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Nostalgia ou pirataria? 'SNES' com milhares de jogos faz sucesso no Brasil

Dentro do SNES PC roda um Raspberry Pi com milhares de jogos de diversas plataformas - Divulgação
Dentro do SNES PC roda um Raspberry Pi com milhares de jogos de diversas plataformas Imagem: Divulgação

Pablo Raphael

Do UOL, em São Paulo

26/02/2016 15h05

Que fã dos games nunca sonhou em ter em casa um Super Nintendo e milhares de jogos para se divertir? Foi apostando nessa nostalgia que o brasileiro Herculles Cassiano, de 25 anos, inventou o "SNES PC", um videogame feito com a carcaça do famoso console da Nintendo e que traz na memória mais de 7 mil jogos pré-instalados. Vendido por R$ 1,200, o SNES PC é um sucesso: "Recebo de 20 a 30 pedidos por dia", contou Herculles ao UOL Jogos.

Dono de uma loja de games na zona leste de São Paulo, o criador do SNES PC conta que desde o ano passado fabrica e vende gabinetes de fliperama com mais de 50 mil jogos instalados na memória. Custando R$ 2,500, os arcades vendem bem até hoje. "Vendo 3 ou 4 por semana". Mas foi com a versão doméstica que os negócios deslancharam. Herculles acredita que a nostalgia do Super Nintendo, a possibilidade de usar qualquer tipo de controle e, claro, o tamanho do aparelho ajudaram. É muito mais fácil arrumar espaço em casa para um console do que para um fliperama.

SNES PC - Divulgação - Divulgação
A versão mais recente do SNES PC roda até jogos de Nintendo 64 e PSOne
Imagem: Divulgação
 "O vídeo onde anunciamos o SNES PC bateu 18 milhões de visualizações no Facebook e foi compartilhado 18 mil vezes", conta Herculles. "Tivemos que dar uma travada nas vendas para conseguir atender todos os pedidos". O prazo de entrega do SNES PC é de 3 meses, mas Herculles garante que consegue entregar o produto antes. "Em geral, leva uns 30 dias para entregar, a produção é artesanal".

"O maior empecilho para a produção dos aparelhos é que algumas peças são importadas da China", revela. "E não são tão fáceis de encontrar, então quando o estoque está baixo, tenho que segurar as vendas para conseguir dar conta de entregar tudo para os clientes". A peça em questão é responsável pelo maior diferencial do aparelho em relação a outros similares, como o Infanto: o suporte para diversos tipos de controles além dos originais do Super Nintendo.

A versão mais recente do SNES PC aceita até mesmo controles sem fio de PlayStation 4 e Xbox One e vem com mais de 7 mil jogos.

SNES PC - Divulgação - Divulgação
Apesar da imagem ilustrativa na propaganda, o SNES PC não aceita cartuchos
Imagem: Divulgação

Pirataria?

Por baixo da carcaça do SNES e do fliperama feitos por Herculles está um Raspberry, minicomputador bastante popular entre os entusiastas de tecnologia. "Pensamos em usar um computador no SNES PC, mas o tamanho era uma limitação, acabaria não ficando muito potente. Com o Raspberry conseguimos fazer o aparelho rodar até jogos de PlayStation e Nintendo 64".

Os jogos em questão são ROMs ilegais e o SNES PC vem com milhares delas instaladas, com games não só de Super Nintendo, mas também Mega Drive, Turbo Graphix, Neo Geo, arcades da Capcom, PSOne e Nintendo 64, entre outros. Segundo Hercules, "não rola nenhuma implicância com isso, embora algumas pessoas possam ver dessa maneira". Ele explica que a loja nunca foi procurada por representantes dos games.

"Para não ter problemas com a Nintendo, eu 'mato' o console", explica. "Ele não aceita cartuchos do SNES, mas você pode colocar mais ROMs pela porta USB". Com isso, Herculles acredita que está vendendo um 'case mod' para o Raspberry Pi e não um Super NES modificado.

Ainda assim, a Nintendo considera que a posse de ROMs de seus jogos constitui pirataria, independente de você ter uma cópia do jogo original ou não. E, vale lembrar, muitos destes games são vendidos em formato digital no Virtual Console, na PlayStation Store ou em coletâneas em disco para plataformas atuais - como o recente "Mega Man Collection", da Capcom, por exemplo.

Legalmente, vender um aparelho de emulação compatível com jogos de várias plataformas pode ser considerado infração de direito autoral. Porém, este é um conceito jurídico muito discutido e não existe nenhum precedente registrado no Brasil.