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Ódio sem sentido? Entenda a polêmica em torno do violento jogo "Hatred"

Luiz Hygino

do Gamehall

17/12/2014 16h40

Revelado em outubro deste ano, o jogo "Hatred", em desenvolvimento pelo estúdio polonês Destructive Creations, chamou a atenção da indústria, mercado e imprensa de jogos em todo o mundo: não foram os gráficos ou qualquer outra novidade que fizeram barulho, mas sim a presença excessiva de violência não justificada.

O trailer de anúncio de "Hatred" apresenta um personagem sem nome, que alega ter nojo da humanidade e do que ela se tornou. Vestindo um sobretudo preto e munido de um arsenal de armas, ele sai de casa, dizendo ser hora de matar e de morrer. Nesse momento, ele apresenta seu propósito, e o propósito do jogo, autointitulado "uma cruzada genocida jogável". Inocentes ou culpados do crime apontado pelo protagonista, todos os outros personagens do jogo são alvos, a grande maioria deles implorando pela vida antes de serem mortos, das formas mais frias e assustadoras possíveis.

"Nos dias de hoje, enquanto muitos jogos tentam ser educados, coloridos, politicamente corretos e fingem ser parte de algum tipo de universo artístico, nós queremos criar algo diferente, que fuja das tendências. Dizemos 'Sim, é um jogo sobre matar pessoas', e o único motivo pelo qual o protagonista está fazendo essas coisas doentias é seu ódio enraizado", diz um comunicado oficial da produtora.

ASSISTA AO POLÊMICO TRAILER DE "HATRED"

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Mas ao mesmo tempo que foi atingido por uma avalanche de opositores, "Hatred" também ganhou uma legião de fãs e entusiastas, fosse pela identificação com o personagem e seus sentimentos, fosse pela sensação dos mesmos de que a violência, muitas vezes velada, já é parte fundamentalmente presente nos jogos atuais.

Inspirados pelos apoiadores e mirando voos mais altos, os produtores do game inscreveram "Hatred", no início dessa semana, no programa Greenlight, do Steam, que dá a qualquer jogo a chance de ser publicado no tradicional serviço de distribuição da Valve.

"Se você é um fã de 'Hatred', essa é uma das mais importantes notícias do ano pra você! Agora, você pode votar e levar o jogo para uma das mais importantes plataformas de jogos do mundo! Não espere acontecer. Conte aos seus amigos e faça eles contarem a mais amigos, até que a notícia chegue em todos os lugares!", dizia o texto da campanha de "Hatred".

Tão logo a campanha teve início, o jogo assumiu lugar de destaque na lista de jogos inscritos. Na mesma velocidade, a própria Valve fez questão de retirar o jogo do Steam Greenlight.

"Baseado no que vimos no Greenlight, nós não publicaríamos 'Hatred' no Steam. Sendo assim, estamos tirando ele no ar", disse o breve comunicado da Valve.

O episódio, que aconteceu na última segunda-feira (15), reacendeu o debate em torno do game e de sua mensagem. O que poucos esperavam é que, dois dias depois, o próprio Gabe Newell, co-fundador da Valve e homem forte do Steam, revertesse a decisão e trouxesse "Hatred" de volta ao Greenlight.

"Ontem eu fiquei sabendo que tínhamos tirado 'Hatred' do Greenlight. Como eu não tinha me envolvido no assunto, perguntei internamente o motivo da decisão. E parece que não foi uma decisão tão boa, então estamos colocando 'Hatred' de volta. Minhas desculpas a você e a seu time. Boa sorte com o jogo", disse o próprio Gabe Newell, em carta ao diretor criativo da Destructive Creations, Jaroslaw Zielinski.

Esperado para o primeiro semestre de 2015, "Hatred" ainda não tem data exata de lançamento. A única certeza é que, tão logo seja lançado - certamente também através do Steam - o título exclusivo de PC trará de volta o delicado debate: existe um limite para a violência nos videogames?