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Visual retrabalhado e nostalgia marca coletânea remasterizada de "BioShock"

Victor Ferreira

Do UOL, em Novato*

17/08/2016 05h00

Em 2007, “BioShock” ajudou a definir a geração do Xbox 360 e PlayStation 3, sendo considerado um dos grandes destaques em um ano de jogos icônicos como “Portal”, “Mass Effect”, “Assassin’s Creed” e “Halo 3”.

Utilizando e retrabalhando ideias e conceitos de um de seus projetos anteriores - o aclamado “System Shock 2” -, a Irrational Games ganhou a crítica e o público com seu jogo de tiro, mostrando o declínio e queda da cidade subaquática de Rapture, e gerando uma franquia de sucesso.

Foi com isso em mente que, quase uma década depois, a 2K Games relança a trilogia em “BioShock: The Collection”, coletânea que reúne não só os três jogos como o aclamado conteúdo extra da franquia, como o DLC “Minerva’s Den” - tudo com gráficos retrabalhados para o PC, PS4 e Xbox One.

À convite da 2K, UOL Jogos teve oportunidade de testar a coletânea, e ver o que há de novo (ou não) com os jogos da série em uma nova geração de consoles.

BioShock: The Collection - Big Daddy - Reprodução - Reprodução
Mascote da série, o Big Daddy ainda é tão intimidador e implacável quanto no "BioShock" original
Imagem: Reprodução

Do mar ao céu

Embora ainda seja considerado por muitos um dos grandes títulos da última geração de consoles, certos aspectos do primeiro “BioShock” não envelheceram bem - particularmente em termos de gráficos.

Embora o design de Rapture como um todo ainda seja evocativa e impressionante, vários outros aspectos do jogo original sofreram com a passagem do tempo, incluindo detalhes de ambientes e personagens (embora a estranheza dos Splicers talvez funcione mais com os gráficos antigos).

Para trazer os jogos para os novos consoles, a produtora Blind Squirrel Games - colaboradora de longa data da 2K Games, já tendo contribuido no desenvolvimento de jogos como “XCOM”, “Evolve” e o próprio “BioShock Infinite” - não só recriou as diferentes áreas de Rapture, como trouxe e implementou detalhes extras para o jogo.

Um exemplo disso está no vídeo acima, comparando as duas versões da viagem inicial da batisfera, que leva o protagonista Jack do farol até o porto da cidade. Os gráficos originais não envelheceram mal, mas o poder gráfico dos novos consoles (no caso do vídeo, o PS4) traz um visual mais detalhado, chegando a incluir elementos extras como águas vivas ao redor de uma estátua e cracas em uma das passarelas sendo consertadas por um Big Daddy.

“BioShock 2” mantém o mesmo padrão, em especial nos momentos em que Delta deve atravessar regiões afundadas ou destruídas de Rapture, sendo possível ver mais da fauna e flora marítima espalhadas pelo ambiente.

O único jogo a não ver grandes ganhos em termos gráficos - pelo menos facilmente visíveis - é, logicamente, “BioShock Infinite”, justamente por ser mais novo e ter um traço e direção de arte mais estilística.

Conceitos fundamentais

É importante notar que, embora estejam mais bonitos com os retoques gráficos, os jogos são virtualmente os mesmos.

Isso quer dizer que, para bem ou para mal, você vai estar jogando as antigas versões de “BioShock”, com todas as qualidades e problemas mecânicos vistos originalmente, há quase uma década.

Testando a versão de PS4, a jogabilidade dos jogos se mantém fundamentalmente as mesmas do que no PS3 ou Xbox 360 (embora devo admitir que faz muito tempo que joguei os dois primeiros títulos).

Mecânicas básicas, desde uso de armas, munições, poderes especiais, e o processo de hackear as máquinas em Rapture ou Columbia se mantém virtualmente as mesmas em cada jogo individual - então não espere trilhos na cidade submarina.

E embora não sejam ruins, necessariamente, alguns conceitos e comportamento de inimigos parecem um pouco datados hoje em dia, o que pode afastar pessoas mais acostumadas com outros ritmos de jogo - embora, por outro lado, a jogabilidade da série nunca foi considerada um dos seus pontos fortes, em geral (sério, ainda consigo lembrar da frustração e repetitividade da batalha com Lady Comstock em "Infinite).

A única grande novidade é “Imagining BioShock”, uma série de documentários que explica as origens e processo de criação do primeiro game, apresentado por Geoff Keighley e composto por entrevistas com o criador da franquia, Ken Levine, e o artista Shawn Robertson.

Para ver os episódios de “Imagining BioShock”, porém, o jogador deve encontrar diferentes rolos de filmes dourados escondidos pelo mapa, e o conteúdo é recomendável apenas para quem já terminou o jogo, já que vários elementos da narrativa são explorados e discutidos durante a série.

Infelizmente, é preciso ter um bom inglês para assistir ao documentário, já que a coletânea não terá legendas em português para nenhum dos jogos.