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Preços altos e atrasos de jogos marcam início da nova geração no Brasil

Claudio Prandoni

Do UOL, em São Paulo

21/03/2014 17h49

Quase quatro meses após o início oficial da nova geração de videogames no Brasil, o cenário ainda é pouco animador.

Apesar dos esforços das fabricantes Microsoft e Sony, preços mais altos, atrasos de jogos e estoques escassos marcaram o período que passou.

Os jogos distribuídos pela Sony para PlayStation 4 têm preço sugerido de R$ 180 e a Microsoft cobra R$ 200 por seus jogos para Xbox One, enquanto os títulos para PS3 e Xbox 360 saem com valor sugerido de R$ 150.

Porém, nos EUA os lançamentos de todas as plataformas chegam com o mesmo preço de US$ 60.

Caso pior é o de "Titanfall", grande aposta da Electronic Arts para plataformas da Microsoft. A versão para Xbox One chegou ao mercado brasileiro custando R$ 250, sendo R$ 200 o preço no Xbox 360 e R$ 100 para PC.

Questionamos a Warner, distribuidora dos jogos da EA por aqui, sobre o motivo para o valor mais alto da versão para Xone e a resposta oficial que recebemos é que a empresa não irá comentar o assunto.

Activision é outra grande publisher estabelecidas no Brasil que também não fugiu do aumento: "Call of Duty: Ghosts", chegou às lojas por cerca de R$ 220 contra R$ 200 da edição para PS3 e X360. Já "Angry Birds - Star Wars" custa R$ 190 no PS4 e Xone e R$ 160 nos aparelhos mais antigos.

A exceção fica por conta da Ubisoft, que vende jogos de nova geração pelo mesmo preço da anterior - "Assassin's Creed IV: Black Flag", por exemplo, tem o mesmo preço sugerido de R$ 200 em todas as versões.

Falta de jogos

Quem embarcou de cara nos videogames de nova geração teve de enfrentar também uma verdadeira seca de jogos.

Os primeiros games de Xbox One sofreram com distribuição irregular: dependendo da cidade, ou mesmo bairro, era mais fácil ou difícil encontrar determinados jogos.

Por sua vez, o caso do PS4 foi ainda pior, já que o aparelho chegou às lojas brasileiras no dia 29 de novembro, mas só no começo deste mês de março é que "Killzone: Shadowfall" e "Knack" apareceram.

Até então, um dono de PS4 dependia de títulos de outras publishers ou então comprar versões digitais dos games da Sony na loja online PS Store.

No momento, é difícil quantificar o quanto isso prejudica ou mesmo representa para o mercado. Como a nova geração de consoles é recente - e sofreu com estes problemas de atraso e distribuição -, ainda é difícil mensurar vendas, como explica o instituto GfK, que monitora as vendas de games no varejo brasileiro:

"Ainda não estamos divulgado dados ou analises para a imprensa, pois não há uma base substancial para compararmos a nova geração com a geração passada", explica um representante do instituto. "Além disso, a nova geração possui muito menos títulos disponíveis que a antiga o que resulta em uma comparação desleal quando comparamos o percentual de representatividade do volume de jogos da nova geração versus a antiga".

A expectativa do Gfk é que ainda neste ano o volume de vendas aumente o bastante para garantir uma pesquisa com dados relevantes para divulgar.

E a Nintendo?

Para o bem ou para o mal, a Nintendo continua na mesmíssima situação em que se colocou ao lançar o Wii U no Brasil, em 26 de novembro.

Problemas como a ausência da versão brasileira da loja online para o console e a falta de cartões pré-pagos, assim como o descaso em não lançar jogos localizados para português brasileiro.

Questionamos várias vezes a assessoria de imprensa da Nintendo sobre estes assuntos, mas em todas as ocasiões recebemos a mesma reposta da fabricante: não há novidades para compartilhar.

O que vem por aí

Além de todas as questões apontadas acima, há de se considerar também os valores elevados dos consoles de nova geração por aqui: o PS4 sai por salgados R$ 4 mil, ao passo que o Xbox One sai por R$ 2.300, mesmo usufruindo de algumas isenções fiscais por ser montado em solo brasileiro.

De qualquer maneira, as fabricantes de consoles e distribuidoras de jogos enfrentam um grande desafio para o início deste ciclo de videogames, que fica ainda mais difícil com a valorização do dólar nos últimos meses, que culmina em importações mais caras de jogos, aparelhos e acessórios.