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Geração saudade: tá faltando jogo novo pra PS4 e Xbox One?

A remasterização de "Modern Warfare", jogo de tiro lançado em 2007,  é mais aguardada pelos jogadores do que o "Call of Duty" deste ano - Divulgação
A remasterização de "Modern Warfare", jogo de tiro lançado em 2007, é mais aguardada pelos jogadores do que o "Call of Duty" deste ano Imagem: Divulgação

Pablo Raphael

Do UOL, em São Paulo

07/07/2016 14h38

Lançados no final de 2013, tanto PlayStation 4 quanto Xbox One contam em seus catálogos cerca de 50 games remasterizados dos antecessores PS3 e X360. Ou seja, em 36 meses de vida, esses consoles receberam mais de um "remaster" por mês. Muitos jogadores reclamam, mas entre os anúncios mais festejados nos últimos meses estão versões requentadas de "Skyrim" e "Call of Duty 4". Afinal, está faltando jogo novo nos consoles atuais?

Se acrescentarmos nessa lista os jogos de PlayStation 2 que chegaram ao PS4 a partir de dezembro do ano passado (mais de 30) e os títulos retrocompatíveis do Xbox One (mais de 200), a questão fica ainda mais evidente. Nos últimos dias, a chegada de "Red Dead Redemtpion", um jogo de 2010, ao catálogo do Xbox One, foi uma das notícias mais comemoradas pelos proprietários da plataforma - e fez as vendas do game de Xbox 360 decolarem.

Com os custos de desenvolvimento cada vez mais elevados, é notável que nos consoles atuais ou o game é uma super-produção milionária ou um despretensioso jogo independente. Os games remasterizados preenchem a lacuna das produções de baixo orçamento: São adaptações relativamente baratas de se fazer, contam com o apelo da nostalgia são rápidas de colocar nas lojas (físicas ou digitais). É um bom negócio para a indústria e também para os jogadores, desde que a coisa seja feita da forma certa.

Remasterizações são comuns em outras mídias, principalmente no mercado de vídeo: Assim que uma nova mídia é lançada, filmes e séries ganham novas edições, com resolução melhor e conteúdo extra, como cenas cortadas, comentários do diretor e documentários com bastidores de gravação, por exemplo. É material para colecionadores e ninguém reclama. Na indústria dos games, esse pode ser o melhor caminho para os "remasters".

Mesmo nos games, relançamentos assim não são novidade ou exclusividade da geração atual. Um dos casos mais antigos de "coletânea remasterizada" é "Super Mario All-Stars", pacote lançado pela Nintendo para SNES em 1993, com versões repaginadas dos três "Mario" do Nintendinho. A coletânea foi, inclusive, relançada para Wii em 2010, no aniversário de 25 anos do mascote bigodudo.

Gears of War Ultimate Edition - Divulgação - Divulgação
"Gears of War: Ultimate Edition" é um exemplo de remasterização bem feita: Além dos gráficos melhorados, o jogo inclui todos os DLCs, dublagem brasileira e, na época do lançamento, todos os "Gears" do Xbox 360 de brinde
Imagem: Divulgação

Com tudo que tem direito

Quando um jogo de Xbox 360 ou PlayStation 3 ganha uma versão remasterizada, é de se esperar que além de gráficos um pouco melhores, o pacote inclua todo o conteúdo adicional já lançado, novas conquistas e troféus e algum outro extra, como filtros gráficos e modo de fotografia, por exemplo.

Foi o que a Naughty Dog fez com "The Last of Us" quando levou o game para o PS4, por exemplo, ou a Microsoft com "Halo 2", que foi totalmente remasterizado para celebrar o aniversário de 10 anos. Aliás, coletâneas com "The Master Chief Collection", que inclui "Halo 2", estão entre os melhores pacotes de remasterizações atuais: vários jogos retrabalhados, multiplayer online e outras melhorias, tudo pelo preço de um jogo só.

A versão 'de aniversário' de "Halo 2" inclui também a opção de alternar os gráficos remasterizados com o visual original, preservando assim uma parte da história dos games - algo que agrada bastante os fãs de jogos antigos. Além dos dois primeiros "Halo", edições recentes de adventures clássicos como "Monkey Island" trazem essa opção. Menos comum é a adição de comentários do diretor, mas "Grim Fandango" já mostrou que esse é um extra viável nos jogos.

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Remasterizar é preciso?

Ainda assim, fica um gosto amargo para quem comprou o jogo "antigo". Porque relançar jogos ainda recentes, como "Resident Evil 6", "Borderlands: The Pre-Sequel" ou o próprio "The Last of Us"? Basicamente, para alcançar novos consumidores. Segundo a Sony, o PS4 é o console de vendagem mais rápida da família PlayStation. Mesmo não vendendo tanto quanto o rival, o Xbox One também foi adotado rapidamente por uma grande base de usuários. Ou seja, muita gente que comprou um videogame atual pode não ter jogado nada disso antes.

Ou seja, quem comprou um PS4 no lançamento pode ter vindo do X360 e nunca jogou "The Last of Us". Muita gente, aqui no Brasil, inclusive, nunca jogou a versão original de "Halo 2". Para esse público, as remasterizações são uma boa maneira de conhecer ótimos jogos.

Claro, há aqueles relançamentos que não acrescentam nada além de uma tapinha no visual. "Shadow Complex" e "Darksiders 2: Deathfinitive Edition" são exemplos de relançamentos que não agregam valor algum para o jogador. Outros títulos, como o recente pacote de "Dead Island", nos fazem apenas perguntar "quem foi que pediu isso?"

Essas novas edições são usadas também como um "teste de mercado" para medir o interesse do público por uma franquia e com isso, considerar o desenvolvimento de novos títulos. Mas vamos combinar que fazer isso oferecendo o jogo remasterizado por um preço cheio (US$ 60, R$ 250 e por aí vai) é colocar a conta nas costas do consumidor e não é nada simpático. "Quer um novo game da nossa série? Então compre de novo o jogo anterior ou isso nunca acontecerá!"

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No fim do dia, quem decide se vale ou não comprar um jogo remasterizado é o jogador. Pode ser que você tenha se desfeito do seu console antigo para comprar o novo. Ou tenha deixado passar um game na época em que saiu o original. Ou simplesmente seja um fã assumido daquele jogo e precise comprar todas as edições "definitivas" que aparecerem. Mas antes de comprar, procure sempre saber se o "remaster" traz mesmo algo a mais, que mereça o investimento.