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Principal rival de "LoL", "Dota 2" ainda sofre para emplacar no Brasil

Rodrigo Guerra

Do UOL, em São Paulo

05/05/2015 18h10

Era domingo de um feriado prolongado e também o último dia do XMA Mega Arena. Essa era a oportunidade ideal para a comunidade "Dota 2" se fazer visível e impulsionar esse eSport no Brasil, afinal, era um dos maiores campeonatos do tipo em território nacional. Mas o que aconteceu foi um evento mais morno do que efervescente - sobraram muitos lugares vagos em frente ao telão que transmitia as partidas.

É indiscutível que "Dota 2" possui fãs ardorosos, mas isso não quer dizer que o game tem a mesma popularidade de "League of Legends". "Acho que 'Dota 2' complica demais as coisas, eu mesmo tentei jogar, mas desisti", disse o estudante Davi Oliveira (19) para a reportagem de UOL Jogos no evento. "Existem ideias legais no jogo, mas sei lá, nem tudo parece estar redondinho ", conta ele.

O jogo da Valve possui diversas ferramentas que seriam úteis para os novatos, como um tutorial esclarecedor, guias dentro do jogo, dezenas de comunidades dentro do Steam e milhares delas espalhadas pela internet. Mas mesmo assim, muitas pessoas acham que "Dota 2" é complicado demais. "Eu não me acostumei com muitas coisas do jogo, como a loja de itens que tem muita coisa para escolher", conta Davi.

Quem vê de fora, percebe que ambos jogos possuem similaridades, mas na prática a coisa é bem diferente. Os jogadores de "LoL" reclamam que "Dota 2" é complicado demais, já para os jogadores de "Dota 2", "League of Legends" é "simples e bobo". "Eu acho que "LoL" um jogo cheio de frescura", conta Luciano Venâncio (23). "Todo mundo sabe que 'LoL' é um jogo desbalanceado. Dá uma olhada nos streams e você vê os 'casters' dizendo que tal campeão está muito forte. Isso não acontece tanto em 'Dota 2'", conta.

"Eu jogo os dois games e acho que eles são totalmente diferentes", conta o administrador de empresas Marcelo Freitas (28). Segundo ele "'Dota 2' tem uma mecânica muito mais complexa e profunda do que o 'LoL'. Pra jogar no nível profissional, não basta ter um herói em evidência, você precisa saber jogar com ele, saber o dano que ele causa e quais itens comprar. No 'LoL', você pode reparar, uma mudança em um item faz com que um campeão fique com mais destaque do que outro", explica.

Para Marcelo, a Riot Games faz um trabalho de marketing com "League of Legends" muito melhor do que a Valve faz com "Dota 2". "Repare e você vai ver: a Valve está muito fechada dentro do Steam, quase não se vê notícias de 'Dota 2', 'Team Fortress 2' e 'Counter-Strike', e esses jogos são atualizados quase que diariamente. Já 'LoL' lança um campeão novo e vira notícia em todos os sites, ou seja, acaba ficando presente na mente da molecada".

Luciano Venâncio diz que a Valve deveria vir para o Brasil, como fez a Riot Games. "'Lá fora tem muita gente jogando 'Dota 2' e no Brasil existem menos pessoas [jogando]. Tudo bem que temos servidores aqui, mas tem coisa que a galera não curte, como as notas de atualização que são traduzidas pela comunidade e não pela Valve. Sem falar que não tem um campeonato oficial sequer no Brasil", reclama.

Realmente, a presença da Valve em território nacional poderia aumentar a popularidade de seus jogos. Esse foi um dos motivos para o crescimento da popularidade de "League of Legends" no Brasil, afinal, com isso a Riot Games conseguiu realizar campeonatos, divulgar as novidades e conquistar os jogadores.

"Eu não jogo 'LoL' por causa da galera que joga ele. É um bando de criança reclamando", diz Luciano. "Além do que, 'Dota' é mais bonito. Tanto que 'LoL' copiou o mapa numa atualização recente".

Já o Davi também acha que falta campeonatos no Brasil para ajudar a popularidade de "Dota 2". "Eu vejo o que o [Martin Gonçalves] 'Espeon' faz campeonatos e tento copiar. Se dá errado eu tento seguir o esquema do [Caio Almeida] 'Loop'. Eu nem sei quem são os [jogadores profissionais] de 'Dota 2', nem se tem outro campeonato brasileiro além do XMA".

A ausência da Valve em outros mercados dificulta a visibilidade de "Dota 2". Uma das saídas da empresa seria criar mais eventos com a mesma qualidade que o The International fora dos EUA, que é o campeonato com a maior premiação em dinheiro entre os eSports da atualidade. Se esse modelo fosse inserido em mais mercados, com toda certeza, seria "GG" [Good Game, uma gíria nos jogos online] para a Valve.