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Em novo formato episódico, "Hitman" procura voltar às raízes da série

Victor Ferreira

Do Gamehall, em São Francisco*

10/02/2016 12h00

Em 2012, a produtora IO Interactive lançou “Hitman: Absolution”, jogo que procurou reinventar alguns dos conceitos da popular série de ação. Embora tenha sido relativamente bem recebido pela crítica, o jogo acabou não agradando muitos fãs por sua linearidade e mapas mais fechados.

Procurando remediar estas questões, a IO desenvolveu "Hitman", novo game da série que será lançado em formato episódico, com novos locais e mapas prometidos para até o fim de 2016.

À convite da publisher Square Enix, UOL Jogos teve a oportunidade de testar o game, e saber mais sobre o que há de novo com o Agente 47.

Hitman - Disfarce - Divulgação - Divulgação
"Hitman" oferece uma variedade de disfarces para se aproximar de seus alvos
Imagem: Divulgação

Mundo de Assassinato

O novo “Hitman” mantém muito do que já se tornou uma marca registrada da série: no papel de 47, o jogador deve eliminar um ou mais alvos da forma que achar melhor, tendo a sua disposição uma série de aparatos e disfarces para completar sua missão

Fãs de jogos anteriores da série que não gostaram da direção tomada em “Absolution” ficarão felizes em saber que desta vez, os mapas são significativamente maiores e mais elaborados do que no predecessor.

“Ficou bem claro mesmo antes de terminarmos [“Absolution”] que a força da série vem de ‘sandboxes’ abertos e detalhados”, disse o chefe do estúdio, Hannes Seifert. “‘Absolution’ era mais voltado para a história, e este não é necessariamente o ponto mais forte de ‘Hitman’”.

“E naquela situação começamos ver os positivos de jogos anteriores: o mundo mais aberto de ‘Blood Money’ era algo que o público apreciava. E também pensamos na jogabilidade de ‘Absolution’, já que se você jogar os games antigos, os controles são bem datados e não muito funcionais”.

Na versão disponível para testes, era possível perceber uma densidade maior de pessoas do que em jogos anteriores, embora a maioria acaba servindo mais como figurantes do que elementos do jogo em si.

O principal mapa da demonstração, localizado em uma mansão em Paris, também mostra como os ambientes mais expansivos trazem diversas oportunidades de abordar os objetivos, seja pegando disfarces para entrar em lugares proibidos, ou se esgueirando entre câmeras para passar despercebido.

Ainda assim, com estas e outras adições (incluindo a chance de deixar inimigos inconscientes), a experiência se mantém essencialmente a mesma de outros jogos da série, explorando o ambiente até encontrar um método de assassinato viável, testando (e fracassando) diversas formas de usá-lo até conseguir completar o objetivo, repetindo o processo até o plano .

Além disso, não há exatamente uma sensação de “vivência” dentro do mundo do jogo, já que as rotas e ações dos personagens dependem totalmente do que o jogador estiver fazendo no momento. Como exemplo, é possível se disfarçar como um dos modelos da festa para encontrar um alvo, mas ele só se torna um fator caso 47 saiba de sua existência, sempre ficando no mesmo lugar até ser encontrado.

No fim das contas, o game é mais “Hitman”, o que é um prato cheio para fãs da série, mas não deve impressionar jogadores que não tenham gostado dos modelos anteriores. O que não é necessariamente um problema, mas não há uma evolução significativa na jogabilidade como em “MGS V: The Phantom Pain”, por exemplo.

Hitman - Paris - Divulgação - Divulgação
Paris será apenas um dos locais a ser visitados ao final da temporada
Imagem: Divulgação

Assassino em série

A maior mudança do novo “Hitman” em relação aos jogos anteriores da série é o formato episódico do jogo, seguindo modelo semelhante a de jogos da Telltale Games e “Life is Strange” - curiosamente também distribuído pela Square Enix.

Tanto a publisher quanto a IO Interactive demoraram a declarar que o jogo seria oficialmente episódico, testando alguns métodos de pagamento que acabaram não foram bem recebidos por consumidores.

“O que estamos fazendo agora é bem próximo do que sempre quisemos fazer, mas preciso pedir desculpas pelas decisões pelo caminho, em que falávamos ‘vamos fazer deste jeito, e desta forma’, mas sentia que este era o jeito certo desde o início”, explicou Seifert.

“Sempre quisemos dar a chance aos consumidores de dizer ‘eu quero tudo a 60 dólares, sem adicionais ou microtransações”, mas também procuramos pensar no público que não pode gastar este dinheiro no lançamento, por isso temos o pacote de introdução a 15 dólares”.

Este pacote traz as missões de introdução e o mapa em Paris. De acordo com Seifert, os planos do estúdio envolvem o lançamento de mais territórios nos próximos meses, incluindo uma cidade costeira na Itália em abril e Marrakesh em maio, com locais na Tailândia, EUA e Japão até o fim de 2016.

Além das missões principais, a IO Interactive quer dar uma sobrevida ao jogo por meio de desafios e missões especiais, cujos resultados podem ser conferidos e comparados na comunidade online do jogo.

Estas missões especiais são uma evolução do modo “Contracts”, de “Absolution”, em que jogadores criavam objetivos de outros usuários. Na nova versão, o jogador deve completar uma série de missões especiais

Haverá também, periodicamente, “elusive targets”, alvos que surgirão no mapa por período limitado, e o jogador só terá uma chance para eliminá-lo. Caso escape, ele nunca mais aparecerá no game.

“Não posso prever o que vamos estar fazendo em alguns meses, e como o público reagirá a estas ideias”, disse Seifert. “Esperamos o inesperado”.

Falhas técnicas

É importante notar que, embora o novo “Hitman” divirta (mesmo não fugindo muito dos antigos padrões da série), é difícil não ficar um pouco com o pé atrás, devido à instabilidade da versão testada.

Seja no PC ou no PS4 - infelizmente o Xbox One não estava disponível para testes -, o jogo sofre com uma série de problemas técnicos, com diversos bugs e parando de funcionar frequentemente - o que significava ter de recomeçar a missão do zero.

Minha frustração chegou ao ponto de que comecei a tentar eliminar os alvos da maneira mais rápida possível. Não porque queria bater algum desafio, mas simplesmente para ver o fim da missão antes de voltar para a área de trabalho ou para a Home do PS4 (e ainda assim ele caiu logo depois de ter completado os assassinatos).

É claro, este pode ser um build relativamente antigo em relação à versão final, e um beta terá início na sexta (12), mas a impressão que fica é de que é melhor esperar um pouco antes de comprar o novo “Hitman”, só para garantir que ele funcione adequadamente em todas as plataformas.

“Hitman” sai em 11 de março para PC, PS4 e Xbox One.

* O jornalista viajou a convite da Square Enix