Topo

E3: "The Evil Within" é tudo que "Resident Evil" deixou de ser

Pablo Raphael

Do UOL, em Los Angeles

11/06/2014 12h29

"The Evil Within" é um clássico do terror esperando para acontecer. O novo game de Shinji Mikami, é tudo o que "Resident Evil" deixou de ser nos últimos anos: uma aventura tensa, sombria e tão envolvente quanto assustadora.

Por mais inédito que seja, o game transmite uma sensação constante de familiaridade para os jogadores veteranos. Num primeiro momento, ao jogar a demonstração de "Evil Within" na E3 2014, pensei ser pelo filtro gráfico granulado, que deixa o jogo com uma aparência sutilmente retrô. Depois, imaginei ser a câmera posicionado logo atrás do ombro ou o cenário bucólico e sombrio.

Mas foi só após atirar no primeiro zumbi para compreender a extensão da familiaridade: o impacto dos tiros, a reação física do morto-vivo que teve o ataque interrompido e acaba caindo ao chão. "Evil Within" tem a mesma pegada de "Resident Evil 4", ainda que o herói seja mais ágil e sua mira, menos trêmula (mas o cabelo é tão bacana quanto o de Leon Kennedy era em 2005).

Sebastian Castellanos, o pobre detetive que você controla em "Evil Within", é tão capaz em uma luta quanto Leon em "RE4". Equipado com diversas armas, selecionáveis ao toque de um botão (que, vale notar, não pausa o jogo, apenas desacelera a ação), Castellanos encara brigas que sempre podem acabar mal. Exceto na dificuldade padrão, basta um disparo errado, um movimento que não foi pressionado a tempo, para Castellanos acabar morto.

Personalidade própria

Para cada elemento em comum com "Resident Evil 4", "The Evil Within" mostra, na demo testada por UOL Jogos na E3 2014, alguma coisa nova, que dá ao game de Mikami uma personalidade própria.

Ao lutar contra os zumbis, por exemplo, não basta estourar suas cabeças. É preciso queimar os corpos quando estão no chão, ou os mortos-vivos voltam a se levantar. Outros inimigos exigem abordagens mais cuidadosas ou, em alguns casos, obrigam o jogador a fugir e se esconder embaixo de camas ou dentro de armários.


Sebastian Castellanos, o pobre detetive que você controla em 'Evil Within', é tão capaz em uma luta quanto Leon em 'RE4'

O arsenal de Castellanos inclui revólver, escopeta, uma poderosa besta, uma faca e fósforos, entre outras armas, todas passíveis de melhorias conforme vocêprogride na aventura.

Você pode improvisar com objetos do cenário, como garrafas de vinho e é preciso ser econômico com a munição, embora na dificuldade padrão, caixas de balas e flechas apareçam com frequência.

Explorar cada canto do jogo é fundamental para a sobrevivência, o que também garante muitos sustos, pois você quase nunca vai ouvir os zumbis chegando…mas a ambientarão é tão bem feita que sentirá um arrepio na nuca enquanto pega um item numa salinha vazia, apenas para virar a câmera para trás e dar de cara com um morto-vivo se aproximando.

A forma que você vai jogar "Evil Within" é uma escolha pessoal. Seja avançando lentamente com disparos certeiros ou bancando o ninja furtivo e derrubando os zumbis com golpes de faca. É preciso gerenciar a saúde de Castellanos e os recursos disponíveis ao mesmo tempo em que resolve puzzles sangrentos e mergulha na trama sinistra apresentada por Mikami.

Na demo, era preciso abrir uma passagem bombeando sangue por uma tubulação nas paredes de uma mansão antiga e assombrada. Em uma das salas, Castellano encontra uma cabeça instalada no que parece um laboratório. O cérebro está à mostra e é preciso operar uma broca para perfurar o órgão no ponto certo e resolver o puzzle.

VEJA COMO SERÁ O CLIMA DE "THE EVIL WITHIN"

  •  

Será que vai superar RE?

Após jogar "The Evil Within", dá para entender os sucessivos atrasos sofridos pelo game. Com valores de produção elevados, o capricho dos desenvolvedores é visível nos elementos de cenário, na direção de arte única e primorosa e nas excelentes mecânicas de jogo.

"Evil Within" é a próxima grande obra de Shinji Mikami, um retorno ao melhor que o diretor fez em sua carreira. Mas assim como as mulheres fantasmagóricas que perseguem Castellano incansavelmente no game, existe uma sombra que não sai da cola do jogo: "Resident Evil 4".

O jogo já é melhor do que "RE5", "RE6" ou qualquer episódio recente da franquia da Capcom. Mas superar "Resident 4" é uma tarefa inglória.

O clássico de 2005 não só redefiniu uma série que já era um grande sucesso, como também trouxe personagens secundários que são lembrados até hoje (como o vendedor misterioso), expressões que vivem na memória dos jogadores e, acima de tudo, determinou o padrão para os jogos de tiro em terceira pessoa. Não é pouca coisa para um só jogo.

Concebido na mesma mente que "Resident Evil 4", "Evil Within" não luta contra o passado de Mikami. Ao contrário, se apoia nele e em outro monstro sagrado do horror, "Silent Hill", para se erguer acima da horda de jogos de zumbis acéfalos que infestam o gênero atualmente.

"The Evi Within" sai em 21 de outubro para PC, PS3, PS4, Xbox 360 e Xbox One.