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Com "LoL", narradores de eSport querem ser "próximo Galvão Bueno"

Pedro Henrique Lutti Lippe

Do UOL, em São Paulo

11/09/2014 15h34

No rádio ou na TV, narradores e comentaristas de futebol muitas vezes são tão folclóricos quanto os jogadores em campo. E se "League of Legends" quer ser comparado com um esporte tradicional, suas competições não podiam deixar de ter a presença dessas figuras.

No Brasil, Diego "Toboco" Pereira e Guilherme "Tixinha" Cheida são essas figuras.

Dois dos narradores de eSport mais conhecidos do país, eles são presença quase garantida em eventos oficiais da produtora Riot Games. A dupla encabeçou a transmissão do Circuito Brasileiro de "LoL" e chegou a narrar a grande final, que aconteceu em julho no estádio do Maracanãzinho.

  • Como narradores de futebol, Toboco também tem seus próprios bordões

"Eu não vejo muita diferença entre futebol e 'LoL'", explica Toboco. "As emoções são muito semelhantes. Temos times com torcedores fanáticos, que realmente torcem. Quando o time ganha, ele vai mais feliz pra casa; quando perde, ele fica triste".

Para os narradores, que precisam se manter em contato muito próximo com o jogo para que seus comentários não fiquem defasados, as diferenças entre o esporte e o eSport mais populares do país estão justamente em seu trabalho.

"É muito mais difícil narrar 'LoL' do que futebol", revela Tixinha. "O futebol é mais tranquilo e existe há muito tempo. É difícil aparecer alguma coisa nova, então você já sabe o que esperar. Só vez ou outra inventam um drible novo".

Por causa das atualizações constantes de balanceamento, as estratégias e técnicas utilizadas pelos pro-players mudam muito em pouco tempo. "Já no 'League of Legends', toda semana o jogo é diferente. Aparecem coisas novas, e até nomes novos. É muito difícil", garante o 'caster'.

RELEMBRE A FINAL DE "LOL" NO MARACANÃZINHO

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De onde vieram e aonde irão

Toboco e Tixinha já faziam parte da cena brasileira de "League of Legends" mesmo antes do jogo ser lançado oficialmente por aqui em 2012. "Eu tinha uma loja que vendia Riot Points quando a Riot ainda não estava no Brasil", relembra Toboco. "Então pensei que também devia patrocionar um time. Na época, ele era o melhor time do país - que eventualmente virou a paiN".

"Alguém tinha que narrar os jogos do meu time, então decidi que eu mesmo faria isso. E foi assim que comecei".

Já Tixinha se envolveu com o game de uma maneira diferente: "Sempre tentei ser jogador de eSports - jogava muito "Counter-Strike" há um tempo, e tentei o 'LoL' também. Eu era de um time que chegou a ser um dos oito melhores do país quando ainda não tinha servidor por aqui".

"Um dia estavam precisando de alguém que soubesse do jogo e quisesse comentá-lo. Me chamaram, eu fui, e fiquei porque a galera gostou e pediu por minha volta", diz. "Acabei gostando".

Apesar de terem se transformado em ícones de "League of Legends" no Brasil por caminhos diferentes, Toboco e Tixinha têm planos parecidos para o futuro.

"Eu penso em um dia, sim, ir para a TV. Talvez até ser narrador de futebol", revela Toboco.

"Estamos indo atrás de cursos, de profissionais em fonoaudiologia - coisas que nos ajudarão a melhorar. Não dá para definir onde iremos parar - em qual canal, em qual lugar, em qual cadeira. Mas nosso objetivo é trabalhar para sermos os melhores no que fazemos", explica Tixinha.

Toboco se diz apaixonado por "LoL", mas não sabe se é com o game que ele atingirá seus objetivos. "Não digo que o eSport não tenha futuro. Mas mesmo que eu deixe de trabalhar com isso, ainda tenho pretensão de continuar como narrador. Tenho a pretensão de ir para a televisão e, quem sabe, virar o próximo Galvão Bueno", afirma.