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Famílias, cambistas, caravanas e cosplayers: Como foi a final do CBLoL

Mãe do Kami - Victor Ferreira/UOL - Victor Ferreira/UOL
"Decidi me vestir assim para incentivar e torcer pelo meu filho, que vai arrebentar nestes últimos jogos", disse a mãe de Kami, orgulhosa com o desempenho do jogador profissional.
Imagem: Victor Ferreira/UOL

Victor Ferreira

Do UOL, em São Paulo

10/08/2015 13h07

No último sábado (8), a paiN Gaming e INTZ foram ao novo estádio do Palmeiras, o Allianz Parque, para definir o Campeonato Brasileiro de “League of Legends”.

O espetáculo foi visto na arena por mais de 12 mil espectadores, também repercutindo em sites e canais televisivos, mostrando que o eSport está tomando força no Brasil como uma modalidade esportiva profissional.

E por ter uma escala maior, o evento também trouxe elementos comuns de outros tipos de competição esportiva e shows, como os cambistas vendendo ingressos por preços bastante salgados e as caravanas de torcedores vindas de diversas cidades, mas as ainda com características próprias, como a colorida participação dos cosplayers.

Também chamou a atenção a torcida amigável e sem violência no estádio, notada por muitos pais que acompanhavam os filhos na grande final do CBLoL - e que não fariam o mesmo em um clássico do futebol brasileiro, como você vê no vídeo que abre esta reportagem.

Cambistas na entrada

Às vésperas da final, a Riot Games havia declarado ao UOL Jogos que tomou medidas para evitar o comércio paralelo, limitando vendas para 4 ingressos por CPF e prometendo que iria trabalhar “junto às forças policiais, durante o CBLoL no Allianz Parque, para o controle de possíveis cambistas no dia do evento”.

Ainda assim, horas antes da abertura dos portões do estádio, era possível ver vários cambistas comprando e vendendo ingressos para o público.

Em geral, o principal método utilizado pelos vendedores era o de comprar o ingresso de algum fã e revendê-lo a um preço maior.

“Compro por R$ 80, R$ 100…”, disse um cambista ao UOL Jogos. “Depende da cara da pessoa”. Com visual descolado, o comerciante chegava a ter uma máquina de cartão guardada em um bolso de seu blazer.

Este e outros vendedores paralelos indicaram que os ingressos revendidos poderiam chegar de R$ 120 a R$ 150 - Oficialmente, eles foram vendidos por R$ 30 até R$ 40.

A polícia, por sua vez, parecia se contentar em manter o público sob controle no evento, deixando os cambistas fazerem negócios a poucos metros de distância. Os membros da organização do evento, por sua vez, em geral ignoraram os comerciantes.

Caravana CBLoL - Victor Ferreira/UOL - Victor Ferreira/UOL
Até parece dia de clássico do futebol: portando bandeiras, torcida veio de longe para a final do CBLoL em São Paulo
Imagem: Victor Ferreira/UOL

Caravanas de fãs

A final do CBLoL também foi motivo de peregrinação para o Allianz Parque, com vários fãs viajando cidades ou até mesmo Estados para conferir o embate entre paiN e INTZ.

Leonan Ruteski, primeiro da fila do evento, viajou de Taquaritinga para conferir a partida, junto de outros fãs do interior de São Paulo. "Vim com um ônibus que veio pegando a galera nas cidades próximas e levando pra cá", disse.

Outros aficionados vieram de ainda mais longe, atravessando os Estados do Rio de Janeiro e São Paulo para conferir a final regional. “A gente começou pela região dos Lagos, e fomos seguindo e pegando o pessoal durante o percurso” disse um viajante carioca. “No final a gente demorou umas 8 horas, e fizemos 3 paradas”.

Outras cidades, como Campinas, também organizaram suas próprias caravanas para conferir a final - o ponto comum entre elas sendo a forte torcida pela paiN Gaming.

“Os caras fazem por merecer”, disse um fã carioca, que chegou a trazer uma bandeira própria com o emblema da equipe, que viria a ser vencedora do CBLoL.

Cosplayers fazem a festa

Como é de se esperar neste tipo de evento, os cosplayers marcaram presença, exibindo visuais elaborados meticulosamente com base nos campeões de “League of Legends” - chegando a gastar centenas de reais para criar estas fantasias.

Celebrando o empenho destes fãs, a Riot liberou um espaço próprio dentro do estádio para que os cosplayers pudessem posar e interagir com o público - chamado de ‘diorama’ - e realizou um Campeonato de Melhor Cosplay.

Entre os jurados desta competição estava Leon Martins, de Minas Gerais, que já ficou conhecido por entusiastas por sua versão fiel do campeão Draven, produção caprichada e nada barata: são R$ 1.600 em acessórios e maquiagem para se transformar no personagem.

Cosplay LoL - Reinaldo Canato/UOL - Reinaldo Canato/UOL
"Este cosplay no todo deve ter saído por na faixa de R$ 1.600 contando prótese de cabelo, lente, bigode - o bigode é de cabelo humano, para ficar virado", contou Leon. "São duas horas só de maquiagem, porque o Draven é um personagem muito carismático, então a cara dele - eu posso estar cansado ou o que seja - mas quando eu poso para uma foto tem que ter aquela característica de intocável e inabalável".
Imagem: Reinaldo Canato/UOL

Este investimento deu certo, e Leon já ficou marcado como Draven na mente do público e mesmo dentro da própria Riot no Brasil.

“Falei com a Riot sobre outros cosplays, e eles me disseram: ‘Cara, infelizmente o que você fizer vai ser um Draven fantasiado de outro personagem’”.


Outra cosplayer veterana que serviu de jurada foi Gabriela Birchal, que pratica cosplay desde 2004 - sendo que começou a encarnar personagens de “LoL” apenas em 2013 - e também viajou de Minas Gerais para conferir o evento, participando como a campeã Vi com sua skin de policial.

“Acho que a cultura do cosplay de ‘LoL’ está começando agora - tem muita gente que é iniciante -, então está em uma fase muito boa, muito saudável, em está todo mundo se ajudando, dando dicas, incentivando uns aos outros”, disse. “É algo que renovou minha vontade de fazer cosplay”.

Não foram, porém, apenas fãs calejados que participaram da final à caráter, como é o caso de Sandra, que veio vestida como a personagem Lux em homenagem a seu filho - o Mid Laner da paiN Gaming, Kami.

A torcida especial de Sandra valeu a pena, e a paiN agora segue para disputar uma vaga no Mundial de “League of Legends”.