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Astro dos jogos exclusivos do PS4, "Uncharted" decepciona na dublagem

Rodrigo Guerra

Do UOL, em São Paulo

06/10/2015 16h57

Nathan Drake, o protagonista da série "Uncharted", é conhecido por seu jeito descontraído, sagaz, irônico e piadista.

Esse herói do mundo moderno, que tem um quê de Indiana Jones, carrega em suas costas o peso da atual franquia de maior sucesso da Sony e que a empresa faz questão de cuidar como se fosse um tesouro precioso. Entretanto, a versão brasileira do herói parece estar bem fora de sintonia do que vemos nos EUA.

Nesta sexta-feira (9) chega ao PlayStation 4 o pacote "Uncharted: The Nathan Drake Collection", coletânea em alta definição dos três jogos da série lançados para PS3 e que traz uma bela novidade: os dois primeiros jogos, "Drake's Fortune" e "Among Thieves", dublados em português do Brasil. A ideia, no papel, é interessantíssima para os fãs da Sony, mas, como você pode ver nos vídeos nesta reportagem, esse não é um dos melhores trabalhos de dublagem nos videogames.

Diferente do que vemos no original, a voz do Drake brasileiro parece ser mais um espertalhão do que um herói de primeira linha. O personagem por vezes usa entonações diferentes do que estamos acompanhando na tela, deixando a impressão de que o protagonista não está em sintonia com o que acontece ao seu redor.

 

Na icônica cena de perseguição de helicóptero de "Uncharted 2", por exemplo, parece que Drake não está passando por um perigo de vida, mas sim fazendo um passeio pelo parque. E esse é apenas um trecho de dezenas de outros equivalentes.

Além disso, vemos que algumas expressões e piadas ficaram bem esquisitas pois foram traduzidas ao pé da letra. Um dos primeiros momentos que você nota isso é na brincadeira de Elena. Na primeira cena de "Drake's Fortune" que diz "É igual uma câmera, é só apontar e atirar". Isso por que a expressão "Shoot" em inglês significa tanto atirar quanto gravar.

Esses errinhos de localização ocorrem em todos os três jogos da série e, quando isolados, realmente não são tão irritantes. O problema é que isso se espalha ao longo dos jogos e ficam cada vez mais evidentes – e irritantes.

O pior é que esta coletânea era a grande chance de a Sony se redimir em relação à dublagem na série. Esse foi um dos principais pontos criticados pela mídia especializada e fãs no lançamento de "Uncharted 3", em 2011, inclusive aqui em UOL Jogos.

 

Ação em alta definição

Tirando esse grande defeito de "Uncharted: The Nathan Drake's Collection" da frente, a adaptação da trilogia de ação da Sony está muito boa. A qualidade da remasterização trouxe diversas novidades interessantes, como os jogos rodando a 1080p e 60 quadros por segundo, sincronia vertical de "Drake's Fortune" (que era um dos problemas gráficos mais irritantes do primeiro game) e mais detalhes técnicos que deixaram os games mais bonitos do que já eram originalmente.

Além disso, foram feitas modificações nos controles, unificando a disposição dos botões e outras coisas, como um modo de corrida contra o tempo. Nessa opção, por exemplo, você disputa com amigos para ver quem termina um determinado estágio mais rápido.

Como era de se esperar, os jogos originais continuam sendo incrivelmente divertidos e desafiadores. As adições são bem-vindas pois ajudam a se aprofundar nas aventuras e caçadas ao tesouro. Quem já jogou os games anteriormente fica com a possibilidade de colecionar novos troféus e reviver essas aventuras.

Pelo lado negativo, a coletânea removeu os modos multiplayer de "Uncharted 2" e "Uncharted 3", deixando os games somente com o modo de história. Ou seja, esse é um jogo direcionado para quem não jogou os originais ou para aqueles que gostavam mais da história do jogo, porém se você gosta dos modos competitivos, ainda não está na hora de aposentar seu PS3.

No final das contas, "Uncharted: The Nathan Drake Collection" é uma boa coletânea, ainda que peque – e muito – na questão da dublagem e não traga nada de realmente novo para quem já jogou os games da série.