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Revistas de games antigas custam até R$ 200; veja dicas de colecionadores

Rafael Marques tem mais de 1700 revistas de games, incluindo clássicas publicações nacionais como SuperGame e Videogame - Arquivo pessoal
Rafael Marques tem mais de 1700 revistas de games, incluindo clássicas publicações nacionais como SuperGame e Videogame Imagem: Arquivo pessoal

Claudio Prandoni

Do UOL, em São Paulo

08/06/2015 17h36

Enquanto sites e canais de vídeos se consolidam cada vez mais como meios rápidos e eficientes para saber novidades sobre games, as revistas impressas deixam essa função de lado para virar artigos nostálgicos, dignos de coleção.

Não que isso diminua o valor delas, pelo contrário: "você encontra revistas que variam de 5 até 200 reais", conta Cleber Marques, colecionador e administrador de um grupo no Facebook com cerca de 1800 membros destinado ao colecionismo de revistas de games.

"Se uma revista é difícil de encontrar ela tem um preço alto. Se estiver em boas condições o preço dobra, se ela tiver ainda o complemento original (como pôster, adesivo...) o preço pode ser bem alto!"

Com cerca de 2,5 mil exemplares na coleção, Cleber se dedica a colecionar revistas brasileiras: "uma das poucas publicações internacionais que eu tenho é a Nintendo Power, todo o restante da coleção é formado por revistas lançadas no Brasil, minha verdadeira paixão", explica ele. "Tenho praticamente todos os títulos já lançados por aqui dos anos 80 até hoje em dia".

Entre esses títulos se destacam publicações como a Ação Games, Videogame e SuperGamePower, preferidas também de outros colecionadores, como Rafael Marques, que tem mais de 1,7 mil revistas.

"Iniciei minha coleção em 1999, quando decidi me aventurar em ter todas as edições da revista SuperGamePower", relembra. "Foi a primeira publicação que consegui completar, mas acabei fechando a conta com a GamePower e SuperGame, ambas da Editora Nova Cultural. Depois disso, não resisti e fui atrás da Videogame, Ação Games, e pra fechar o sexteto a Gamers. Hoje tenho elas 'completas' em suas edições mensais".

Outro caso curioso é o de Marlon Martins, que começou sua coleção meio 'sem querer querendo': "por volta de 2007 passei a frequentar um sebo no centro de Belo Horizonte que tinha muitas edições antigas; por hábito, toda vez que eu ia ao centro a trabalho eu voltava com uma revista  comprada no sebo para ler no metrô. "Quando dei por mim, a quantidade de revistas em casa estava crescendo e comecei a ter vontade de não apenas comprar mais algumas como também de  reler algumas clássicas dos anos 90".

Atualmente, Marlon conta com mais 1800 revistas só de videogame em casa - além de coleções de outras publicações, que já passam dos 600 exemplares.

Colecionadores de revistas - Como guardar - Cleber Marques - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Cleber guarda suas revistas em plásticos dentro de pastas, todas catalogadas
Imagem: Arquivo pessoal

Como preservar

Cuidar de tanto papel não é tarefa fácil. Para Cleber, "que seja o mínimo de cuidado, ele tem que existir".

"Ao receber uma revista de assinatura ou comprar na banca de jornal, leio e já guardo na minha estante, dentro de um plástico e depois em um porta revistas de acrílico. Caso seja uma edição que comprei usada de alguém ou em algum sebo, limpo todas as páginas com uma flanela antes de guardar no plástico e porta revistas".

Colecionadores de games - Cleber Marques - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Cleber Marques tem mais 2500 revistas de videogame na coleção
Imagem: Arquivo pessoal

Outra dica importante do colecionador Laercio Lopes, que tem mais de 1,2 mil exemplares de revistas, é "passar levemente uma flanela na capa e em todas as páginas e depois guardar dentro de um plástico".

Por fim, é essencial também mantê-las em estantes não abafadas, com espaço para o ar circular, conforme sugere Marlon.

Onde comprar?

Ficou interessado em iniciar sua própria coleção de revistas antigas de videogame? "Sebos são excelentes opções para quem está começando", explica Marlon. "Se você for bom de papo pode fazer como eu já fiz algumas vezes: manter um bom relacionamento com os proprietários pois estes acabam te dando preferência e reservando algo de sua lista quando aparece. Consegui muita coisa bacana assim".

Ainda assim, parece consenso entre colecionadores que os sebos são bons pontos de partida, mas deixam de ter muita utilidade para quem se dedicar mais ao hobby.

"A maioria dos sebos não sabem cuidar das revistas, estocam sem saco plástico e acabam com as páginas, colocam adesivo ou preço escrito direto na capa, isso mata qualquer colecionador do coração", explica Cleber.

"Geralmente um colecionador busca uma revista em ótimo estado e nos sebos acaba sendo um pouco difícil de encontrar. Mas é uma boa opção sim, ainda mais se o interesse da pessoa for apenas folhear e relembrar uma leitura prazerosa da infância", conta Rafael.

Raridades

Dentre as revistas mais raras, destacam-se as primeiras edições das publicações clássicas.

Para Laercio, "os exemplares mais raros são os números que antecederam o lançamento da revista Ação Games, que na época se chamava A semana em ação – Games, os primeiros números das revistas Ação Games, Videogame, Supergame, Gamepower e algumas edições especiais como a Videogame do Alex Kidd e do Ninja Gaiden/Vigilante".

"Sempre me pedem para dar uma olhada nas 'n°1', mas creio que as mais raras que tenho são edições especiais que saíram com baixa tiragem", revela Marlon.

Gamers Book 1 - Capa - Divulgação - Divulgação
Uma das revistas brasileiras mais raras é a primeira edição da Gamers Book: "essa revista foi vendida por R$5,90 em sua época de lançamento, hoje em dia não se acha ela por menos de R$150,00 devido à sua raridade", conta Rafael Marques
Imagem: Divulgação

Fora do âmbito nacional, Cleber se orgulha de ter as primeiras publicações oficiais da Nintendo nos Estados Unidos: ". E eu não estou falando da revista mensal que saia em banca, apesar de ter todas elas da 1 até a 285, estou falando do periódico distribuído antes da Nintendo Power, chamado Nintendo Fun Club - muito parecido com os periódicos que a gente teve aqui no Brasil, como o Sega Club/Sega Mania  e o Nintendo Hot Shots".

"Paguei um preço bem salgado [nestes exemplares do Fun Club], acredito que foi o conjunto de itens mais caro que já comprei", admite. "Tive que disputar um leilão e passou dos 400 dólares, por algumas poucas páginas impressas".

Tanta devoção às antigas revistas chegou a chamar atenção até de gente que ajudou a fazer as publicações.

Conforme conta Rafael, "uma história curiosa foi quando o Toni Cavalheiro, o lendário piloto de jogos da Revista Videogame me contatou oferecendo algumas revistas que ele tinha guardado. Como eu já tinha conversado com ele antes, trocamos diversas ideias bacanas sobre a revista, ele sabia da minha coleção completa da Revista VideoGame e quis deixar a sua coleção com alguém que fosse cuidar dela".

"Quando chegou a caixa a minha surpresa foi enorme: tinha também uma linda coleção de revistas Nintendo Power antigas, do inicio de vida da publicação, somadas a diversas edições nacionais raras e em excelente estado de conservação".

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