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No escurinho: como é assistir a partidas de "League of Legends" no cinema?

Rodrigo Guerra

Do UOL, em São Paulo

20/04/2015 14h41

Tinha tudo para ser uma tarde normal com passeio no shopping em um sábado qualquer. Lanche na praça de alimentação, uma volta pelos corredores vendo vitrines, pegar um cinema... Coisas que qualquer pessoa faz com certa regularidade. Neste último sábado (18), porém, algumas pessoas trocaram o filminho pela transmissão da final do Circuito Brasileiro de "League of Legends".

Essa experiência atraiu milhares de jogadores a salas de cinema de 17 cidades do país para assistir ao embate entre INTZ e Keyd Stars - spoiler: a INTZ venceu  – com direito a pipoca e refrigerante. Mas, diferente de assistir a um filme, era permitido usar celular, conversar e até gritar e aplaudir. UOL Jogos esteve no Cinemark do Shopping Metrô Santa Cruz para sentir essa experiência.

Não houve fila para entrada – as portas da sala estavam abertas bem antes do horário da transmissão – e os funcionários do cinema estavam achando engraçado ter tanta gente para assistir a uma partida de videogame. "O que tem de legal nesse jogo?", perguntou a vendedora de pipocas. "Não é um jogo. É a final do campeonato brasileiro", respondeu um cliente. A vendedora, que ainda fazia cara de ponto de interrogação, serviu a pipoca e continuou seu trabalho.

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    O cinema de São Paulo abriu as portas para a sessão do campeonato brasileiro de "League of Legens" com antecedência

Ao entrar na sala, o escurinho atrapalhava para encontrar o lugar certo, mas nada de mais. Algumas pessoas estavam conversando normalmente e ninguém se importava com o burburinho. Encontrei meu lugar e vi que dois amigos estavam ansiosos para o começo da partida. "Eu estou torcendo para a Keyd", disse Antônio Spozzeto, 21 anos, "Acho que o 'Takeshi' é bem melhor do que o 'Tockers'", disse ele à reportagem do UOL Jogos.

O amigo do Antônio, Wesley Kimura, 20 anos, disse: "Eu não me importo. Eu só quero ver uma partida legal". E esse era o espírito da maioria dos espectadores na sala.

A seleção de campeões da primeira partida foi assistida em silêncio. Todos queriam ouvir os comentários de Tácio “Schaeppi” Schaeppi e a análise de Guilherme "Tixinha" Cheida. Porém, quando a partida começou, a gritaria foi imensa. Cada jogada que aparecia na tela era seguida por urros e palmas da plateia.

Nos primeiros minutos a partida estava ainda morna, mas Felipe "yang" Zhao da INTZ fez uma jogada arriscada para colocar seu time na frente. Quando a frase "First Blood" (primeiro abate) apareceu foi como uma comemoração de gol, com gritos e aplausos incessantes. Teve até pipoca voando.

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    Gritaria e animação: as pessoas quebraram todas as convenções do cinema na final do CBLoL

Mas isso não segurou a Keyd, que respondeu à altura e ficou na liderança na maior parte do embate, conseguindo controlar objetivos e até ganhou uma larga vantagem sobre os adversários. Porém, depois de algum tempo, a INTZ começou a segurar as investidas e isso animou ainda mais a galera.

O ponto alto foi a última batalha entre equipes que quase fez com que o cinema viesse abaixo. Quando a tela de "Vitória" apareceu, após 57 minutos de partida, o público do cinema gritava em uníssono: "INTZ! INTZ!".

A final do CBLoL foi uma disputa de melhor de 5, ou seja, o time que ganhasse três vezes se sagraria campeão da competição. Depois de cada partida rola um intervalo de 10 minutos. Tempo suficiente para comprar guloseimas e ir ao banheiro.

 

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    O público assistindo à final do campeonato da final do CBLoL em um cinema em São Paulo

Pipoca com refrigerante e emoção

A fila para comprar pipoca estava grande. Os espectadores estavam discutindo o que tinham visto. Um grupo de amigos estava animado com o desempenho da INTZ. "Normalmente assistimos cada um em sua casa pelo Skype. Vir para o cinema é muito mais legal porque a galera é muito animada", disse Leonardo Augusto, 19 anos.

Acompanhada de seu namorado, Taciane Gomes, 17 anos, disse que gostou muito da experiência. "Eu nunca imaginaria que poderia chegar em um cinema e gritar tanto como eu gritei. Queria que tivesse essa oportunidade durante o campeonato inteiro, não só na final".

Voltando para a sala, as duas partidas seguintes foram mais calmas, muito por conta da queda do desempenho da Keyd Stars, que não conseguiu manter o ritmo da primeira partida. Ainda houve muita torcida e gritos, dando a impressão de que todos os presentes estavam aproveitando cada momento dessa experiência inédita e divertida.