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Brasileiro que criou o Kinect é responsável por óculos holográficos do Xbox

Kudo Tsunoda - E3 2015 - Pablo Raphael/UOL - Pablo Raphael/UOL
Antigo porta-voz do Kinect, Kudo Tsunoda fala ao mundo agora sobre o HoloLens
Imagem: Pablo Raphael/UOL

Pablo Raphael

Do UOL, em Los Angeles

16/06/2015 16h15

Alex Kipman, o brasileiro que criou o Kinect, sensor de movimentos do Xbox, é o principal responsável pelo HoloLens, óculos holográficos da Microsoft. É o que contou Kudo Tsunoda, vice presidente e líder de desenvolvimento criativo da empresa, em entrevista exclusiva ao UOL Jogos.

“Alex é a principal pessoa guiando a invenção da tecnologia e descobrindo que tipo de hardware vamos precisar para o HoloLens”, revelou Tsunoda, que diz achar muito divertido trabalhar com o brasileiro.

“Eu tenho a sorte de trabalhar com a parte experimental dos nossos projetos e Alex faz esse trabalho fantástico criando ferramentas poderosas para as pessoas desenvolverem experiências incríveis com elas”, explicou empolgado o executivo com ares de rockstar, vestido de forma despojada e com longos cabelos um pouco descuidados.

O projeto da vez são os óculos HoloLens, que utilizam hologramas para proporcionar experiências interativas de realidade aumentada, misturando as imagens projetadas pelo visor com o cenário ao redor do usuário - e permitindo a interação da pessoa com a projeção através de gestos e comandos de voz.

É uma proposta bem diferente da realidade virtual, principal tendência para o futuro dos games e, para Tsunoda, isso não é um problema. “Temos parcerias com a Valve e a Oculus VR, então eu não diria que a Microsoft não está fazendo nada no campo da realidade virtual. Somos bastante ativos nesse campo, queremos que o Windows 10 seja a melhor plataforma para as experiências de realidade virtual, tanto para o desenvolvedor quanto para o consumidor”.

“Mas com o HoloLens queremos forçar os limites do que pode ser feito, inventando novas experiências e agregando valor na vida das pessoas”, disse Tsunoda sobre as várias aplicações do aparelho, que vão desde o controle desenvolvido na NASA para o robô Curiosity até uma versão do game ˜Minecraft˜, que constrói o mundo do jogo em 3 dimensões no meio da sala do jogador. Qualquer semelhança com o computador de Tony Stark é mera coincidência.

Alex Kipman - Microsoft - Divulgação - Divulgação
O paranaense Alex Kipman foi um dos criadores do Kinect e agora trabalha no HoloLens
Imagem: Divulgação

Uma nova plataforma

“As pessoas pensam que essas são coisas de um futuro distante, mas nós temos os hologramas aqui e agora”, disse Tsunoda. Com várias aplicações além dos games, o executivo acredita que o HoloLens terá um grande impacto na sociedade: “O HoloLens é uma plataforma de mídia totalmente nova, não é algo que chega para apenas ampliar uma experiência já existente”.

“Ser capaz de se comunicar de novas maneiras, aprender de novas maneiras, trabalhar… até criar os seus próprios objetos 3D, esculpir hologramas, poder estar aqui na E3 e mostrar como hologramas podem funcionar nos jogos e mudar os games e o entretenimento”, recitou o executivo, claramente empolgado. “Temos desde companhias como a NASA que via usar o HoloLens parar guiar um robô em outro planeta até a Mojang mostrando como vai mudar a forma que as pessoas vêem os mundos de Minecraft”.

Impacto nos games

Sobre a demonstração de “Minecraft" feita com o HoloLens durante a E3, Tsunoda revelou que é possível mais de um jogador, equipados com os óculos, verem e interagirem juntos com o mundo do jogo. Embora “Minecraft”, com seu aspecto de caixa de areia cheia de brinquedos, seja perfeito para esse tipo de exibição, Tsunoda acredita que outros tipos de games se beneficiarão muito da nova tecnologia.

"O que aprendemos sobre jogos com o HoloLens é a perguntar: como você incorpora o ambiente do mundo real ao game? Isso realmente muda os jogos pois torna a experiência única para cada um, onde você está jogando afeta o jogo”, explicou.

Perguntado sobre quais games gostaria de ver rodando no HoloLens, Tsunoda respondeu: ˜Qualquer jogo que tenha narrativas e personagens fortes. Quero dizer, jogadores são muito apegados aos personagens e suas histórias, e podemos trazer esses personagens para a sua sala e encenar essas histórias dentro da sua casa. Isso vai criar muito envolvimento com o jogo”.

Segundo Tsunoda, além de “MInecraft”, a Microsoft trabalha em outros games que terão suporte para Hololens, mas não pode anunciar nada no momento. O executivo também não pode anunciar uma data de lançamento ou preço para o aparelho, mas avisa: ˜Será durante o ciclo do Windows 10 e está mais perto do que muitos imaginam”.

O preço? “Nosso foco é o valor que o HoloLens pode trazer para a vida das pessoas. Entendemos que os consumidores são sensíveis ao preço, teremos um bom preço para o HoloLens, mas agora estamos concentrados em oferecer um valor fantástico com o que os hologramas podem fazer”.