos fechados, o EyeX se saiu bem.

Ainda sem preço e data de lançamento definidos, o EyeX, por enquanto, pode apenas ser adquirido por desenvolvedores interessados em explorar suas possibilidades. O kit sai por US$ 95.

  • Reprodução/Polygon

    Tobii Eyex é uma nova tecnologia que segue os movimentos de seus olhos

  • Reprodução/Polygon

    Novo modelo do Oculus Rift que exibido na CES 2014

Oculus Rift, o astro

Por ora, a tecnologia que se mostra mais apta a conquistar os jogadores e, principalmente, mudar o jeito de jogar videogame, é o Oculus Rift, da Oculus VR, que encara com bastante seriedade e competência a tarefa de levar quem usa os óculos para dentro do game.

De tão empolgante o Rift já coleciona fãs entre os figurões da indústria de games, como Gabe Newell da Valve, e John Carmack, que de tão entusiasta, deixou a id Software, onde criou “Doom” e outros clássicos, para se juntar à OculusVR e ajudar a capitanear o projeto.

Até o momento foram vendidos cerca de 40 mil kits para desenvolvedores, número que deve chegar a 70 mil quando o Rift, enfim, chegar ao mercado. Por enquanto a Oculus VR não tem data de lançamento - espera-se que chegue às prateleiras entre 2014 e 2015.

Nesta sexta-feira (10) o UOL Jogos terá a oportunidade de testar a mais recente versão do Rift, portanto, não deixe de voltar ao site para conferir nossas impressões.

*O jornalista viajou a convite da Kingston.