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Estagnação afeta cenário profissional de "StarCraft II", afirmam jogadores

Apesar de fiel e visivelmente engajado, público da Copa Intercontinental de StarCraft II foi um tanto tímido; game precisa se reinventar para atrair novos jogadores e espectadores - Rodrigo Lara/UOL
Apesar de fiel e visivelmente engajado, público da Copa Intercontinental de StarCraft II foi um tanto tímido; game precisa se reinventar para atrair novos jogadores e espectadores Imagem: Rodrigo Lara/UOL

Rodrigo Lara

Do UOL, na Cidade do México*

12/09/2016 11h01

"StarCraft" pode ser considerado como um dos precursores dos eSports e a representatividade da franquia nesse meio continuou com o lançamento do seu sucessor, em 2010. Se, por um lado, a franquia possui uma base leal de fãs, considerando o cenário mundial ela está longe da popularidade de outros pesos pesados do mundo dos eSports - a exceção fica por conta do mercado sul-coreano, onde o jogo segue firme e forte como um dos mais populares do local.

Jogadores profissionais ouvidos por UOL Jogos durante a Copa Intercontinental de "StarCraft II", realizada nos dias 10 e 11 na Cidade do México, se mostraram preocupados com alguns pontos do atual cenário competitivo do game. "A pior parte é que há poucos espectadores e pessoas seguindo o jogo. Não há novos jogadores entrando para a cena profissional, são sempre os mesmos. Isso é entediante tanto para os jogadores quanto para quem assiste", aponta o norte-americano Alex "Neeb" Sunderhaft.

Para o holandês Marc "uThermal" Schlappi, a ausência de novos jogadores tem a ver com as características básicas do game. "'StarCraft' sempre foi um game frustrante, você ganha desconcentrando e incomodando seu adversário". A opinião é compartilhada pelo brasileiro Diego “Kelazhur” Schwimer, principal jogador da modalidade no país. "O 'StarCraft II' tem uma curva de aprendizado muito acentuada para jogadores novos e pode ser bem frustrante você jogar sozinho, sem ninguém para te ajudar. É uma barreira muito grande".

Atraindo novatos

Os três jogadores apontam que a Blizzard tem implementado algumas novidades no game que ajudam a incentivar a entrada de novatos no mundo do game. Tanto Neeb quanto uThermal citam a possibilidade de começar a jogar o game com amigos. "O modo cooperativo é uma forma interessante de atrair mais jogadores casuais que, quem sabe, possam jogar profissionalmente um dia", afirma o norte-americano.

Já Kelazhur lembra que há uma versão gratuita do jogo. "Muita gente não conhece essa versão. Se essa informação for espalhada, ela acabaria atraindo novos jogadores que não experimentam o game por encontrar uma barreira de preço muito grande para começar". 

Mais relevante - e praticamente o único - jogador brasileiro de destaque no cenário profissional de "StarCraft II", Kelazhur também pondera que a falta de visibilidade é um dos problemas principais do game no Brasil. "Lá o cenário competitivo não está muito saudável. Um caminho para termos mais jogadores são os grupos dedicados aos game, que podem servir de ponto de partida para novatos e dar dicas para tornar a experiência com o game mais amigável".

A Blizzard, por sua vez, se apoia na já citada possibilidade de jogar "StarCraft II" gratuitamente para atrair novos jogadores. "Uma das coisas legais de 'StarCraft II' é que há várias formas diferentes de entrar para o mundo game. O cenário competitivo, certamente, é o que mais atrai a atenção das pessoas, mas há formas gratuitas de começar a jogar que são bem interessantes", diz um dos produtores do jogo, Rodney Tsing.

O produtor, porém, não revelou planos que possam aumentar a popularidade do game a médio prazo. Considerando a longevidade dos jogos da Blizzard, não seria exagero dizer que a cena profissional de "StarCraft II" terá pela frente mais quatro ou cinco anos de destaque. É um tempo considerável e, dado o atual momento, cabe a Blizzard encontrar meios para uma bem-vinda revitalização do cenário competitivo do jogo.

*O jornalista viajou a convite da Blizzard