Topo

"Puzzle & Dragons" gera US$ 4,5 milhões por dia e dita tendência mobile

Pedro Henrique Lutti Lippe

Do UOL, em São Paulo

12/11/2014 18h39

Gerar US$ 4,5 milhões de vendas todos os dias ao longo de nove meses não é para qualquer jogo. Aliás, é algo quase sem precedentes - mas, com um título gratuito para celulares, a GungHo conseguiu.

Não é de hoje que "Puzzle & Dragons" é um sucesso. Lançado em 2012, o game apresenta um estilo viciante, similar ao popular "Candy Crush", oferecendo inclusive benefícios para comprar com dinheiro de verdade, e rapidamente se tornou uma febre mundial antes mesmo de sair do Japão. Hoje, ele já serviu como inspiração para spin-offs - incluindo uma versão de 3DS que vendeu mais de 1,5 milhão de cópias - e até mesmo um mangá.

O jogo está disponível para dispositivos iOS e Android.

Só no Japão, já foram mais de 30 milhões de downloads do jogo - número que representa aproximadamente um quarto da população total do país.

Para seus produtores, o sucesso do game tem um motivo bem simples: ele oferece vantagens para quem paga, mas não deixa de ser divertido para os usuários que não querem colocar a mão no bolso.

TRAILER APRESENTA A VERSÃO DE 3DS DO GAME

  •  

Fórmula de sucesso

Em "Puzzle & Dragons", o objetivo do jogador é explorar calabouços com a ajuda de um time de dragões de vários elementos. As criaturas participam de batalhas controladas por meio de um tabuleiro que lembra o de um quebra-cabeça. A combinação de três ou mais peças de uma mesma cor ativa poderes especiais.

Cada jogada é limitada apenas por uma contagem regressiva. Durante este tempo, é possível praticamente virar o tabuleiro de ponta-cabeça - o que permite que jogadores ágeis e habilidosos realizem combos assustadores de uma vez só. É uma experiência muito divertida, apesar de parecer familiar.

O maior apelo do jogo, porém, está no aspecto da captura e da evolução dos dragões. No maior estilo "Pokémon", as criaturas podem ficar mais fortes e evoluir. Para isso, elas se 'fundem' com outras.

Quem paga, tem acesso a criaturas mais raras com mais facilidade. Mas é possível se divertir e receber recompensas generosas mesmo respeitando os limites de partidas diárias e não abrindo a carteira.

  • "Monster Strike" é outro game de sucesso que usa a fórmula de "Puzzle & Dragons"

Tendência

Cobiçando ao menos parte dos lucros astronômicos da GungHo - a empresa tem a melhor margem de lucro operacional de todas as trocadas no índice Nikei 400, em Tóquio -, vários outros estúdios japoneses começaram a investir de maneira generosa em jogos para celulares.

Em seu último encontro com investidores, ralizado no final de outubro, a Square Enix sinalizou uma mudança de foco para suas operações. O número de megaproduções ao estilo de "Final Fantasy" diminuirá, enquanto os lançamentos mobile crescerão em número. Até o final de 2014, a produtora terá lançado 21 jogos no formato.

'Clones' da fórmula de "Puzzle & Dragons", alguns outros jogos já chamam atenção. Exemplos: "Monster Strike" e "Terra Battle", também já disponíveis no Ocidente, foram capas das últimas duas edições da tradicional revista de games japonesa Famitsu, respectivamente.

"Monster Strike" (iOS), do produtor de "Final Fight" e "Street Fighter II" Yoshiki Okamoto, já gera por volta de US$ 2 milhões diários com a mesma mecânica de construções de times vista em "Puzzle & Dragons". Suas batalhas, porém, giram em torno do lançamento de monstros contra inimigos.

Já "Terra Battle" (iOS e Android) é obra de Hironobu Sakaguchi, o celebrado criador de "Final Fantasy", e aproveita o mesmo estilo de jogo em uma série de batalhas tiradas diretamente de um RPG de estratégia.

Se os lucros da GungHo, que não param de quebrar recordes trimestre após trimestre, são um sinal válido, é bem provável que essa tendência não desapareça tão cedo.