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"Ragnarök Online" celebra uma década no Brasil; veja 10 curiosidades

Pedro Henrique Lutti Lippe

Do UOL, em São Paulo

10/11/2014 19h44

Em 2004, a Level Up! Games fez uma aposta ao lançar um jogo exclusivamente online em um país que praticamente ainda não tinha internet de banda larga.

Dez anos depois, é fácil ver que a aposta em "Ragnarök Online" deu muito certo. Jogado por mais de 2 milhões de brasileiros, o MMORPG coreano foi por muito tempo o jogo online campeão absoluto de público.

Vivo até hoje - e não apenas nas memórias de fãs nostálgicos -, o game ainda recebe atualizações periódicas, e é muito maior do que era na época em que o servidor brasileiro 'bRO' entrou no mapa.

Em homenagem ao aniversariante, UOL Jogos preparou uma lista com 10 curiosidades sobre o universo do game, que é muito maior do que o que aparece no monitor. Será que você já ouviu falar de todas elas?

O nome do criador de "Ragnarök" é Lee Myung-jin. Mas ele não é um designer de jogos, e sim um desenhista.

O "Ragnarök" original é um 'manwha' - o nome dado a produções ao estilo mangá feitos na Coreia do Sul. Publicado a partir de 1995 na revista Comic Champ, a história tinha como protagonista o guerreiro com amnésia Chaos.

Com dez volumes publicados e uma nova versão da mitologia nórdica já formada, Lee foi chamado pela desenvolvedora Gravity para trabalhar em "Ragnarök Online". O autor prometeu que voltaria para finalizar a história de Chaos após livrar-se de suas responsabilidades contratuais... Mas isso nunca aconteceu.

Em 2004, baixar um arquivo de centenas de megabytes era um projeto de longo prazo. Tanto para usuários quanto produtoras, a distribuição digital de jogos era apenas a última opção.

Para colocar o game nas mãos dos fãs brasileiros, a Level Up! aproveitou o fato do instalador caber em um CD e imprimiu uma infinidade deles.

Qualquer um que tenha visitado LAN Houses ou eventos de anime ou de cultura nerd em geral nessa época com certeza entrou em contato com dúzias de cópias em disco de "Ragnarök Online". E é bem provável que tais CDs tenham sido os catalisadores para o sucesso do jogo por aqui.

Por causa do sucesso do MMO, a franquia "Ragnarök" é celebrada na Coreia como o primeiro 'manwha' a ganhar uma adaptação para o formato anime.

Entre abril e setembro de 2004 - pouco antes dos testes de "Ragnarök Online" começarem oficialmente no Brasil -, a TV Tokyo e a SBS transmitiram, no Japão e na Coreia, respectivamente, os 26 episódios de "Ragnarök the Animation".

Em vários servidores internacionais, eventos promocionais tentaram fazer os jogadores a ligarem suas TVs para acompanhar a (melancólica) história do espadachim Roan e seus amigos. Nas Filipinas, os dubladores dos protagonistas passaram um bom tempo controlando personagens com os visuais do anime em uma das cidades do game, interagindo com os fãs.

No auge de sua popularidade no Brasil, "Ragnarök Online" estava por todos os lados. O game era um dos mais procurados em LAN Houses, e a Level Up! fazia força para atrair seus jogadores para os estabelecimentos com uma série de eventos.

Em certo momento, CDs de instalação do jogo chegaram a ser distribuídos juntos com embalagens de cerais matinais.

O game teve até comercial televisivo transmitido para o Brasil todo em rede aberta. Você se lembra?

ASSISTA AO COMERCIAL TELEVISIVO DE "RAGNARÖK"

Inicialmente um projeto caseiro, "Ragnarok Battle Offline" surpreendeu tanto a Gravity que a empresa adquiriu seus direitos de distribuição e o lançou em vários países, como na Indonésia e na Coreia.

