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OPINIÃO

"Quantum Break" inova no PC e Xbox One misturando série de TV e videogame

Quantum Break - Paul Serene - Divulgação - Divulgação
Conhecer o ponto de vista de Serene e as escolhas que o vilão deve fazer - e mais, ser você quem faz essas escolhas - é um truque elegante que humaniza os personagens e envolve o jogador ainda mais nos acontecimentos.
Imagem: Divulgação

Pablo Raphael

Do UOL, em Espoo*

11/02/2016 12h02

Jack Joyce era um sujeito normal nos primeiros minutos de "Quantum Break", antes do experimento secreto em que trabalhava ir pelos ares. Pego em cheio pelo acidente, Jack ganha superpoderes e se vê envolvido numa perseguição implacável ao mesmo tempo em que precisa impedir que a mesma catástrofe que lhe deu poderes destrua todo o mundo.

Esse é um bom resumo da trama central de "Quantum Break". A ideia é simples, como devem ser as histórias de origens de super-heróis: Peter Parker é picado por uma aranha radioativa, os pais do Batman são assassinados, Steve Rogers recebe o soro do supersoldado. Jack Joyce ganha a capacidade de manipular o tempo. E com grandes poderes, vêm grande responsabilidades.

Durante a primeira fase de "Quantum Break", você é apresentado aos principais personagens do game, conhece as motivações de Jack e vai aprendendo sobre seus novos poderes, um atrás do outro.

Desde o simples e eficiente Time Stop (que paralisa o inimigo numa esfera de tempo congelado) até os velozes Time Dodge e Time Rush, que permitem se esquivar dos adversários e literalmente desaparecer da vista dos inimigos - que, do ponto de vista do jogador se mexem em câmera lenta - Jack rapidamente se torna um herói digno das páginas dos quadrinhos.

Some à isso uma dose pesada de tiroteios e você terá um dos games mais frenéticos dos últimos tempos: Você até pode tentar jogar "Quantum Break" se escondendo atrás da cobertura e disparando nos pobres soldados da Monarch Solutions, mas isso só vai tornar o game mais difícil (e o cenário é cheio de materiais destrutíveis, então sua cobertura pode não durar muito tempo de pé). A ideia aqui é que você se mova sem parar ao redor dos adversários.

Quantum Break - Jack Joyce - Divulgação - Divulgação
"Quantum Break" usa uma versão melhorada da tecnologia vista em "L.A. Noire" para transferir a atuação de Shawn Ashmore ("X-Men") e dos outros atores da série para suas versões digitais.
Imagem: Divulgação

UOL Jogos teve a oportunidade de jogar os dois primeiros estágios de "Quantum Break" e conferir de perto como a Remedy aprimorou suas marcas registradas, o tiroteio em câmera lenta e a narrativa cinematográfica, no game que sai em abril para PC e Xbox One.

O conceito de jogo de tiro foi atualizado

Nos jogos anteriores da Remedy, você basicamente tem uma mecânica de jogo que é repetida à exaustão (seja ela o 'bullet time' de "Max Payne" ou o uso da luz em "Alan Wake") e isso acaba cansando o jogador. Para evitar o problema em "Quantum Break", a produtora finlandesa optou por dar ao jogador uma gama considerável de habilidades especiais praticamente desde o começo do game.

Sam Lake - Divulgação - Divulgação
Para o diretor Sam Lake, as séries do Netflix estão entre as maiores inspirações de "Quantum Break": "Eu amo a TV atual, Netflix e HBO. Para mim, as séries de TV estão em seu melhor momento, com um nível de qualidade altíssimo", explica. "Eles estão fazendo coisas fenomenais e revolucionárias em termos de narrativa". A influência das séries de TV já era notada no formato 'episódico' de "Alan Wake" e, segundo Lake, será ainda maior em "Quantum Break".
Imagem: Divulgação

Perto do final do primeiro Ato, você já conhece todos os superpoderes temporais de Jack, já derrubou uma quantia razoável de soldados da Monarch Solutions e, de repente, o game larga a sua mão: Você precisa combinar os poderes, que incluem esquivas em alta velocidade, efeitos de câmera lenta, uma onda de choque que desvia balas e o Time Stop com o uso inteligente das armas de fogo para encarar as ondas de inimigos que surgem num dos vários galpões industriais do game, atirando para matar e apelando para granadas para encurralar o nosso herói.

