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Críticas a "RE 6" influenciaram novo rumo para "Resident Evil VII"

Conheça o estande da Capcom na E3 2016

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Victor Ferreira

Do UOL, em Los Angeles

16/06/2016 12h17

“Resident Evil” precisava de mudanças. Após a revitalização da marca com “Resident Evil 4”, em 2005, a Capcom decidiu dar cada vez mais foco na ação e campanhas cooperativas, até atingir um ponto de saturação em "Resident Evil 6".,

Apesar de ter bons números de vendas, o game acabou sendo muito criticado pela mídia especializada e fãs.

Assim, em meados de 2013, a equipe decidiu fazer uma nova mudança radical na estrutura do game, que veio a se tornar o surpreendente “Resident Evil VII”.

“A reação mista de ‘Resident Evil 6’ foi parte da razão desta mudança, embora não seja a única razão”, explicou o diretor Koushi Nakanishi, em entrevista ao UOL Jogos. “Um motivo maior para esta nova direção é que ‘Resident Evil 6’ tentou fazer várias coisas ao mesmo tempo, e por isso teve sucesso em apenas algumas delas”.

“Por isso, com ‘Resident Evil VII’ a ideia é criar uma experiência mais focada, voltada para o horror”.

Uma nova perspectiva

Em 2014, a equipe já havia decidido que o novo jogo de “Resident Evil” seria, ao contrário dos títulos anteriores, em primeira pessoa, com planos de envolver alguns elementos relacionados à realidade virtual.

Estes planos acabaram tomando uma dimensão maior após a E3 2015, com o sucesso da perturbadora demonstração “Kitchen”, para o PlayStation VR (conhecido na época pelo codinome Morpheus), em que uma criatura atormentava e matava brutalmente seu personagem e um companheiro.

"Na E3 2015, o desenvolvimento de ‘Resident Evil VII’ já estava a todo o vapor, e ‘Kitchen’ foi essencialmente um teste para a realidade virtual, com a equipe propondo que a perspectiva em primeira pessoa e a essência do horror com esta tecnologia seria uma boa combinação", disse Nakanishi. "Após a reação positiva dos usuários, isso serviu como confirmação de que estes elementos funcionavam bem juntos, e que deveríamos investir nisso".

Para Nakanishi e o produtor Masachika Kawata, a imersão providenciada pela tecnologia de realidade virtual aumenta a sensitividade do jogador, e o torna mais suscetível a se assustar por si mesmo.

“O design de som também é fundamental”, disse Kawata. “Na versão de realidade virtual é possível ouvir barulhos de cima, o que aumenta ainda mais a sensação de insegurança”.

Ainda assim, os desenvolvedores ressaltam que “Resident Evil VII” não é um jogo apenas voltado a esta tecnologia, e que é fácil trocar para a versão de TV - especialmente ao se considerar os possíveis problemas ao ficar muito tempo usando um dispositivo de realidade virtual, ou (como os gritos de jornalistas e outros convidados nas sessões de testes podem atestar), se a experiência for um pouco intensa demais.

“Se você ficar com muito medo, é só tirar os óculos de realidade virtual, e tudo vai ficar bem”, brincou Nakanishi.

Mistérios e reinvenções

Por enquanto, a Capcom e os desenvolvedores de “Resident Evil VII” não deram mais detalhes sobre sua narrativa, se limitando a dizer que os eventos se passam após “RE 6”, tendo como cenário uma mansão abandonada em uma região rural dos EUA.

Aliás, como os próprios desenvolvedores disseram, nem o próprio conteúdo da demo é totalmente representativo da narrativa do game, servindo mais como uma maneira de mostrar ao público a nova direção tomada por “Resident Evil”.

“É como uma parte do jogo tendo um novo contexto para servir de demonstração”, disse o diretor. “Mas sentimos que ela representa a atmosfera e sensação de horror, assim como os elementos de exploração do projeto final”.

Em relação à exploração, os desenvolvedores comentaram sobre os possíveis finais diferentes da demonstração, dependendo de suas ações e descobertas. Nakanishi, porém, se limitou a dizer que “talvez” algo do tipo esteja em “Resident Evil VII”.

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O que o diretor do game reforçou é que, apesar das mudanças, a Capcom ainda quer manter o espírito de “Resident Evil”, particularmente os primeiros jogos da série.

“O que gostava do primeiro era a sensação do desconhecido: por que estou aqui? Por que há zumbis nesta casa? O que é esta casa? Eu não tenho munição, como vou sobreviver a isso”, explicou. “E a felicidade de superar estes desafios, um tipo de catarse, combinado com esta sensação de desconhecimento criam um ciclo que define ‘Resident Evil’, e que está presente neste jogo”.

Nakanishi também notou que, embora nos últimos anos os jogos de horror tenham se voltado para a primeira pessoa, como é o caso de “Outlast”, “Amnesia” e “Alien Isolation”, o combate ainda é um elemento importante de “Resident Evil”, e estará presente de forma significativa no novo título.

“Resident Evil VII” chega em 24 de janeiro para PC, PS4 e Xbox One.