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De olho em vários públicos, Nintendo quer reconquistar o mundo com o Switch

Nintendo Switch - Divulgação/Nintendo - Divulgação/Nintendo
Jogos da Nintendo estão garantidos, mas o Switch também quer o apoio das thirds
Imagem: Divulgação/Nintendo

Pedro Henrique Lutti Lippe

Do UOL, em São Paulo

25/10/2016 15h35

Desacreditado antes de sair, o DS foi um sucesso estrondoso que revolucionou a indústria. O Wii fez o mesmo no ramo dos consoles de mesa. O 3DS, por sua vez, começou de maneira desastrosa, mas encontrou o caminho para a liderança absoluta de sua categoria. E o Wii U fracassou. É muito difícil calcular a trajetória de um videogame Nintendo.

Mas o anúncio do Switch evidencia o caminho que a Nintendo quer tomar daqui para frente. E o fato da empresa ter apresentado seu novo sistema com uma mensagem tão clara em si é um ótimo sinal de que ele pode dar certo.

Antes detentora de um domínio quase incontestável da indústria dos games, hoje a Nintendo está em uma encruzilhada. Os executivos liderados pelo CEO Tatsumi Kimishima fazem malabarismo com produtos em situações muito distintas, como o moribundo Wii U, o estável, porém ultrapassado 3DS e a surpreendentemente rentável linha de bonecos amiibo.

Ao mesmo tempo, a promessa de lucro ilimitado da combinação entre smartphones e as poderosas franquias da Nintendo (como "Pokémon" e "Mario") corteja a empresa que sempre orgulhou-se de ter seu próprio hardware.

Talvez para não precisar abrir mão de nenhuma de suas cartas, a Nintendo misturou todas em um sistema só. O Switch é uma evolução do conceito do Wii U, com a portabilidade do 3DS e a acessibilidade de um tablet. A cereja no bolo é a criativa versatilidade da plataforma, que prova que os engenheiros de hardware da empresa têm razão em quererem manter seus empregos.

Nintendo Switch - Divulgação/Nintendo - Divulgação/Nintendo
Switch é o console de mesa que você pode levar para fora de casa
Imagem: Divulgação/Nintendo

Com o fracasso de vendas do Wii U em seu histórico recente, a Nintendo precisa convencer o mundo que desta vez as coisas serão diferentes.

Para seus fãs mais ardentes - aqueles que compraram o Wii U -, a Nintendo precisava mostrar que a sequência de bons jogos exclusivos continuará. Ainda que o primeiro trailer do console seja meramente ilustrativo, ele praticamente confirma novos "Super Mario", "Mario Kart" e "Splatoon" para o sistema, que já tem "Zelda: Breath of the Wild" no horizonte.

Para os gamers que migraram para outras plataformas, como os consoles concorrentes ou até o PC, era importante mostrar que o Switch não seria apenas mais uma máquina que vive só de jogos Nintendo. A lista de companhias que já estão trabalhando com o hardware empolga pela inclusão de selos como EA, Activision, Bethesda e Take-Two, que há anos nem sequer cogitam olhar para o Wii U.

E o Switch também precisava, enfim, cortejar as massas, que um dia fizeram do Wii um dos consoles mais vendidos de todos os tempos, mas hoje só jogam nos celulares. A ideia de uma experiência no nível de consoles, mas que pode ser levada para fora de casa como um tablet pode convencer pessoas que estão familiarizadas com o formato a testarem jogos mais tradicionais através do Switch.

O trailer de revelação do Switch indica, no mínimo, que a Nintendo sabe dos anseios de todos esses públicos. Se o sistema conseguirá sacia-los, só o tempo dirá.

Com tudo isso dito, é importante deixar claro que a peça mais importante do quebra-cabeça que é o Switch ainda está faltando: o preço de lançamento.

A diferença entre os acessíveis US$ 250 do Wii lá atrás em 2006 e os proibitivos US$ 350 do Wii U pode fazer com que a plataforma vá do céu ao inferno - ainda mais em um mercado que já está se firmando em torno do PlayStation 4 e do Xbox One, e que está prestes a receber versões mais poderosas de ambos.

A Nintendo não precisa que PS4 e Xbox One fracassem, mas seria bom para o Switch se os 'bombadinhos' PlayStation Pro e o Project Scorpio fossem rejeitados pelo público. Isto significaria que um hardware superpoderoso não é prioridade para os jogadores de consoles.

De qualquer maneira, a certeza que já podemos cravar em relação ao Switch em toda a sua glória não convencional é que, daqui para frente, estamos entrando em território inexplorado.