Topo

'PlayStation Plus': coleções indie vs exigências demais dos jogadores?

Divulgação
Imagem: Divulgação

Rodrigo Flausino

Do UOL, em São Paulo

02/08/2015 15h38

Foi-se o tempo onde os jogadores e a imprensa especializada comentavam se valia mais a pena assinar a Plus europeia no lugar da americana. Quando a Sony anunciou a PlayStation Plus, com seus 12 jogos gratuitos logo de cara, promessas de betas abertos e descontos, praticamente virou o jogo a favor do PlayStation 3.

Ter PlayStation Plus e receber jogos top era o top da época. "Mass Effect 3", "Batman: Arkham City", "Uncharted", descontaços em muitos jogos AAA, o serviço veio como uma bomba na indústria, e pelo PS3 não precisar pagar para jogar online ("a gente é tudo de graça e vocês caixistas não, hahaha", diziam os sonystas mais fervorosos/trolls na época) a Plus vinha mais como um "concorrente da Live, mas com joguinhos extras".

O tempo foi passando, o serviço ganhou os jogos do PS-Vita (que era praticamente ignorados por quem não tem o portátil), o PlayStation 4 foi lançado, veio a promessa do "DRIVECLUB" (ainda acredito que a Sony se arrependeu de ter anunciado uma versão do jogo pro serviço e segurou o lançamento desta versão, pois não explica a demora pro game ter ganhado a versão Plus) e então vimos que no console next-gen da empresa só estava vindo games menores e jogos indie.

Inicialmente a gente poderia citar que "o PS4 ainda não tem jogo direito, e são 2 jogos de cada console por mês", e ei, olha aí o "Resogun", um dos jogos menores mais maneiros do console! Esse visual embasbacante e next-gen, adrenalina e tudo mais! Só joguei o game nos últimos meses e curti. Mas após o "Resogun", o console praticamente só teve jogos menores pro serviço, mesmo com jogos de qualidade, como o "Guacamelee!" e o recente "Rocket League".

Enquanto isso, os jogos "cross-buy" praticamente vieram com força, enquanto que o catálogo "AAA" do PS3 que a gente estava acostumado a ver começou a desaparecer. Nesse meio tempo a Live contra-atacou e veio com força com o "Games with Gold", só que com eles vieram os jogos AAA que a gente tanto pede (como o Assassin's Creed IV para o Xbox One), e os donos do Xone começaram a ter jogos melhores que o catálogo mensal da Plus, dependendo do mês.

Então veio as reclamações do serviço (inclusive minhas), onde a gente só vê indie, indie, indie.

PlayStation Plus - Jogos de julho de 2015 - Divulgação - Divulgação
Games de julho
Imagem: Divulgação

É justo essas reclamações por parte do serviço? Eis o "x" da questão, pois a gente paga por um serviço premium e tem o "direito constitucional do mimimi", mas com o PS4 a Sony viu que não precisava mais negociar títulos matadores pro serviço. Por ser necessário ter a Plus para jogar online, os consumidores precisariam do serviço, e os jogos gratuitos da vez vem como lucro.

Outra questão é que quando um jogo vai pra Plus, você praticamente "mata" o faturamento das produtoras (em termos). Jogadores que compraram um "game AAA" antes vendem cópias usadas a preço de banana, futuras compras do jogo deixam de existir pela enorme parcela de assinantes do serviço...talvez a Sony repasse pras produtoras alguma parcela futura do faturamento de novas assinaturas para compensar o jogo gratuito.

Em maio de 2013, Christofer Sundberg, fundador e CEO da Avalanche Studios, comentou ao Gamasutra que "não viu 1 centavo" da grana da Sony, onde o "Just Cause 2" foi um dos destaques do início do serviço. Mas o que ele ganhou de "base de fãs" e burburinho dos jogadores compensou o serviço e a inserção do game lá, o que potencialmente deve ter ajudado pros jogadores ficarem interessados no "Just Cause 3". Uma jogada acertada de marketing, no final das contas!

Diversos jogadores e jornalistas especializados reclamam que a gente reclama da Plus todos os meses. O catálogo deste mês até que está legalzinho com o "Lara Croft" e o "God of War: Ascension", que são jogos "top" de acordo com o que eles prometeram entregar. Nos últimos meses vimos o Styx (de furtividade) e o "Metal Gear Solid: Ground Zeroes", que, apesar de sua curta duração, tem o pedigree da série Metal Gear, além de servir de publicidade para o "The Phantom Pain". Mas a gente sempre é exigente, e agora com o PS4 iria querer ver algum jogo "realmente top" no serviço, o que ainda não aconteceu.

Se for botar na ponta do lápis, o valor que você está pagando no jogo está sendo muito menor do que você gastaria se pagasse o preço cheio dele. Claro que vem a questão de "jogo velho", mas diversos jogos menores da Plus são lançamentos, como o Rocket League, Resogun e alguns ganharam a versão da plataforma diretamente no serviço, como o "Skulls of the Shogun: Bone-A-Fide Edition".

Aí vem a máxima que sempre temos de praticar: você consegue consumir todos os jogos gratuitos que a Sony oferece? Ainda preservou o PS3 velho de guerra, ou está só no Destiny jogando "descompromissadamente" no PS4? Tem meses que a gente quer xingar o serviço pelo "catálogo fraco", mas às vezes aquele "joguinho besta" pode surpreender.