Topo

EA excluiu Brasileirão de "FIFA 15" para evitar problemas com atletas

Théo Azevedo

Do UOL, em São Paulo

30/07/2014 17h12

"Não temos direitos legais suficientes para incluir os atletas". Esta é a justificativa de Jonathan Harris, diretor da Electronic Arts no Brasil, para a ausência times e jogadores do Campeonato Brasileiro em "FIFA 15", conforme entrevista cedida ao UOL Jogos.

Diferente de países como Espanha ou Inglaterra, no Brasil não há uma liga ou associação responsável pela negociação dos direitos de imagem dos atletas. Tanto Electronic Arts quanto a Konami, de "Pro Evolution Soccer", acertam time a time a inclusão dos mesmos nos games.

O executivo não quis entrar em detalhes, mas deu a entender que seguir com tal modus operandi poderia representar riscos legais para a EA: "Até termos garantias legais totais, decidimos que o melhor caminho é tirar o conteúdo e correr atrás dos direitos que não estão cobertos".

A solução? "Não cabe a nós dizer", despista o executivo, que lembra ainda que a EA ainda possui contratos vigentes com clubes brasileiros. Ou seja, a decisão de não tê-los no jogo parece algo preventivo, para evitar eventuais problemas com atletas no futuro.

SÉRIE "FIFA" NÃO TERÁ MAIS O BRASILEIRÃO

A Electronic Arts anunciou que "FIFA 15" não terá times nem jogadores do Campeonato Brasileiro, e que "FIFA World" e o modo Ultimate Team perderão o conteúdo associado ao torneio até setembro. Entenda clicando aqui.

Perguntado se a CBF não teria alguma função no caso, Harris riu e desconversou: "Pergunta difícil. Não somos nós que devemos falar sobre quem é responsável e, no mais, temos acordo com CBF para a Seleção Brasileira".

Por fim, o executivo espera que a "novidade" não afete as vendas de "FIFA 15" - chegando, inclusive, a dizer que "a maioria das pessoas, no final das contas, joga com times europeus". A reação nas rede sociais, entretanto, contam uma historia diferente, com muitos jogadores frustrados por não poderem mais utilizar equipes e atletas do Brasileirão.

Pelo Twitter, inclusive, o produtor brasileiro Gilliard Lopes, da equipe de desenvolvimento da série "FIFA" comentou a questão:

"O uso de imagem de um atleta é personalíssimo".

O UOL Jogos conversou com a advogada Gislaine Nunes, especialista em gerenciar a carreira de atletas. Para ela, os atletas precisam autorizar expressamente a utilização de imagem: "O uso da imagem (nome, voz, apelido) é personalíssimo. A partir do momento em que o jogo é vendido sem autorização dos atletas, é uso indevido de imagem".

Segundo Nunes, os atletas poderiam, inclusive, pleitear retroativamente um porcentagem sobre a venda de games que já foram comercializados. "Ela [a EA Sports] teria que pagar inidividualmente cada jogador. O clube não é responsável por isso, cabendo ao mesmo apenas responder por escudo e uniforme".