Com parques, livros e filmes, Rovio quer expandir "Angry Birds"

Em 5 anos, já foram 12 jogos "Angry Birds" e mais de 30 mil produtos licenciados, desde parques temáticos até refrigerantes. E se depender da produtora Rovio, estes números se multiplicarão ainda mais ao longo das próximas décadas.

Quem explica o ambicioso plano de domínio da cultura pop por parte do grupo de mascotes ranzinzas é Peter Vesterbacka, o diretor de marketing da Rovio. "Enquanto nossos fãs tiverem interesse pela marca, continuaremos lançando novos títulos e produtos", garante.

O executivo recusa-se a dar pistas de quais projetos a empresa está preparando no momento - "Grande parte do nosso apelo nasce do fator surpresa" -, mas não esconde que existem vários.

Peter revela que a Rovio não tem medo de diluir a marca com a grande quantidade de lançamentos. "Tentamos manter um equilíbrio entre jogos com a fórmula 'Angry Birds' normal, e outros que façam algo diferente", conta. "Uma pessoa que não jogaria 'Angry Birds', por exemplo, pode acabar gostando das corridas do 'Angry Birds Go!'".

"Já um 'Angry Birds Epic' acaba atraindo o público fã de RPGs, ao mesmo tempo em que pode interessar quem não conhece o estilo mas gosta dos personagens. Entendemos que, ao invés de enfraquecer a marca, a diversidade que ela tem apenas fortalece sua imagem".

Em 2013, quando "Angry Birds Friends", "Go!" e "Star Wars II" chegaram às lojas digitais, o lucro da Rovio diminuiu cerca de 50% em relação ao ano anterior. Por causa disso, a empresa demitiu 110 funcionários no início do mês.

Mas Peter não acredita que isso seja um sinal de desvalorização da marca. "Tenho confiança de que nossos próximos cinco anos serão ainda maiores e melhores do que os primeiros", diz. O discurso é o de 'reestruturação'. A Rovio não se considera mais um estúdio de games, mas sim uma "empresa de entretenimento e educação".

A partir de sua sede na cidade de Espoo, na Finlândia, a Rovio hoje coordena empreitadas que, de fato, passam longe do escopo do que uma empresa (exclusivamente) de games faria.

Uma delas é o Angry Birds Playground - um "conceito de aprendizado" que busca utilizar tablets e uma série de outros itens, como livros, instrumentos musicais e jogos físicos, para "ensinar divertindo" crianças do jardim de infância e da pré-escola. Todos estes itens, claro, carregam estampas dos pássaros e de seus rivais suínos.

"Queremos contribuir de uma maneira positiva para o mundo", explica Peter. "Acreditamos que educação e diversão são coisas que andam lado a lado, e através do Playground podemos fazer do mundo um lugar melhor".

Desenvolvido em parceria com a Universidade de Helsinki, o sistema já está em uso em algumas escolas finlandesas e foi recentemente introduzido em algumas unidades em Xangai. Peter diz que a Rovio está conversando com governos para tentar levar o Playground a escolas públicas de outros países.

É notável como mesmo quando ingressa em outras áreas, a Rovio não tem medo de ser conhecida como "a empresa do 'Angry Birds'".

"Já lançamos outros jogos, como 'Retry' e 'Amazing Alex', mas sempre vamos voltar para 'Angry Birds", afirma Peter. "Ter uma marca forte como a nossa nos dá espaço para manobra e permite que façamos o que tivermos vontade. Gostamos de ser uma empresa assim, exatamente como a Coca Cola. Todos sabem qual é o principal produto da Coca Cola, mas eles também têm muitos outros".

Quando Peter Vesterbacka ouve a pergunta "O que devemos esperar da Rovio para os próximos anos?", a resposta é bem clara: mais "Angry Birds". "E alguns projetos diferentes de vez em quando".