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A volta do 'Corujão': jovens varam madrugada jogando "CS" em São Paulo

Jovens de São Paulo jogam "Counter-Strike" a noite inteira - Rodrigo Guerra/UOL
Jovens de São Paulo jogam "Counter-Strike" a noite inteira Imagem: Rodrigo Guerra/UOL

Rodrigo Guerra

Do UOL, em São Paulo

19/01/2016 17h26

Fazia frio e garoava na noite do sábado, 16 de janeiro, mas isso não foi suficiente para afastar os jovens que chegavam em um galpão na Mooca, tradicional bairro paulistano para passar a noite jogando "Counter-Strike: Global Offensive". Era o retorno do "Corujão", evento muito popular no boom das lan houses nos anos 2000, quando estes estabelecimentos abriam as portas para seus frequentadores jogarem a noite inteira. 

Para quem olha do lado de fora, o galpão onde fica a MAX 5 parece um armazém como qualquer quer outro e nem dá sinais de que ali se encontrava esse "centro de diversões", como os proprietários chamam o local. O "Corujão Mix" atraiu a atenção de dezenas de jovens que estavam querendo companhia para jogar "Counter-Strike" e fazer novas amizades.

"Tem pessoas que estão com o time formado por que eu apresentei os caras", conta Leandro "Lelê" Braga, 26 anos, que é um frequentador assíduo de corujões. Para passar a noite jogando com a galera, "Lelê" já viajou para diversas cidades do Brasil, de Osasco ao Rio de Janeiro. Ele conta que até passou noites especiais longe da família para curtir com os amigos de Lan House. "A gente fazia eventos até no Natal – uma coisa absurda", conta.

Assim como a Inferno Online, a maior Lan House do mundo, jogadores profissionais também se encontram para jogar com fãs e amigos. "Eu conheço [as pessoas] e ganho um pouco de experiência", conta Marcelo "Chello" Cespedes, jogador profissional de "Counter-Strike" da Gathers. Segundo ele, esse tempo com a galera na Lan é importante para um jogador profissional, pois sempre existe uma chance de aprendizado. "Eu já conheço bastante do jogo e sim, eu aprendo com a galera, mas eles aprendem muito mais com a gente".

Jogadores em corujão em SP - Rodrigo Guerra/UOL - Rodrigo Guerra/UOL
Passar a noite jogando com os amigos voltou a ser uma alternativa para os jogadores de São Paulo
Imagem: Rodrigo Guerra/UOL

O ambiente respira eSport e também pode ser usado como local de treinamento para os jogadores, como é o caso do Wilson "Wilzão" Gomes da Keyd Fury, que usa a MAX 5 como local de treinamento e encontro com seus colegas de time. Entretanto o principal motivo para ele passar um corujão é encontrar com os fãs do game "A gente vem pra reunir a galera, levantar a comunidade, igual era com o 1.6. A gente quer trazer aquela galera que lotava as lan house para fazer isso aqui", conta.

Os jogadores "casuais" de "Counter-Strike" vão ali para encontrar com amigos que se conheciam apenas no mundo online, como foi o que aconteceu com Ester Souza (19). "Eu estava jogando esse mês inteiro de férias com o pessoal que eu nem conhecia pessoalmente. Hoje estava muito chato porque estavam todos aqui. Foi então que eles disseram 'cola aqui'. Eu vim e conheci os quatro e foi uma surpresa, pois eu imaginava eles de outro jeito... a personalidade deles [no chat] é outra coisa, diferente de quando você vê a cara deles".

Um corujão é exatamente isso: jogar até o dia raiar - como muitos fazem em seu dia-a-dia, só que ao lado de amigos em um mesmo lugar. Inclusive um dos sócios teve que entrar para a brincadeira quando as portas se fecharam, por volta da meia-noite. Para manter a segurança do local, existem câmeras de vigilância e vigias particulares.

Entre uma partida e outra a galera se reúne para traçar novas estratégias e até mudar de time. Alguns começam a ficar cansados e vão pegando mais leve, outros já ficam com pique conforme vão ganhando.

A noite é regada a salgadinhos, refrigerantes e muita jogatina de "Counter-Strike" - a lanchonete para saciar a fome dos jogadores ainda não está totalmente pronta. Os jovens ficam jogando até o dia raiar, quando começa a chegar outra turma, agora para assistir o CBLoL. Muitos sorrisos nos rostos mostram que a diversão foi garantida.

Jogadores trocando de times na Max 5 - Rodrigo Guerra/UOL - Rodrigo Guerra/UOL
Entre uma partida e outra, os jogadores traçam estratégias e trocam de times
Imagem: Rodrigo Guerra/UOL

Objetivo: ser a maior do mundo

No galpão 80 máquinas ficam pareadas para jogar os mais diversos games, mas, de acordo com Philipp Felix Kerber Bomm, um dos sócios da Max5, isso é apenas o começo. "Até o final de janeiro teremos 120 computadores e a gente pretende até o final de fevereiro ter 240 máquinas. O projeto final da casa é chegar a 480 [PCs]", conta. Se chegar a esse número, o empreendimento vai se tornar a maior Lan House do mundo, passando a Inferno Online que tem 342 computadores ligados em rede.

O salão onde se encontram as máquinas fica ao lado de um palco onde é organizado campeonatos de todos os tipos de jogos. O galpão também vai abrigar alguns estandes, como se fosse uma feira de games montada permanentemente. Esse é um dos motivos dos proprietários não chamarem o estabelecimento como uma "Lan House".

"Diferente de uma lan house, onde se paga para jogar por hora, aqui é como se fosse um parque de diversões: quem vir aqui vai se divertir por um preço acessível e que ele tem a disposição dele vários elementos tecnológicos ligados ao entretenimento de jogos", conta Phillipp.

Os organizadores ainda estão testando o formato de abertura para o corujão, mas existem planos de rolar sessões de outros jogos como "League of Legends" e você pode ficar sabendo quando vão rolar os próximos eventos na página da MAX 5 no Facebook