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Clã de "Counter-Strike" só de meninas joga para conquistar espaço no Brasil

Pedro Henrique Lutti Lippe

Do UOL, em São Paulo

30/09/2014 10h00

É claro que mulher joga videogame. Isto já não é novidade.

Mas por mais que eventos como os de "League of Legends" sempre atraiam garotas, ainda é raro vê-las em cima do palco, competindo. O público feminino é grande, mas parece sempre estar representado apenas na plateia.

"Infelizmente, não temos competições de eSports para mulheres aqui no Brasil", explica Pamella "pan" Shibuya, 20, que joga competitivamente "Counter-Strike". "Na verdade, até mesmo lá fora, 'Counter' é um dos poucos jogos que têm um cenário de torneios para garotas".

  • Garotas da Majestic Gaming participaram do torneio de "Counter-Strike" da X5 Mega Arena

Pamella faz parte da Majestic Gaming - equipe só de mulheres que disputou o torneio de "Counter-Strike: Global Offensive" na X5 Mega Arena, em São Paulo. Elas foram eliminadas na primeira fase, perdendo para o time que viria a ser campeão.

"Como não temos uma categoria para mulheres, somos obrigadas a disputar com os homens", conta. "Mas jogamos mirando as oportunidades que existem lá fora para nós. O fato desse espaço existir é um dos motivos pelos quais gosto de 'Counter-Strike'".

Na ocasião da final brasileira de "LoL", o gerente geral da Riot no país Roberto Iervolino garantiu que mulheres podem participar dos torneios do game. Mas não existem competições voltadas para o público feminino, que Pamella acredita serem importantes.

ASSISTA AO TRAILER DE "COUNTER-STRIKE: GO"

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Segregação

Gamer desde os tempos do Nintendo 64, Pamella deixou para trás os consoles quando encontrou sua paixão pelos shooters nos computadores. "Jogo 'Counter-Strike' sério desde 2006", lembra.

"Mas, diferente do que acontece em outros games, jogar nunca virou minha profissão. Estudo e trabalho, e treino com minhas companheiras de time nas madrugadas".

Com toda a sua experiência, ela demonstra certo conformismo ao falar sobre a discriminação que sofre por ser mulher: "Existem muitos xingamentos e ofensas que escutamos. Acho que sempre haverá isso".

"O pessoal que conhece nosso jogo, que sabe que nos dedicamos de verdade nos trata com mais respeito. Dão bastante apoio, na verdade, sempre nos citando em transmissões e coisas assim", afirma. "É mais comum ofensas vindas de quem joga menos, dos casuais. Dizem para 'voltarmos para a cozinha', coisas assim".

"Isso não mudou desde que comecei em 2006. Com o tempo, a gente aprende a lidar com isso. Hoje em dia eu não me incomodo mais - só quando alguém pega pesado e começa a usar palavrões", conta a gamer.

Pamella acredita que mais torneios femininos e espaços em que as garotas possam mostrar que jogam bem reduziriam o preconceito, mas vê isso como algo distante. "Por ora, sou feliz só de poder jogar meu 'Counter-Strike' sabendo que existem torneios dos quais eu posso participar", diz.