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Por preços menores e games únicos, jogadores trocam consoles por PC

Rodrigo Guerra

Do UOL, em São Paulo

06/02/2014 15h31

Qual é o jogo que você mais aguarda para 2014? O novo "Uncharted"? "Mario Kart 8"? "Quantum Break"? Esses são os jogos exclusivos para consoles que fazem multidões correrem para as lojas para jogar na sala de estar de sua casa.

Mas tem gente que não dá a mínima para esses títulos e se preocupa mais com as expansões de "World of Warcraft", a fase beta de "Starbound" ou fica aguardando 'Summer Sale' do Steam para comprar games mais em conta  - como se a plataforma de distribuição da Valve fosse uma loja de R$ 1,99. Esses são os entusiastas dos jogos de PC.

Hoje em dia a maioria dos fãs de videogame começou a jogar nos consoles, porém esses fãs de jogos abandonaram as máquinas dedicadas em favor aos computadores pessoais. Os motivos são os mais variados, da mudança de foco de uma determinada empresa, aos preços dos games no Brasil.

Acervo Pessoal
A Nintendo, que era uma das minhas paixões de infância, se voltou para os jogadores casuais – e eu não me adaptei com o Wii

Daniel Esdras, 23 anos

"Abandonei os consoles no inicio da geração do PlayStation 3, Xbox 360 e Wii", diz o goiano Daniel Esdras (23), "A Nintendo, que era uma das minhas paixões de infância, tinha se voltado para os jogadores casuais – e eu não me adaptei com o Wii", explica.

"A verdade é que eu sempre tive videogames quando morava com meus pais, eu mesmo tive um PS3 na época do lançamento, porém depois de jogar o primeiro 'Uncharted' eu desisti. Não gostei do jogo e gastei quase R$ 300. Vendi o console e comprei um PC – que serve tanto para trabalhar quanto para jogar. Os jogos de PC na época custavam R$ 100 ou até menos e eram mais bonitos", lembra Thiago Vicente (33), do Rio Grande do Norte.

A mudança para os computadores vão além dos preços, indo mais para a qualidade visual. Foi exatamente isso o que fisgou o paulista Rodrigo Baltar (29), que mora no Rio de Janeiro. "Na época dos consoles de 16 bit, grande parte dos jogos que me atraiam já tinha versão para PC, como 'Mortal Kombat', 'Street Fighter', 'WWF' e alguns outros, as versões eram claramente superiores as dos videogames", relembra.

Exclusivos não contam

Acervo pessoal
Fiquei meio triste por não poder jogar 'Metal Gear Solid 4', mas acabei me apaixonando por games que nunca chegaram aos consoles como 'World of Warcraft', 'Dota', 'Starcraft', e inúmeros outros

Thiago Vicente, 33 anos

Seja qual for o motivo, para eles os jogos exclusivos de videogame não fazem tanta falta. Thiago diz que não sente falta alguma de jogos exclusivos. "Fiquei meio triste por não poder jogar 'Metal Gear Solid 4', mas acabei me apaixonando por games que nunca chegaram aos consoles como 'World of Warcraft', 'Dota', 'Starcraft', e inúmeros outros", conta.

Daniel também não virou fã da série "Gears of War", que foi lançado no Xbox 360 e PC. "Não foi um jogo q me agradou, na minha opinião, é repetitivo e não tinha o enredo que alguns jogos de outras épocas tinham e que ele prometia ter".

Até mesmo um dos jogos mais celebrados do ano passado, não conseguiu agradar Daniel. "'The Last of Us' foi um jogo com muito hype e foi o ultimo título que arrisquei no PS3 por curiosidade e acabei me decepcionando. Desde então não tive interesse nem sobre noticias [de jogos para videogames] como 'Beyond: Two Souls', 'Forza Motorsport V' e 'GTA V' - até porque 'GTA V' deve aparecer para PC em uma versão mais atrativa do que a [dos consoles] atuais", conta.

Para Rodrigo Baltar, games como "GTA V" não fazem falta alguma nos PCs "O último 'GTA' que joguei foi o 'London', mas foi um jogo que nunca me prendeu. Via algumas pessoas jogando sempre insanamente, matando todo mundo.

Rodrigo acha que a violência da série da Rockstar é exagerada "'GTA San Andreas' foi o ápice do meu repúdio pela série: eu simplesmente detestava toda aquela ideia de 'ser um bandido' (apesar de saber que a história não era bem assim). [Recentemente] dei uma chance ao 'GTA IV' de PC e o jogo me agradou razoavelmente, mas os rumos da história e [as escolhas] de matar certos personagens [ou não] me afastaram do jogo".

Mas diferente de Thiago, Rodrigo quer testar o game exclusivo da Sony: "'Uncharted', é sem dúvidas uma obra de arte, um jogo que eu realmente gostaria de ter jogado e até hoje não tive a oportunidade" diz ele.

Console nunca mais

Acervo pessoal
Hoje em dia eu não me vejo tendo um console na minha casa

Rodrigo Baltar, 29 anos

E esses três jogadores são unânimes: nada faria com que eles voltassem para os consoles. O potiguar Thiago fala que o dinheiro é o principal fator. "Meu PC é bem caro, tenho ciência disso – daria para comprar dois PS4 nacionais. Mas não uso o meu computador apenas para jogar, pois ele é minha ferramenta de trabalho. Uso o PC para editar vídeos e imagens. E se parar para pensar, é uma máquina versátil, porque é o centro de diversão da minha casa".

Daniel acha que no lugar de um videogame na sala de estar, ele acredita que terá um Steam Machine. "Eu acredito muito na filosofia das Steam Machines. Acho que ninguém entendeu direito. Se [essas máquinas] derem certo, eu teria o maior prazer de comprar uma. E não é por ser da Valve, poderia ser de qualquer outra empresa. Eu quero um console que me dê liberdade de modificar suas peças, seu design para ficar único", explica.

"Eu trabalho com a área de segurança de redes de computadores, tenho um excelente conhecimento em hardware e sistemas operacionais. Desde o momento em que você pode personalizar o seu hardware para ter o seu jogo rodando confortavelmente, selecionar o melhor tipo de gamepad que lhe agrada, até opções de jogos antigos e jogos de estratégia. Hoje em dia eu não me vejo tendo um console na minha casa. Talvez se eu morasse fora do país, eu tivesse os dois [um videogame e um PC], pois os preços não são tão abusivos", diz Rodrigo.