Nessas horas, até mesmo a genérica Time Vision, habilidade que Jack usa para marcar os inimigos no cenário, se mostra útil. Afinal, saber onde o próximo alvo está enquanto corre para um lado e para o outro desviando de tiros e paralisando inimigos é tão importante quanto entender as possibilidades táticas de cada poder.

As habilidades de Jack sempre possuem uma segunda função que não é tão clara no começo. O Time Shield, por exemplo, é um escudo que desvia as rajadas de balas dos inimigos antes que elas acertem o personagem, mas funciona como uma onda de choque. Então, se você ativar o poder perto dos adversários, vai mandar os soldados voando para trás - é nessa hora que você corre na direção deles como Time Rush e segura o gatilho para mirar e ativar a câmera lenta, finalizando os soldados com tiros de escopeta antes que eles caíam no chão.

É esse ritmo intenso que torna os combates de "Quantum Break" muito mais empolgantes do que o já manjado "abaixa e atira" de tantos outros jogos de tiro lançados nos últimos anos.

Quantum Break - Striker - Divulgação - Divulgação
As coisas ficam ainda mais intensas quando aparecem soldados capazes de resistir a alguns dos poderes de Jack. As batalhas de "Quantum Break" oferecem uma profundidade tática inesperada para combates tão frenéticos.
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A revolução será televisionada

Desde que "Quantum Break" foi anunciado, a proposta de narrar a história do game em uma série com atores reais dividiu a opinião do público. Assistimos ao primeiro episódio da tal série devidamente integrada ao game e a impressão inicial foi positiva.

Quantum Break - Divulgação - Divulgação
Contando a história do game pelo ponto de vista da Monarch Solutions, os episódios de "Quantum Break" não estarão incluídos no disco do game. Na hora de assistir, você fará um 'streaming' do Xbox Live, similar ao que é feito com os filmes do Netflix.
Imagem: Divulgação

A coisa toda funciona da seguinte forma: ao final de cada fase, há um trecho chamado Junction onde o jogador controla Paul Serene, o vilão do game. Ele também pode manipular o tempo, mas além das habilidades de Jack, Paul consegue enxergar o futuro. No controle deste personagem, você deve tomar uma determinada decisão, que vai influenciar os acontecimentos tanto do game quanto da série.

A escolha nunca é fácil, mesmo quando você sabe o efeito que vai provocar. Será que você vai deixar um inocente morrer e com isso facilitar a vida de Jack no resto do game ou vai poupar a vida do inocente mas dificultar o game para o herói?

Conforme a decisão feita pelo jogador, os eventos na série são diferentes. Com uma tarde inteira para testar "Quantum Break" (ainda que apenas parte do jogo estivesse disponível), UOL Jogos fez as duas escolhas da primeira Junction para ver o que realmente muda na série e no estágio seguinte. Algumas cenas da série são levemente diferentes, outras mudam bastante, com consequências distintas para os personagens conforme o que você escolheu no game.

Mesmo no game, há sequencias diferentes em cada estágio dependendo do que foi escolhido pelo jogador. Mas não espere por múltiplos finais, apenas por múltiplos caminhos. Sam Lake, diretor criativo de "Quantum Break", já deixa claro: "O game tem uma única história, a jornada de Jack Joyce. O final do jogo é o mesmo sempre, o que muda é a forma que você chegou até lá". É por isso que o último episódio da série se passa antes do ato final de "Quantum Break".

A série apresente bons valores de produção, ao menos pelo que foi visto no primeiro episódio, que consegue capturar a atenção do jogador e fazer você esquecer o controle do videogame durante os 20 minutos de duração. Fica a dúvida se essa quebra no ritmo intenso da ação não terá um impacto negativo na experiência. É como se o formato ideal para consumir "Quantum Break" fosse em episódios: Jogue uma fase, tome a decisão e assista ao episódio do dia.

"Quantum Break" estará 100% localizado em português, tanto o game quanto a série. Infelizmente, a versão do game disponível para teste ainda não contava com a dublagem brasileira.

O lançamento de "Quantum Break" está previsto para o dia 5 de abril, em versões para PC e Xbox One.

*O jornalista viajou a convite da Microsoft.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL