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Paixão dos fãs e investimentos explicam fenômeno de "LoL" no Brasil

Pedro Henrique Lutti Lippe

Do UOL, em São Paulo

21/07/2014 17h16

Com investimento e olhos voltados para o mercado local, a Riot Games conseguiu firmar "League of Legends" como um dos mais bem-sucedidos games do Brasil. Desde a estreia do jogo no país em 2012, os eventos da produtora vêm crescendo em escala - e no próximo sábado (26) um deles lotará o estádio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro.

O principal combustível do sucesso de "LoL" é bem claro: o engajamento da comunidade de fãs é tamanho que eles estão dispostos a viajar centenas de quilômetros apenas para acompanhar seus jogadores favoritos em ação, como se estivessem peregrinando rumo ao show de seus ídolos ou a uma final de futebol.

Letícia Boaroli, 15, percorreu o caminho entre Criciúma, Santa Catarina e São Paulo para acompanhar uma das etapas do Circuito Brasileiro de "LoL" no último sábado (19) fantasiada como uma das personagens do jogo. "Eu mesmo monto minhas roupas. Faço isso porque gosto muito do game, e vale a pena todo esse esforço para estar aqui", garantiu.

  • Torcedores esperam para assistir à etapa de São Paulo do Circuito Brasileiro de "LoL"

Problemas? Sem problemas

Em abril, a Riot Games organizou uma etapa de sua Série dos Campeões em Porto Alegre. O evento foi marcado por uma série de problemas técnicos que acabaram cancelando duas das partidas planejadas, e atrasando por diversas vezes aquelas que aconteceram.

Na ocasião, o gerente geral da Riot no Brasil, Roberto Iervolino, pediu desculpas pelos ocorridos e garantiu que sua empresa passaria a investir mais nos eventos para evitar que os problemas se repetissem. Mas, curiosamente, em nenhum momento ocioso o público mostrou irritação. E no momento que a ação começava de novo nos telões, os fãs explodiam em comemoração, como se já tivessem esquecido a confusão.

Em menor escala, alguns problemas técnicos também atrapalharam as disputas em São Paulo no último domingo (20), mas o comportamento da plateia foi exatamente o mesmo. "O clima aqui é muito gostoso", explicou Rebeca Lombardi, 14. "Nós só estamos felizes por estarmos aqui".

  • A barreira entre torcedores e pro-players não é tão grande quanto parece

Um sonho acessível

Brasileiros sempre tiveram interesse por games, mas poucas produtoras de fora davam atenção ao mercado local. A partir do momento em que a Riot trouxe os servidores de "LoL" para o território nacional e começou a realizar consecutivos eventos em vários cantos do país, o sucesso de seu projeto só cresceu.

Andando por alguns metros em meio ao público ao lado de Felipe "brTT" Gonçalves, 23, o maior ídolo do eSport brasileiro, o vi sendo parado para dar autógrafo e tirar fotos. "Para mim, esse assédio dos fãs é a melhor parte do meu trabalho", admitiu o jogador da Keyd Stars. "Esse carinho deles me dá forças para continuar treinando, praticando e seguindo em frente na carreira".

Ele só recebe esse carinho, é claro, por estar sempre perto dos fãs. E não apenas fisicamente. Há dois anos, "brTT" era apenas mais um nas filas ranqueadas nacionais, disputando partida por partida os pontos para subir de nível e chegar ao topo. Hoje, mesmo sendo parte de uma equipe que foi derrotada por uma 'zebra' nas semifinais, ele é ídolo - mas representa um sonho acessível.

  • Felipe "brTT" Gonçalves é o mais conhecido e popular pro-player de "LoL" no Brasil

"Eu estou no Ensino Médio. Estudo, e no meu tempo livre jogo 'LoL'", revelou Felipe "Fifo" Cheida, 17, capitão do time estreante Ban Karma, que obteve a última vaga de classificação para as finais do Brasileiro. "Quando começamos a jogar, não imaginávamos que chegaríamos aqui. Ficamos loucos com isso, treinamos muito... É surreal. Só de estar aqui já realizamos um sonho", disse. O único patrocínio que "Fifo" e seus colegas trouxeram para as finais foi o da empresa que fez suas camisetas.

As equipes maiores, além de patrocinadores mais generosos, muitas vezes moram nas chamadas 'gaming houses', onde participam de duras rotinas de treinamento. "brTT", por exemplo, treina por 8 horas todos os dias - e joga "LoL" casualmente por mais 4 horas em seu tempo livre. Os maiores ídolos, além disso, vivem do eSport - apesar de evitarem revelar as cifras de seus salários.

As premiações, ao menos, são conhecidas. O time que alcançar o título brasileiro sábado no Maracanãzinho levará consigo R$ 55 mil. Sejam CNB ou KaBuM! os vencedores, eles levantarão a taça na frente de 6,5 mil fãs. E em meio à multidão poderão estar os campeões da próxima temporada.

Final Regional do Circuito Brasileiro de "League of Legends"
Quando:
Dia 26 de julho, a partir de 12h.
Onde: Ginásio do Maracanãzinho. Rua Professor Eurico Rabelo, s/n, Rio de Janeiro - RJ.
Site oficial: aqui.