Tratava-se de um beat 'em up para PC inspirado pelas batalhas do MMO. O game circulou muito entre fãs da franquia, que acabaram trabalhando em uma tradução para o inglês.

Hoje, o único jeito de obter o game legalmente é comprando-o em um site japonês. E ele tem até expansões.

É claro que a própria Gravity, através da GungHo Online Entertainment, não perdeu a chance de fazer seus próprios spin-offs da franquia de sucesso.

Quatro jogos para portáteis aproveitam-se da mitologia, dos personagens e do mundo de "Ragnarök". O primeiro deles, lançado para DS, é o que mais se apropria dos elementos do MMO, contando até mesmo com os mesmos gráficos e interface.

Os outros três, "Ragnarok Tactics", "Ragnarok Odyssey" e "Ragnarok Odyssey Ace", de PSP e PS Vita, são menos derivativos e tomam mais liberdades para se separarem de suas origens.

Desde seu lançamento original coreano em 31 de agosto de 2002, "Ragnarök Online" recebeu 96 atualizações de conteúdo. Destas, as maiores são identificadas pela Gravity como 'episódios'.

Cidades, calabouços, monstros, itens, equipamentos, 'MVPs', classes e sistemas inéditos foram progressivamente adicionados ao game com os episódios. Hoje, os servidores internacionais estão no episódio 15.2, e oferecem uma experiência muito maior e mais diversa que a do bRO no auge de sua popularidade, anos atrás.

Em meados de 2009, uma atualização batizada de 'Renovação' modernizou vários dos sistemas do jogo, como os de progressão e combate, para torná-lo "mais competitivo" frente a forte concorrência do gênero.

Assim, apesar de ainda ter o visual de sempre, "Ragnarök Online" é hoje um game muito diferente daquele que mora nas memórias dos fãs brasileiros que pararam de jogar.

Como parte de seu 'Global Project', a Gravity lançou em 2011 a cidade de Brasilis. Acessível pelo porto de Alberta, a região é uma homenagem ao público brasileiro, que fez do país um dos maiores mercados de "Ragnarök".

Além de contar com o Calçadão de Kotakahuana e o Museu de Arte de Brasilis, a cidade também abrigava uma série de monstros extraídos diretamente do folclore brasileiro, como o curupira, a iara e o boitatá.

A atualização foi tão longe em sua busca de celebrar seu público brasileiro que incluiu a lenda urbana da loira do banheiro como uma de suas quests.

  • O boitatá entrou em "Ragnarök" como um MVP - um dos chefes do jogo

A Level Up! Games é uma empresa filipina, que decidiu expandir suas operações para outros países para recriar o sucesso de "Ragnarök", e possivelmente outros títulos, em vários mercados.

Poucos se lembram que, no Brasil, a chega da Level Up! foi viabilizada por causa de uma parceria com a Tec Toy. O acordo surgiu pouco tempo depois da empresa que trouxe Master System e Mega Drive ao Brasil deixar (temporariamente) o mercado de consoles.

A parceria prosperou por alguns anos, e chegou a render uma expansão para o mercado de jogos para celulares em 2006. Em 2010, em meio à turbulência do projeto Zeebo, porém, a Tec Toy decidiu vender sua participação na Level Up!.

Sem sucesso, a Gravity tentou por muitos anos recapturar a essência do "Ragnarök Online" original em uma sequência.

A primeira tentativa de fazer um "Ragnarök 2", "The Gate of the World", funcionou por apenas três anos após a abertura dos servidores em 2007. Extremamente genérico, o game não conseguiu cumprir nenhuma de suas duas missões: atrair a atenção do público antigo da série e ter destaque entre as dezenas de MMORPGs tridimensionais que lotaram o mercado.

O segundo "Ragnarök 2" veio na forma de "Legend of the Second". Mesmo com referências mais diretas ao jogo original, ele também não se mostrou viável e acabou tendo seus servidores fechados no final de 2013.

Enquanto isso, "Ragnarök" segue firme e forte.