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Torneio, torcida e times consolidam Brasil como pátria do "CS:GO"

SK Gaming, a organização alemã com sangue brasileiro. - Reprodução/ESL
SK Gaming, a organização alemã com sangue brasileiro. Imagem: Reprodução/ESL

Barbara Gutierrez

Do UOL, em São Paulo

03/11/2016 14h52

Apesar da equipe brasileira SK Gaming não conquistar o título da ESL Pro League de “Counter-Strike: Global Offensive”, o Brasil de certa forma saiu vencedor do torneio.

A realização do evento, o desempenho das equipes brasileiras e a recepção calorosa do público consolidaram o país como uma das principais forças no cenário mundial competitivo.

"A torcida sendo considerada a melhor do mundo nos tópicos aí, gostaram muito da animação dos brasileiros", disse o jogador Gabriel “Fallen” Toledo, capitão da SK Gaming, ao UOL Jogos. Os gritos de animação dos visitantes no Ginásio do Ibirapuera do dia 28 ao dia 30 de outubro assombraram os competidores gringos:

"Dá para ouvir a multidão gritando enquanto você joga”, comenta Michael "shroud" Grsesiek, membro da campeã Cloud 9. Nem os protetores de ouvido ajudaram: “Mesmo com fones, a torcida é bem barulhenta, é muito louco!"

Os norte-americanos da Cloud 9 levaram o título da ESL Pro League no Ginásio do Ibirapuera contra Fallen e seus companheiros brasileiros. - Reprodução/ESL - Reprodução/ESL
Os norte-americanos da Cloud 9 levaram o título da ESL Pro League no Ginásio do Ibirapuera contra Fallen e seus companheiros brasileiros.
Imagem: Reprodução/ESL

Mesmo com problemas na transmissão e estrutura dos jogos, mais de 15 mil pessoas acompanharam presencialmente disputas de “CS:GO” de nível internacional, e ainda com benefícios nunca antes oferecidos em outras partes do globo.

Phillipe Moreira, engenheiro de software de 25 anos, foi um dos visitantes a adquirir o Ingresso Premium, que por R$ 900 dava direito aos três dias do campeonato e regalias como comida, bebida e um tour pelos estúdios.

“É o primeiro evento da ESL que oferece esse tipo de visita para o público, é bacana conhecer como é montado o equipamento e a parte técnica”, diz Moreira. “Visitamos a estrutura do ginásio, a parte de som e técnica por trás de tudo. Sempre existe uma falha ou outra mas isso acontece, não é culpa do Brasil, o país está de parabéns e eu estou muito orgulhoso.”

Segundo a ESL, o crescimento de jogadores brasileiros no cenário competitivo e o público nacional cada vez maior contribuiu para que o país fosse escolhido como sede do torneio.

"A recente expansão da ESL para o Brasil vem acompanhada pela fantástica performance dos atuais jogadores do Sk Gaming e do apoio dos fãs que tiveram um papel importante para a escolha de São Paulo" disse Ulrich Schulze, vice-presidente da divisão profissional da organização de eSports.

Respondendo às expectativas, a grande decisão entre SK Gaming e Cloud 9 bateu recordes de audiência para uma transmissão brasileira de “Counter-Strike: Global Offensive” na plataforma Twitch, com mais de 74 mil pessoas acompanhando as partidas entre as equipes finalistas. Segundo a ESL, o evento atingiu mais de 16 milhões de visualizações em todo o mundo, com pico de audiência simultânea de mais de 400 mil espectadores.

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SK Gaming, Immortals gg e mais

Os brasileiros não foram campeões da ESL Pro League realizada em São Paulo, mas isso não significa que os times nacionais sejam fracos. Muito pelo contrário.

Em 2016, a turma liderada por Fallen ganhou os dois únicos torneios Major realizados (um pela Luminosity Gaming, outra já pela SK). Os Majors são competições que possuem  patrocínio da Valve, a produtora do “Counter-Strike”, e assim contam com maior prestígio junto aos fãs - além de premiações generosas de US$ 1 milhão. Não só isso, mas com o desempenho na competição, eles ainda voltaram ao topo do ranking de "Counter-Strike" no site especializado HLTV.

Fallen ainda desenvolve outro papel importante no cenário nacional como uma das principais mentes por trás da Games Academy, um projeto de incentivo ao cenário brasileiro de “CS” que contempla desde competições amadoras até aulas para melhorar seu nível no jogo de tiro em primeira pessoa.

Inclusive é graças à Games Academy que a Immortals gg, o outro esquadrão nacional presente na competição da ESL, está atualmente competindo internacionalmente.

A maioria da equipe que hoje integra a Immortals gg (antiga Tempo Storm) veio diretamente de um time patrocinado pela Games Academy. O projeto realizou o campeonato Golden Chance em outubro de 2015 e ofereceu um ano nos Estados Unidos à escalação que ganhasse. - Reprodução/Immortals gg - Reprodução/Immortals gg
A maioria da equipe que hoje integra a Immortals gg (antiga Tempo Storm) veio diretamente de um time patrocinado pela Games Academy. O projeto realizou o campeonato Golden Chance em outubro de 2015 e ofereceu um ano nos Estados Unidos à escalação que ganhasse.
Imagem: Reprodução/Immortals gg

“É um pessoal que teve oportunidade de jogar fora do país graças ao projeto, agora eles trilharam o próprio caminho e estão entre os melhores 15 do mundo”, relembra Otávio “bczz” Bocuzzi, analista e comentarista de “CS:GO”, ao UOL Jogos. “Infelizmente eles não conseguiram passar da fase de grupos desta competição mas eles têm representado o Brasil muito bem lá nos Estados Unidos.”

Não temos apenas duas grandes representantes - o futuro do país ainda é muito promissor, lembrando de nomes como a nova escalação da Luminosity Gaming, cuja Gaming House (casa na qual os jogadores moram e treinos juntos em uma espécie de concentração) se encontra nos Estados Unidos. Outro belo exemplo é a G3nerationX, que recentemente se consagrou campeã da ESL Premiere League Brasil e tem planos de ir ao exterior.

Se o “Counter-Strike” pode superar o futebol? “Com certeza eu torço pelo futebol, mas o 'CS' está está dando muito orgulho aos brasileiros e fãs do eSports”, diz sorrindo Henrique ''hen1-'' Teles ao UOL Jogos.

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