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Mundial de "LoL": "Ganhar não dá, mas temos chances de ir bem"; diz KaBuM!

Claudio Prandoni

Do UOL, em Seattle*

02/09/2014 12h19

Após uma acirrada disputa no campeonato brasileiro de "League of Legends", a equipe KaBuM! venceu com propriedade por 3 a 0 o time latino PEX Gaming, conquistando a vaga para o campeonato mundial do game, que acontece em vários países da Ásia nos próximos dois meses.

Mas será que a equipe evoluiu o bastante para bater de frente com equipes consagradas de regiões como Estados Unidos, Europa e a temida Coréia?

"Acho que a gente ainda deve muito em relação a alguns times, especialmente os coreanos, mas em 'LoL' pesa muito também o fator surpresa", explica Daniel Drummond, o Danagorn.

"A partir do momento em que a gente consiga surpreender os outros times, acho que a gente tem boas chances de ir bem".

Pedro Marcari, o LEP, também esbanja certo otimismo: "Ganhar o Mundial não dá, mas acho que temos grandes chances de ir bem", conta.

  • Divulgação

    KaBuM! e PEX disputaram a vaga para o Mundial durante a PAX Prime, nos EUA

Rumo à Ásia

Com a vaga em mãos, a KaBuM! começa a agora a planejar a preparação para a estreia no Mundial que, dependendo dos sorteios dos grupos, pode tanto acontecer dia 18 de setembro em Taiwan ou dia 25 de setembro em Cingapura.

"A gente vai focar em melhorar a nossa estratégia e arrumar o que estamos errando. Provavelmente vamos treinar com equipes de fora e buscar conseguir o máximo de experiência que der com eles", revela LEP.

"Treinar com times brasileiros acho que não vai valer tanto desta vez porque no Mundial vão ser equipes com maneiras totalmente diferentes de jogar".

Para Daniel Dias, o Dans, fazer bonito no Mundial é essencial. "Conquistar a vaga foi muito importante, mas o que vem agora é mais ainda. Fazer uma boa campanha no Mundial é tão importante quanto a vaga que a gente conquistou".

Já a Riot, produtora do "League of Legends", não poderia estar mais feliz.

"Honestamente, não espero nada mais. Já está mais do que cumprido o trabalho deles, que era conquistar essa vaga no Mundial. O que vier agora é lucro", conta Philipe Monteiro, gerente da eSport da empresa que acompanhou os meninos da KaBuM! na disputa pela vaga no Mundial.

REPERCUSSÃO

  • Divulgação

    Felipe "brTT" Gonçalves, da Keyd Stars, deu apoio aos compatriotas no Facebook: "Representa nesse mundial. Estou tão orgulhoso de você!", disse ao ex-companheiro de equipe Gustavo "Minerva" Alves, que hoje joga pela KaBuM!.

"Ainda assim, claro que eu gostaria que eles tivessem um bom desempenho nessa primeira fase e chegassem ao menos até Busan, que é a segunda etapa do Mundial".

Philipe explica também que a conquista ajuda a consolidar o cenário competitivo de "LoL" no Brasil.

"É um certificado de que todo o esforço valeu a pena. Não só da Riot, mas também de todos os times, dos fãs, que estavam muito a fim de ter um representante brasileiro para torcer no Mundial".

Porém, Philipe alerta para os novos desafios que surgem no horizonte: "Tudo que foi trilhado é muito bacana, mas agora se abre um outro caminho ainda mais difícil que é manter tudo o que foi conquistado, manter o alto nível e o ritmo de crescimento e profissionalização do cenário nacional".

A expectativa é de que isso aconteça. Em 2012 a paiN Gaming quase conquistou uma vaga para o Mundial de "LoL": o time bateu na trave e perdeu a final da seletiva para os europeus da GamingGear.

Desta vez, o pessoal da KaBuM! garantiu a conquista inédita com certa facilidade contra a PEX, demonstrando que o nível competitivo de "LoL" no Brasil cresceu de um ano para cá.

LEP faz uma previsão otimista: "Acho que a partir de agora vai ser cada vez mais normal um time brasileiro ir para o Mundial".

Será que isso vai acontecer e o Brasil passará a ser presença constante na disputa? A dúvida é quase tão grande quanto o desafio para isso virar realidade, mas não deixa de ser empolgante ver que um primeiro e firme passo para isso já foi dado.

Torcida brasileira

  • Claudio Prandoni/UOL

Mesmo na distante Seattle a KaBuM! não ficou totalmente longe da torcida: enquanto milhares de pessoas assistiam online à partida contra a PEX, o brasileiro Rodrigo Melo, de 28 anos, estava lá na PAX Prime para apoiar os meninos rumo à conquista inédita.

Rodrigo trabalha em uma empresa de construção, mora nos Estados Unidos há 14 anos e de um ano pra cá virou fã de "League of Legends": "Comecei a acompanhar por causa dos meus primos, que já jogavam no Brasil. Primeiro jogava no servidor brasileiro, mas o lag era muito alto, então comecei mais a assistir às partidas".

Vestido à caráter para a ocasião, com jaqueta da Seleção Brasileira de Futebol, Rodrigo acompanhou o sucesso da KaBuM! no campeonato brasileiro de "LoL" e aposta em boa campanha no Mundial: "Já tava acompanhando a KaBuM! desde as etapas no Brasil, quando surpreenderam a Keyd e a CNB. Acho que eles vão bonito no Mundial, bem melhor do que os times classificados pelo Wild Card ano passado".

Wild Card Latino

Mesmo com a conquista da inédita vaga no Mundial, a celebração da vitória da KaBuM! foi discreta na PAX - especialmente em comparação à festa feita na final do campeonato brasileiro, no Maracanãzinho.

  • Claudio Prandoni/UOL

    Dividindo espaço com a final norte-americana, a festa brasileira foi discreta em Seattle

Isso porque a disputa rolou em conjunto com as finais da liga norteamericana de "LoL", que definiria três representantes para o Mundial e, obviamente, chamava muito mais atenção do público local.

Será que a Riot não poderia então levar a disputa do Wild Card latino-americano para perto de sua torcida?

"Não há nada oficial em negociação ou sendo planejado no momento, mas de fato começa a fazer mais sentido que essa disputa seja na própria região, levar mais pra perto do torcedor", conta Philipe Monteiro, gerente de eSport da Riot.

*O jornalista viajou a convite da Riot