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'MOBA de tabuleiro', "Selene" aposta em formato de "LoL" e "Dota"

Pedro Henrique Lutti Lippe

Do UOL, em São Paulo

06/03/2014 15h24

Games eletrônicos e jogos de tabuleiro são, em essência, produtos muito diferentes. Mas mesmo em seus formatos distintos, eles sempre conseguiram atrair públicos parecidos. Não é difícil de imaginar, por exemplo, que um viciado em "Catan" tem grandes chances de adorar a série "Civilization".

É nessa convergência de interesses que o estúdio brasileiro The Castle Builder aposta para maximizar o número de potenciais fãs de seu projeto "Selene: The Fantasy" - que eles mesmos descrevem como um 'MOBA de tabuleiro'.

Financiado através de uma campanha no Catarse em 2013, o jogo traduz grande parte das mecânicas de "League of Legends" e "Dota 2" para seu tabuleiro. Em partidas com diferentes configurações de jogadores, UOL Jogos colocou em prova tal proposta, e descobriu que a atenção aos detalhes por parte dos designers faz a experiência funcionar bem, apesar de cobrar muito envolvimento.

VÍDEO EXPLICA AS MECÂNICAS DE "SELENE: THE FANTASY"

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MOBA por turnos

Os combates na arena de "Selene" não acontecem em tempo real, mas sim por turnos - claro. Mas muitas das mecânicas com as quais fãs de MOBAs estão acostumados a lidar marcam presença.

Ao início de uma partida, cada um dos jogadores deve selecionar um campeão. Estes encaixam-se em três categorias - suporte, protetor (Tank) e agressivo (ADC) -, possuem diferentes habilidades ativas e passivas, além da capacidade de comprar itens ou utilizar feitiços (como o Incendiar ou o Flash de "League of Legends").

Os campeões também têm seus próprios valores de vida, poder de ataque físico, defesa física e mágica e capacidade de movimentação por turno. Cada uma de suas habilidades possui um custo em mana... E por aí vai.

Movimentando seus campeões pelo tabuleiro, os 2 a 6 jogadores devem disputar o domínio de artefatos em grupos ou individualmente. Vence quem obter três destes primeiro, derrotando seus inimigos ou então coletando-os em baús. Em geral, partidas costumam durar entre 45 minutos e uma hora.

  • Divulgação

    Os defensores de "Selene" são representados por miniaturas e uma série de cartas

Complexidade

MOBAs eletrônicos são populares em grande parte por serem acessíveis. Apesar de terem sistemas complexos, eles escondem tal complexidade dos novatos, que com o tempo aprendem a dominar as mecânicas mais avançadas. Como os próprios jogadores devem cuidar da regulamentação em um tabuleiro, "Selene" não tem essa vantagem.

O resultado é um jogo bastante complicado. Entender as regras é fácil para alguém que está acostumado com MOBAs existentes, mas mesmo para estes é difícil não deixar escapar um detalhe ou outro durante as partidas. "Selene" cobra muito dos jogadores.

A recompensa é uma experiência divertida com grande potencial competitivo. Mas leva um tempo para que os jogadores cheguem a um patamar de entendimento que os permite lidar com as regras com naturalidade. Mas vale citar: o excelente trabalho de design gráfico nas cartas minimiza parte dessa dificuldade. A iconografia consistente e a apresentação dos elementos ajuda bastante na hora de resolver dúvidas.

  • Acervo pessoal

    O time de produção de "Selene" opera em Piracicaba, no interior de São Paulo

Em busca do sucesso

Disponível por R$ 170 seu site oficial, "Selene" obteve R$ 76 mil em sua campanha de financiamento público e já teve mais de 400 cópias vendidas em regime de pré-venda. A Castle Builder planeja expandir o escopo do game com novos campeões, que serão lançados com a frequência esperada de um MOBA digital.

A proposta da empresa não é apenas vender cópias de seu jogo, mas também criar um cenário competitivo em torno dele. E o potencial existe.