Ódio sem sentido? Entenda a polêmica em torno do violento jogo "Hatred"
Revelado em outubro deste ano, o jogo "Hatred", em desenvolvimento pelo estúdio polonês Destructive Creations, chamou a atenção da indústria, mercado e imprensa de jogos em todo o mundo: não foram os gráficos ou qualquer outra novidade que fizeram barulho, mas sim a presença excessiva de violência não justificada.
O trailer de anúncio de "Hatred" apresenta um personagem sem nome, que alega ter nojo da humanidade e do que ela se tornou. Vestindo um sobretudo preto e munido de um arsenal de armas, ele sai de casa, dizendo ser hora de matar e de morrer. Nesse momento, ele apresenta seu propósito, e o propósito do jogo, autointitulado "uma cruzada genocida jogável". Inocentes ou culpados do crime apontado pelo protagonista, todos os outros personagens do jogo são alvos, a grande maioria deles implorando pela vida antes de serem mortos, das formas mais frias e assustadoras possíveis.
"Nos dias de hoje, enquanto muitos jogos tentam ser educados, coloridos, politicamente corretos e fingem ser parte de algum tipo de universo artístico, nós queremos criar algo diferente, que fuja das tendências. Dizemos 'Sim, é um jogo sobre matar pessoas', e o único motivo pelo qual o protagonista está fazendo essas coisas doentias é seu ódio enraizado", diz um comunicado oficial da produtora.
ASSISTA AO POLÊMICO TRAILER DE "HATRED"
Mas ao mesmo tempo que foi atingido por uma avalanche de opositores, "Hatred" também ganhou uma legião de fãs e entusiastas, fosse pela identificação com o personagem e seus sentimentos, fosse pela sensação dos mesmos de que a violência, muitas vezes velada, já é parte fundamentalmente presente nos jogos atuais.
Inspirados pelos apoiadores e mirando voos mais altos, os produtores do game inscreveram "Hatred", no início dessa semana, no programa Greenlight, do Steam, que dá a qualquer jogo a chance de ser publicado no tradicional serviço de distribuição da Valve.
"Se você é um fã de 'Hatred', essa é uma das mais importantes notícias do ano pra você! Agora, você pode votar e levar o jogo para uma das mais importantes plataformas de jogos do mundo! Não espere acontecer. Conte aos seus amigos e faça eles contarem a mais amigos, até que a notícia chegue em todos os lugares!", dizia o texto da campanha de "Hatred".
Tão logo a campanha teve início, o jogo assumiu lugar de destaque na lista de jogos inscritos. Na mesma velocidade, a própria Valve fez questão de retirar o jogo do Steam Greenlight.
"Baseado no que vimos no Greenlight, nós não publicaríamos 'Hatred' no Steam. Sendo assim, estamos tirando ele no ar", disse o breve comunicado da Valve.
O episódio, que aconteceu na última segunda-feira (15), reacendeu o debate em torno do game e de sua mensagem. O que poucos esperavam é que, dois dias depois, o próprio Gabe Newell, co-fundador da Valve e homem forte do Steam, revertesse a decisão e trouxesse "Hatred" de volta ao Greenlight.
"Ontem eu fiquei sabendo que tínhamos tirado 'Hatred' do Greenlight. Como eu não tinha me envolvido no assunto, perguntei internamente o motivo da decisão. E parece que não foi uma decisão tão boa, então estamos colocando 'Hatred' de volta. Minhas desculpas a você e a seu time. Boa sorte com o jogo", disse o próprio Gabe Newell, em carta ao diretor criativo da Destructive Creations, Jaroslaw Zielinski.
Esperado para o primeiro semestre de 2015, "Hatred" ainda não tem data exata de lançamento. A única certeza é que, tão logo seja lançado - certamente também através do Steam - o título exclusivo de PC trará de volta o delicado debate: existe um limite para a violência nos videogames?
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