Futuro dos videogames se inspira nos celulares para aumentar lucros
Com o anúncio de versões mais robustas dos consoles PlayStation 4 e Xbox One que coexistirão com as plataformas atuais, tanto Sony quanto Microsoft mostram que o mercado de videogames mudou e busca inspiração nos celulares para aumentar lucros e isso pode ser bom tanto para a indústria quanto para os consumidores.
Consoles de videogame costumam ter longos ciclos de vida, com, no máximo, uma revisão de hardware no meio do caminho - as famosas versões 'slim', mais compactas e baratas, mas com praticamente os mesmos componentes que o modelo original. Assim, a indústria trava uma corrida para vender o máximo possível de unidades e os desenvolvedores tem plataformas bem definidas para trabalhar.
Todo PS3 é igual em processamento, independente de ser um modelo "tijolão", 'slim' ou 'super slim'. O mesmo vale para o Xbox 360. Essa é a razão, inclusive, para que periféricos como o Kinect ou o PS Move não sejam bem assimilados pelas produtoras: Nem todo dono de X360 tem um, então investir em recursos para o aparelho nunca é uma certeza de que o usuário vai aproveitá-lo.
Com o PS4 Pro e o Scorpio, a coisa muda de figura: Você tem dois produtos distintos de cada marca, com poder de fogo diferente e que, ainda assim, rodam os mesmos jogos com performances diferentes. Não é mais o modelo do mercado de consoles domésticos e sim, o dos celulares, mais precisamente, o da Apple, que constantemente anuncia novos dispositivos, mas sem abandonar, de cara, os anteriores.
Você pode investir num novíssimo iPhone 7 Plus, anunciado na última quarta-feira pela Apple. Ou pode aproveitar a queda de preço do iPhone 6 e descartar o seu iPhone 5 S. Como todos os seus jogos e aplicativos continuam funcionando no modelo novo, a migração é intuitiva e quase indolor - exceto, claro, pelo investimento financeiro, que pode ser bem alto para quem quer sempre ter a versão mais recente do aparelho.
As vantagens deste modelo de negócios para Sony e Microsoft são várias:
- Vender mais unidades do videogame ao longo do ciclo de vida: O PS4 já vendeu mais de 40 milhões de unidades. A tendência natural seria que as vendas chegassem a um platô nos próximos anos, mas com o lançamento do Pro, é provável que a Sony veja um novo aumento na demanda, com consumidores substituindo o PlayStation 4 atual pelo modelo turbinado;
- Fidelizar os consumidores: Se os seus jogos do Xbox One vão rodar no Scorpio,você vai pensar duas vezes antes de migrar de plataforma, como costuma acontecer no período de transição entre uma geração de consoles e a próxima;
- Dar opções de escolha, sem abandonar a marca: Assim como você faz ao escolher o celular que, com o perdão do trocadilho, cabe no seu bolso, tanto Microsoft quanto Sony querem ampliar o leque de opções dos consumidores de videogames, com versões mais baratas ou mais caras dos consoles, que atendem públicos com necessidades diferentes. Você vai comparar e escolher entre o PS4 'slim' e o Pro, ou o Xbox One S e Scorpio - e pode encontrar o que procura sem precisar olhar as alternativas do concorrente;
- Diluir os custos de desenvolvimento: Fazer games não é nada barato e uma queixa comum na indústria é que, quando os custos para produzir jogos em determinados consoles se estabiliza (as ferramentas de produção já estão prontas e muitos recursos são reciclados de um projeto para outro), novos videogames chegam e são incompatíveis com os anteriores, levando as produtoras de volta a estaca zero. Ao aprimorar o hardware gradualmente, PS4 Pro e Scorpio prometem resolver esse problema;
- Games antigos ganham novos recursos: O lançamento do PS4 Pro não vai marcar o fim das remasterizações, mas vai dar vida nova para jogos 'mais velhos', como "Infamous: First Light" e "Black Ops III", que ganharão recursos gráficos HDR, por exemplo. É a "futurocompatibilidade": atualizações no software farão esses games usarem os recursos da nova máquina. Para as lojas, isso é uma coisa boa, pois não ficarão com estoques cheios de jogos "antigos" assim que os novos videogames chegarem ao mercado;
- Acompanhar o avanço tecnológico com custos menores do que o de lançar uma nova geração de consoles: O PS4 Pro e o Scorpio chegarão preparados para monitores Ultra HD e óculos de realidade virtual, mas são mais próximos de PCs aprimorados do que plataformas novas construídas do zero. Ao mesmo tempo, as novas plataformas aprimoram recursos que deram certo nos modelos anteriores, como o streaming de vídeos via YouTube e Netflix, por exemplo.
Se o PS4 Pro for bem recebido pelos consumidores quando chegar às lojas dos EUA em outubro e o Scorpio repetir o feito em 2017, a indústria de games terá todos os indicativos de que pode, sim, mudar de modelo de negócios e se tornar algo bastante parecido com o mercado de celulares. É bem possível que, em alguns anos, tenhamos novas versões atualizadas destes consoles e não necessariamente um PlayStation 5 ou um quarto Xbox.
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