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Misturando "LoL", ação e mitologia, "Smite" chega dublado ao Brasil

Théo Azevedo

Do UOL, em Atlanta

02/07/2014 15h33

Concorrentes ferrenhos, “League of Legends” e “DotA 2” são os nomes que, normalmente, vêm à mente quando se fala em MOBA, sigla para Multiplayer Online Battle Arena. Se ambos não compartilham fãs entre si, “Smite”, um híbrido de shooter e MOBA, corre por fora como uma opção mais leve e descompromissada, aparentemente capaz de coexistir com os grandes do gênero.

Com sede em Atlanta a Hi-Rez, produtora do jogo, diz não se importar que “Smite” seja encarado como uma espécie de 2ª opção para aqueles que já se dedicam a um MOBA. A tática está dando certo: após dois anos em fase beta o game foi lançado em março e, desde então, acumula quatro milhões de jogadores, sendo 400 mil –ou 10% - em países da América Latina.

De olho no potencial de “Smite” a Level Up! Games fechou uma parceria com a Hi-Rez e será a responsável por lançar o game oficialmente no Brasil, o que vai incluir dublagem em português, servidores locais, preços em reais e, claro, alternativas para transferir contas – no caso daqueles que já jogam “Smite” na versão original, dos Estados Unidos.

VEJA COMO É QUE "SMITE" FUNCIONA

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MOBA dos deuses

Fundada em 2005, a Hi-Rez possui histórico em jogos de tiro online, tendo no currículo “Global Agenda” e “Tribes: Ascend”. A Unreal Engine 3 sempre serviu de base para a empresa, que investiu ainda US$ 20 milhões e bons anos de desenvolvimento para acrescentar à tecnologia da Epic recursos típicos de MMOs, tais como ranking, modo espectador, lista de amigo, anti-cheat etc.

O obscuro “Global Agenda”, lançado em 2010, não foi exatamente um hit, mas serviu de base para o que viria a ser “Smite”: “Não queríamos fazer um MOBA, e sim um novo modo de jogo para ‘Global Agenda’”, recorda Todd Harris, co-fundador da Hi-Rez. “[O modo] tinha torres, NPCs, três rotas e, ao mesmo tempo, ‘LoL’ começava a despontar”.

A Hi-Rez viu que a ideia tinha potencial, mas até então a temática utilizada era a mesma de “Global Agenda”, ou seja, uma guerra futurista. Quando alguém sugeriu mudar o tema para mitologia não houve oposição. Aliás, longe disso: “Quando surgiu a ideia de apostar em deuses sabíamos que precisaríamos de dois anos para criar novos personagens, mas todos ficaram animados, do marketing aos programadores”.

Em meio a um gênero cada vez mais concorrido, “Smite” possui alguns diferenciais que lhe dão uma identidade bastante característica, do o ângulo de visão “por cima do ombro” ao esquema de controle, que combina as teclas WASD e o mouse, passando pela já citada temática mitológica.

JOGUE "SMITE"

Enquanto “Smite” não estreia no Brasil, você pode testar a versão em inglês no site oficial do jogo.

Por ter uma mecânica semelhante à de jogos de tiro, “Smite” costuma ser visto com simpatia, mesmo por aqueles que não curtem MOBAs. Já os que gostam podem, no mínimo, encarar o jogo como um passatempo bem-vindo: “’Smite’ funciona como uma opção extra ou complementar, tal qual um shooter ou um MMO”.

Mas não se engane: para quem se dedicar a desenvolver habilidades nas arenas de “Smite”, as recompensas podem valer a pena. Mal o jogo saiu do beta e Atlanta sediou um campeonato mundial com times de EUA e Europa, e uma premiação de US$ 200 mil. “Smite” também costuma fazer sucesso em transmissões do Twitch, atrás apenas de “LoL” e “Dota 2” quando o assunto é MOBA e mostrando que já possui uma audiência cativa.

O próximo campeonato, em janeiro de 2015, terá uma equipe do Brasil e uma vinda dos países hispânicos da América Latina, além de China e, claro EUA e Europa.

Hoje a Hi-Rez está 100% focada em “Smite”, com cerca de cem funcionários e contratando mais. “Estamos crescendo rápido, especialmente com o sucesso do jogo nos EUA e Ásia”, comemora Harris.

Com tudo indo de vento em popa, só falta “Smite” quebrar o paradigma e provar que um MOBA, ainda que disfarçado de jogo de ação, pode funcionar num console. Perguntado sobre isso, Todd fica em silêncio, ri nervosamente e diz: “Não temos nada a anunciar sobre isso”.

O QUE TORNA “SMITE” DIFERENTE DE OUTROS MOBAS?

Câmera: o ângulo de visão “por cima do ombro”, com a câmera posicionada logo atrás do personagem, muda o jeito de jogar, acrescentando elementos típicos dos shooters à fórmula consagrada por “League of Legends”.
Controles: em “Smite” os controles funcionam em tempo real, numa combinação das teclas WASD com o mouse. É preciso mirar para acertar o inimigo e também desviar dos tiros, o que exige habilidades específicas.
Tema: usar deuses como personagens mostrou ser um dos grandes trunfos de “Smite” por diversas razões, do apelo junto ao grande público à variedade quase inesgotável de alternativas para novos personagens, algo fundamental em um MOBA.

Deuses brasileiros?

No panteão de "Smite" tem Apolo, Zeus, Posêidon, Anubis e muito mais, cada com suas próprias características e poderes. Com a vinda do jogo para o Brasil, será que haveria espaço para divindades espelhadas na cultura local? “É algo para o futuro”, diz Julio Vieitez, diretor da Level Up! “Primeiro vamos construir uma comunidade e prover o básico, como fomentar eventos e eSport. Se entrarmos com deuses logo de cara, as pessoas podem perder uma dessas coisas que vem antes”, completa.

A pergunta que todos fazem, no entanto, ainda não tem resposta: como vai funcionar a migração de contas? “Não temos uma posição final, mas seremos transparentes. Vamos agir por fases, não fazer algo repentino“, garante Vieitez.

Em “Smite” a monetização funciona, basicamente, com a venda de skins. Há ainda o God Pack, um pacote que destrava todos os deuses por uma quantia de US$ 30. No Brasil, o sistema será similar, tanto no funcionamento quanto nos preços - com a diferença, é claro, de cobrar na moeda local.