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Oposto de "Call of Duty", novo "Rainbow Six" exige calma e jogo de equipe

Em "Siege", o planejamento conta e a pressa (realmente) é inimiga da perfeição - Divulgação
Em "Siege", o planejamento conta e a pressa (realmente) é inimiga da perfeição Imagem: Divulgação

Rodrigo Lara

Do Gamehall

17/11/2015 20h11

A série "Rainbow Six" sempre caminhou em um sentido oposto ao seguido pelas franquias de tiro mais populares - ou seja, de "Call of Duty". Jogar uma partida online do game da Activision para, em seguida, se aventurar no jogo de polícia contra bandido da Ubisoft é quase como trocar um trem bala por uma charrete.

Dada a proximidade do lançamento de "Call of Duty: Black Ops III" (6 de novembro) e "Rainbow Six: Siege" (1º de dezembro), a comparação é inevitável. Afinal, o bolso do jogador é um só e, muitas vezes, o orçamento nos obriga a fazer escolhas difíceis.

O ritmo lento do jogo, que poderia ser uma crítica, contudo, é uma das características mais marcantes da franquia e uma das metas dos desenvolvedores, de acordo com o brasileiro Nicholas Souza, designer de "Rainbow Six: Siege".

"Nosso principal diferencial é, além do combate tático, a letalidade". Ou seja, encarnar o exército de um homem só e correr em direção aos inimigos é garantia de uma morte rápida, uma vez que a energia dos personagens não é recuperada durante as partidas. 

Cada agente tem características distintas e se inspira em forças especiais consagradas ao redor do mundo, como a SAS britânica, o FBI norte-americano, o GIGN francês ou a Spetsnaz russa. "Fizemos um extenso trabalho de pesquisa para entender e reproduzir as principais características dessas forças, como o tipo de equipamento e o perfil de atividade", explica Souza.

E aqui, uma boa notícia para os brasileiros: a Ubisoft divulgou o plano de expansões para o jogo recentemente, mostrando que um agente inspirado em uma força policial do Brasil chegará gratuitamente ao game em julho de 2016. "Ainda não podemos revelar detalhes sobre esse conteúdo, mas tudo está sendo feito com cuidado e deverá ser uma novidade bem legal".

Uma falta considerável, porém, está no fato do jogo ser quase que totalmente voltado ao modo multijogador. A ausência de uma campanha com história é ainda mais sentida se considerarmos que "Rainbow Six" utiliza como pano de fundo a obra do falecido escritor norte-americano Tom Clancy. Souza justifica a escolha como uma forma de reforçar o caráter estratégico do game, assim como o jogo de equipe. Essa, talvez, seja a principal desvantagem do game em relação aos concorrentes, por mais que os jogadores deste estilo de jogo gastem seu tempo em partidas online. 

Planejar é fundamental

A dinâmica do combate funciona como o tradicional jokenpô, o conhecido jogo de "pedra, papel ou tesoura": as unidades são balanceadas de forma a ter pontos fortes e fraquezas que representam vantagens e desvantagens em relação a outras classes. Personagens com maior armadura e poder de fogo, obviamente, causam mais dano, mas são lentos e podem ser surpreendidos por unidades menos armadas, porém mais velozes. Isso privilegia a formação de grupos equilibrados, com um componente estratégico presente antes mesmo de as balas voarem.

E por falar em balas, a quantidade de munição carregada pelos agentes é mais do que suficiente para uma partida, porém seus equipamentos auxiliares, como granadas incapacitantes e explosivos para arrombamento têm uso bem restrito. Por fazerem uma grande diferença se utilizados nos locais certos e da forma inteligente, esses itens exigem moderação e oportunismo da parte do jogador.

Novamente, um time bem equilibrado terá vantagens na hora de, por exemplo, utilizar uma rota alternativa capaz de surpreender os adversários. Os cenários são destrutíveis em certas partes, dependendo do material de sua construção, fornecendo com isso uma falsa sensação de proteção. Ou seja: aquela parede na qual você está escondido não é garantia de segurança, uma vez que balas ou explosivos são capazes de atravessá-las.

O planejamento das ações segue até os primeiros momentos de partida. Enquanto aqueles que estão incumbidos de defender um objetivo geralmente montam armadilhas, reforçam partes frágeis do cenário e espalham arame farpado pelo chão, o time de atacantes utiliza drones com câmeras para localizar e marcar seus inimigos. A partir daí a ação começa e o caminho é definido pelo jogador. É possível invadir prédios pelo telhado, explodir paredes ou utilizar passagens tradicionais como portas e janelas para chegar até o objetivo.

Esse caráter estratégico somado às partidas competitivas entre grupos de cinco jogadores e um modo no qual é possível ser espectador - e com uma visão que permite ver com clareza o que acontece - poderiam credenciar Rainbow Six: Siege" a ser utilizado em competições de e-Sports. Segundo Souza, contudo, a Ubisoft pretente aguardar a recepção dos jogadores para tomar alguma atitude no sentido de organizar campeonatos do game como faz com "Just Dance".

Veja trailer de "Rainbow Six: Siege" da Gamescom 2015

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Na prática, funciona (e bem)

Durante um breve teste feito por UOL Jogos do modo "Situations" (que serve como  tutorial do game, com o intuito de apresentar as capacidades de cada agente) e de uma variação do "Terrohunt" (modo cooperativo contra terroristas controlados pela inteligência artificial do jogo), as diferentes possibilidade de abordagem de um mesmo cenário chamaram a atenção. "Uma das coisas mais legais desse jogo é que não há uma forma correta de se jogar ou um caminho mais fácil. Dependendo do agente utilizado e do estilo do jogador, a abordagem varia bastante", salientou o designer de "Rainbow Six: Siege". 

Apesar do modo "Situations" ser feito para um jogador, encarar o "Terrohunt" sozinho se mostra uma tarefa quase impossível. Nessa modalidade, chegar até o objetivo - uma bomba acomodada na sala de uma mansão - e plantar o sistema que a desativaria não foi uma tarefa difícil, em contraponto à tarefa de resistir à horda de inimigos que surge para destruir o equipamento instalado. Estar sozinho nessa hora - e sem uma equipe para agir de forma organizada - é garantia de uma morte certa e rápida. 

Mesmo divertidos, esses modos deverão ficar em segundo plano diante do multiplayer competitivo "5 vs 5" que certamente será o carro chefe do game. Nele, grupos de cinco jogadores se enfrentam entre si, alternando a posição de atacantes e defensores. A lembrança mais imediata remete às partidas de "Counter Strike", hit das lan houses brasileiras entre o final dos anos 1990 e início dos anos 2000.

Caso chame a atenção dessa saudosa audiência, "Rainbow Six: Siege" tem tudo para justificar a coragem da Ubisoft em encarar "Call of Duty" de frente.

Dublado e legendado em português, "Rainbow Six: Siege" sai em 1º de dezembro para PC, PlayStation 4 e Xbox One.