Do sucesso ao esquecimento: em 6 anos, o Kinect virou peça de museu

Houve uma época em que os controles sensíveis a movimento eram considerados a maior inovação do mundo dos games.

Quem deu o primeiro passo para isso foi a Nintendo com o Wii, fazendo com que seu controle fosse parte indispensável para os games. mas foi o Kinect, da Microsoft, que deu um passo, além capturando o movimento do corpo inteiro do jogador através de uma câmera equipada com diversos sensores, como proximidade, temperatura e até de batimento cardíaco.

Entretanto, o acessório foi sendo deixado de lado e hoje em dia é quase uma peça de museu.

O Kinect é uma das criações mais impressionantes do mundo da tecnologia. Com um custo relativamente baixo, o acessório permitiu que detecção de movimentos e voz fossem implementados nos videogames, fazendo com que os jogadores usassem seus corpos no lugar de controles. Além disso, o aparelho ajudou a Microsoft a se diferenciar da concorrência - a Sony, por exemplo, decidiu criar o PS Move, controle extremamente parecido com o Wii Remote, da Nintendo.

A primeira versão da câmera foi lançada em novembro de 2010 para o Xbox 360. Segundo a Microsoft, mais de 24 milhões de unidades foram vendidas do aparelho, número considerado um sucesso estrondoso para um acessório de videogame. Em contrapartida, a versão do Xbox One não chegou a 5 milhões de unidades vendidas, de acordo com o último relatório fiscal da Microsoft em que o acessório foi listado, em maio de 2015.

Por um tempo a criadora do Windows tentou incentivar a produção de jogos e aplicativos para o Kinect. Games como "Battlefield 4", "Dragon Age: Inquisition" e "Kinect Sports Rivals" usavam o aparelho para coisas como reconhecimento de fala e movimentos. No mundo dos computadores, o acessório também já foi usado em aplicações médicas, como forma de terapia para o mal de Alzheimer e até a Nasa utiliza o aparelho em um experimento espacial em conjunto com o Oculus Rift, como você vê no vídeo abaixo.

Mas isso foi mudando, principalmente com a chegada da versão atualizada da câmera, incluída no pacote inicial do Xbox One. No início da atual geração de videogames, todos os consoles vinham com um Kinect em sua caixa o que, em teoria, seria ótimo, pois todos os donos do videogame iriam ter o acessório e tornaria viável a criação de conteúdos exclusivos para o Xone.

Só que, ao mesmo tempo, a câmera encarecia o pacote do Xbox One e deixava o videogame muito mais caro que seu concorrente, o PlayStation 4, que também tem uma câmera, opcional e bem mais simples, longe de qualquer comparação com a tecnologia do Kinect. No lançamento dos aparelhos, no final de 2013, o Xbox One com Kinect era vendido por US$ 499 enquanto o PS4 chegava às lojas por US$ 399.

Foi então que, na tentativa de alcançar as vendas do PS4, a Microsoft retirou o Kinect da caixa do Xbox One e cortou o preço do console para US$ 399. A medida alavancou as vendas do videogame, mas também deu sinal verde para as produtoras de jogos deixarem o acessório de lado.

Câmera esquecida

Os primeiros sinais de que o acessório foi colocado para escanteio foram sentidos já na E3 de 2015, quando nenhum título foi anunciado e a câmera até deixou de ser mostrada nas imagens de divulgação Microsoft. Mesmo assim, a empresa afirmava que estava produzindo jogos para o acessório – algo que até hoje não se confirmou.

Para não falar que o Kinect foi completamente esquecido, recentemente foi anunciado "Kung-Fu", um jogo que está em desenvolvimento pelo estúdio Virtual Air Guitar Company. Antes dele, "Just Dance 2016", lançado em outubro do ano passado.

E a culpa não é só da falta de interesse das produtoras, pois até mesmo o kit de desenvolvimento do Kinect não é atualizado desde outubro de 2014. Com isso, os desenvolvedores de jogos e aplicativos não possuem ferramentas otimizadas para criar conteúdo para a câmera.

O descaso com o aparelho é tanto que, em novembro do ano passado, o Xbox One deixou de reconhecer comandos por movimentos. Segundo Mike Ybarra, diretor de plataforma de jogos Xbox e Windows da Microsoft, "[o uso de] gestos, na realidade era muito, muito pouco usado. Por enquanto, nós os cortamos da Nova Experiência do Xbox One", disse ele na ocasião.

Em resumo, com 23 milhões de Kinects de Xbox 360 vendidos e pelo menos 5 milhões na versão do Xbox One, fica claro que esse acessório foi deixado de lado. Talvez os esforços da Microsoft tenham mudado de foco, como o desenvolvimento do HoloLens, os óculos de realidade aumentada mostrados na E3 do ano passado. Ou pode ser que realmente a empresa de Bill Gates tenha mesmo alguns jogos para serem revelados na E3 2016. Por ora, o jeito é esperar.