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Rotina de treinos não impede pro-player de "LoL" de ter 'vida adolescente'

Pablo Raphael

Do UOL, em Istambul*

22/04/2015 17h02

Quando viajam pela primeira vez para o exterior, adolescentes brasileiros costumam ter a Disney World, nos EUA, como destino. Não é o caso dos atletas da INTZ: para a maior parte do time, a exótica e distante Istambul, na Turquia, foi a primeira passagem fora do Brasil.

“Não tivemos tempo de ver nada ainda˜, conta o capixaba Micael Rodrigues, o “micaO”, de 18 anos. “Devemos ficar alguns dias depois da final para passear e conhecer a cidade”.

O carismático atirador da INTZ vive a rotina espartana dos jogadores profissionais e não parece incomodado por não levar uma vida “normal”. “Eu jogo há quatro anos. ‘League' é meu hobbie e a minha carreira. Meu círculo de amigos é o time, são os caras que estão comigo todos os dias”.

“Estar aqui na Turquia é ver o resultado do nosso esforço, de treinar todos os dias nos últimos 4 meses”, explica calmamente o jogador. Apesar da dedicação ao eSport e do profissionalismo, micaO é um adolescente como outro qualquer. Gosta de brincar com os amigos, fazer piadas e toca violão.

O mesmo pode ser dito dos demais jogadores da INTZ. No translado do hotel até o local das partidas em Istambul, os garotos se divertem, fazem piadas uns com os outros e aproveitam a barreira do idioma para “zoar" os adversários tailandeses com quem dividem o ônibus. Nada diferente de outros jovens brasileiros em excursão pelo exterior.

“Eles são muito bem resolvidos, tem uma cabeça muito boa”, comenta Lucas Almeida, manager do time. “Eles ganham muito mais do que qualquer outro nessa idade que está fazendo faculdade, tenha um emprego comum ou que está tentando emplacar no futebol”.

“Para eles, não importa tanto a grana”, diz Lucas. “Eles querem é ser campeões”.

De fato, a relação dos jogadores com o dinheiro é parecida com a de outros adolescentes. "Quando começaram a ganhar os primeiros prêmios, alguns não sabiam o que fazer com o dinheiro, não tinham nem conta bancária”, revela Lucas. “Outros ajudam a família com as contas”.

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Preparo físico e psicológico

A postura descontraída dos jogadores muda completamente quando a INTZ está jogando. Seja nos treinos ou nas partidas de campeonato, os jogadores não brincam na arena - no máximo fazem piadas uns com os outros enquanto esperam o jogo começar.

Os atletas não encaram “League of Legends” como um game, como diversão. Antes das partidas a equipe recebe orientações do técnico e discutem jogadas com o líder Revolta, sempre com a seriedade de quem sabe exatamente o que está em jogo aqui.

“League of Legends” é um game com 65 milhões de jogadores. Destes, 1 milhão joga competitivamente em diversas categorias. Hoje, a INTZ está entre os 10% no topo desta pirâmide. “É preciso estar num estado mental de vencer sempre”, explica o manager Lucas.

Para lidar com aspectos psicológicos como ansiedade e concentração, o time faz não só um trabalho motivacional com os jogadores, mas também apela para exercícios físicos. “Eles fazem pilates 2 vezes por semana. Temos que levar a academia até os jogadores”, revela Lucas. “Já tentamos o contrário, mas não deu muito certo”.

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Vale mais do que dinheiro?

Campeão da primeira fase do campeonato brasileiro de “League of Legends”, o CBLoL, a INTZ está em Istambul, na Turquia, onde compete na primeira edição do torneio International Wild Card Invitacional.

O IWCI 2015 conta com sete participantes, que jogarão partidas classificatórias entre hoje (21) e quinta-feira (23) para decidir quem disputará a taça do torneio na Volkswagen Arena, na frente de 14 mil fãs em Istambul, na Turquia - e milhares de outros ao redor do mundo, acompanhando a grande final através do site da Riot Games.

O time campeão garante uma vaga no Mid Season Invitacional, campeonato que rola em maio nos EUA com a participação das principais potências do "League": Coréia do Sul, EUA e Europa.

O torneio na Turquia não paga nenhum prêmio em dinheiro, mas ganhar aqui dá a chance de faturar parte do prêmio de US$ 200 mil nos EUA em maio (US$ 100 mil para o campeão).

Ganhar aqui também vale voltar para casa com pontos de moral para a próxima temporada do Campeonato Brasileiro de "League of Legends" e mais preparados para futuras competições internacionais.

*O jornalista viajou a convite da Riot Games