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Fãs de "Senhor dos Anéis" aprendem idioma dos elfos na Campus Party

Pedro Bernardinelli ensina "campuseiros" a falarem o idioma dos elfos - Pedro Henrique Lutti Lippe/UOL
Pedro Bernardinelli ensina 'campuseiros' a falarem o idioma dos elfos Imagem: Pedro Henrique Lutti Lippe/UOL

Pedro Henrique Lutti Lippe

Do UOL, em São Paulo

29/01/2016 14h25

Aprender o idioma dos elfos em um mundo que não tem elfos pode parecer um esforço fútil. Mas isso não impediu dezenas de 'campuseiros' de tentarem entender a língua falada pelo arqueiro Legolas e companhia.

Uma das atrações da Campus Party, em São Paulo, é um workshop de Quenya - uma das línguas faladas por elfos na série "O Senhor dos Anéis", de J.R.R. Tolkien.
"Antes de ser escritor, Tolkien era um linguista. Ele criou o Quenya e outros idiomas, e depois escreveu livros e uma mitologia ao redor destas línguas fictícias", explica o professor Pedro Bernardinelli, 21, especialista do idioma e membro da Sociedade Tolkien Brasileira.

Formado em física, Bernardinelli se diz apaixonado por línguas - reais ou não. "O Quenya é um idioma muito bem feito. Ele tem uma estrutura gramatical bastante complexa e um vocabulário com mais de 10 mil palavras. O único problema é a falta de verbos irregulares, que existem aos montes em idiomas reais", conta.

Livros Tolkien - Reprodução - Reprodução
Utilizado nos livros de Tolkien e até mesmo em suas adaptações para o cinema, o Quenya é muito discutido em sites de fãs na internet. Há até quem argumente que o próprio criador do idioma cometeu erros gramaticais enquanto escrevia "O Senhor dos Anéis".
Imagem: Reprodução

O especialista revela que idiomas 'inventados' como o Quenya não são tão incomuns: o Klingon, de "Jornada nas Estrelas", e o Esperanto, que foi concebido no século XIX com a proposta de tornar-se um idioma universal, são apenas dois exemplos.

"Existem pessoas que trabalham em cima dessas línguas, traduzindo textos e dando aulas", afirma Bernardinelli, que garante, porém, que o aprendizado não passa de um hobby: "Não dá para se tornar fluente principalmente porque não há uma maneira de usar Quenya no dia-a-dia. É um idioma para brincar com os amigos em eventos e mesas de RPG".

Os alunos do workshop ecoam o sentimento do professor: o Quenya atrai pela curiosidade. Ao fim da aula, participantes recebem um certificado de conclusão de curso.

Bernardinelli lembra que interessou-se pelo Quenya lendo as obras de Tolkien no Ensino Médio. "Eu tinha bastante tempo, então comecei a pesquisar por conta própria e acabei conhecendo outras pessoas que já estavam nesse mundo", diz. "Mas até hoje aprendo coisas novas o tempo todo. Assim como com um idioma real, é um aprendizado contínuo".