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Antes vista como vilã, pirataria não atrapalha mais jogos brasileiros de PC

"Quem pirateou não compraria mesmo o game", acredita o criador de "Aritana" - Divulgação
"Quem pirateou não compraria mesmo o game", acredita o criador de "Aritana" Imagem: Divulgação

Théo Azevedo

Do UOL, em São Paulo

05/08/2015 11h18

Um dos principais jogos brasileiros lançados em 2014, “Aritana e a Pena da Hárpia” foi vítima implacável da pirataria: de acordo com Pérsis Duaik, um dos responsáveis pela produção, mais de 90% das cópias do game foram pirateadas no PC.

Problemão? Que nada. “Teoricamente não há prejuízo, já que quem pirateou não compraria mesmo o game”, explica Duaik, que conseguiu aferir a quantidade de cópias baixadas ilegalmente ao adicionar uma linha de código que rastreia o comportamento do jogador em “Aritana”.

Como os desenvolvedores de jogos no Brasil são, em sua maioria, independentes, os custos de produção costumam ser mais enxutos, mas não há verba pra marketing. Ou seja, resta às empresas concentrarem-se no consumidor que está mesmo afim de adquirir o game. "Se não conseguimos nem vender direito pro público que compra, imagina combater o público que não compra", argumenta Saulo Camarotti, proprietário da Behold, que desenvolveu "Chroma Squad” para PC.

"Sabemos que a versão pirata [de 'Chroma Squad'] está em sites russos, chineses e brasileiros, mas pelo número de downloads - algo entre 7.000 cópias, não é nada expressivo", diz Camarotti, para quem a pirataria deve ser motivo de preocupação apenas para as grandes produções.

“Chroma Squad”, aliás, já vendeu 50 mil cópias, arrecadando cerca de R$ 1,6 milhão.

Gerencie um divertido estúdio de TV em "Chroma Squad"

Com mais de 125 milhões de usuários o Steam, serviço de distribuição digital de jogos da Valve, tem um papel positivo no combate à pirataria, graças aos preços atraentes e à facilidade de usar a loja virtual: “É tão fácil e cômodo comprar no Steam, e piratear dá um certo trabalho”, diz Thais Weller, da Joy Masher, produtora de “Oniken” e de “Odallus”, este último recém-lançado no computador.

Além do trabalho e do risco que envolve navegar por sites piratas, o preço camarada dos jogos brasileiros também ajuda: para se ter uma ideia nenhum dos games citados nessa reportagem custa mais que R$ 30, cifra bem distante do valor cobrado pelos “blockbusters”, que variam entre R$ 100 e R$ 250.

“Toren”, por exemplo, custa cerca de R$ 25 no PC – também há versão para PlayStation 4 – e já vendeu o suficiente para bancar a próxima produção da Swordtales, que criou o jogo. “Nosso preço mais baixo no Brasil ajudou a alcançar a meta”, comenta Alessandro Martinello, da empresa.