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Saiba como cinco brasileiros chegaram à elite mundial do "Counter-Strike"

Estrela brasileira do "Counter-Strike", "Fallen" tira foto com fãs em evento - Pedro Henrique Lutti Lippe/UOL
Estrela brasileira do "Counter-Strike", "Fallen" tira foto com fãs em evento Imagem: Pedro Henrique Lutti Lippe/UOL

Pedro Henrique Lutti Lippe

Do UOL, em São Paulo

07/01/2016 16h34

Para realizar o sonho de chegar à lista dos melhores do mundo no jogo "Counter-Strike: Global Offensive", o pro player Gabriel "FalleN" Toledo e seus companheiros de time precisaram deixar o Brasil.

Ex-membros de times brasileiros, "FalleN" e seus colegas "fer", "coldzera", "fnx" e "TACO" hoje moram, treinam e jogam nos EUA vestindo a camiseta da Luminosity Gaming, que tem como dono um empresário canadense.

"Despontamos lá fora por conta de um campeonato e, quando surgiu a oportunidade para jogar lá [nos EUA], não tivemos escolha", explica o jogador. "Apesar de gostar da galera daqui, ir para os EUA era o melhor para nós. Para o atleta, não é só interessante estar lá - é obrigatório".

Em 2015, a equipe sagrou-se a 6ª melhor do mundo após ótimas performances em campeonatos internacionais.

"Sabemos que o brasileiro consegue competir de igual pra igual com qualquer time do mundo, mas a estrutura lá fora é muito melhor: só por o salário ser em dólar já faz uma diferença tremenda", revela o pro player. "Além disso, as premiações são mais altas, há mais torneios e vagas para as competições mais importantes".

Luminosity Gaming na MAX5 (jan/2015) - Pedro Henrique Lutti Lippe/UOL - Pedro Henrique Lutti Lippe/UOL
Equipe da Luminosity Gaming foi convidada a participar de torneio de "CS" em São Paulo
Imagem: Pedro Henrique Lutti Lippe/UOL

Na crista da onda

"FalleN" já considera "Counter-Strike" o segundo maior eSport de todos, atrás apenas de "League of Legends", e acha que o Brasil perdeu a chance de evoluir no mesmo ritmo que as ligas internacionais. "As empresas tiveram a chance de investir dinheiro no 'CS' por aqui, mas preferiram apostar no 'LoL', e o Brasil acabou ficando para trás".

O jogador diz que precisou abrir mão de muito para seguir sua carreira. "Se eu tivesse a opção de ficar perto da minha família, não pensaria duas vezes", diz. "Mas, nesse mundo, o sucesso está lá fora, então a família entende e fazemos o que precisamos fazer".

Nos EUA, os brasileiros treinam e competem com os melhores do mundo, e têm mais facilidade de viajar para torneios importantes. Lá eles ainda podem lutar por muitas vagas para competições internacionais - algo raro no Brasil.

"A minha meta é, não sei se a curto, médio, ou longo prazo, ter aqui no Brasil todos os torneios e as oportunidades que existem na América do Norte e na Europa".

Competindo na MAX5, torneio que "FalleN" descreve como "o maior no Brasil desde os tempos do 'CS' antigo", ele acredita que a união com os outros países latinos é o caminho para que o Brasil se transforme em uma potência do eSport. "Da mesma forma que todos os países da Europa disputam os mesmos torneios, precisamos fazer isso por aqui. Isso seria bom pra todo mundo".

Relembre tiro insano de "FalleN" em torneio na Alemanha

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Viver de games

Natural da cidade de Itararé, no interior de São Paulo, "FalleN" passou a maior parte da infância em Itapetininga, onde conheceu "Counter-Strike" jogando com os irmãos em uma Lan House.

"Na época, não dava para acompanhar torneios online como hoje. As oportunidades que temos hoje em dia são muito maiores", garante.

O site eSports Earnings estima que, apenas em 2015, "FalleN" ganhou mais de US$ 34 mil em premiações.

Além de jogar, o jovem também cuida de uma espécie de 'clube' de "Counter", no qual dá aulas para aqueles que querem aprender a jogar melhor. O projeto foi assunto de matéria no UOL Jogos em 2013.

O paulista afirma, porém, que não começou a jogar "Counter" pensando no profissionalismo. "Acho que 99% daqueles que entram no jogo pensando em ganhar dinheiro vão se decepcionar, porque é muito difícil", diz. "É preciso oportunidade, talento, esforço, uma estrutura familiar que te apoie. E tudo isso sem deixar de fazer as obrigações. Não dá para abandonar a escola pra jogar".

"O problema que a galera tem é que eles começam a levar o jogo a sério demais antes de ser sério de verdade. É preciso tomar cuidado com as expectativas", aconselha.