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Jogo do ano, "Overwatch" sofre para se consolidar como eSport no Brasil

Barbara Gutierrez

Do UOL, em São Paulo

02/12/2016 14h15

Overwatch foi o título mais premiado do The Game Awards 2016, recebendo não apenas o título de Jogo do Ano como também Melhor Jogo Multiplayer, de eSports e Melhor Direção.

Mesmo recebendo uma liga competitiva oficial da Blizzard no exterior com direito a agenda de campeonatos e contratos profissionais para jogadores, o futuro do cenário permanece incerto no Brasil.

Claramente podemos observar como a comunidade apaixonada pelo jogo de tiro em primeira pessoa tenta promover competições e manter quente a veia brasileira de eSports em Overwatch, mas ainda não é suficiente para ao menos tentar chegar aos pés do cenário internacional.

“O cenário lá fora com certeza está bem mais desenvolvido”, diz Gabriel “snow” Ceregatto, um dos melhores jogadores do país. “Ninguém aqui no Brasil tem condições financeiras de viver jogando Overwatch profissionalmente. Competições internacionais são, aparentemente, o maior foco da Blizzard e dos investidores nesse momento.”

Mesmo com apenas 17 anos, “snow” foi o primeiro brasileiro com mais espaço na cena competitiva nacional. Atualmente, o jogador está na equipe norte-americana Method, recebendo até salário para defender a camisa do time. Com contrato assinado, o jovem já viajou aos EUA para participar do Overwatch Open, campeonato da ELEAGUE que conta com apoio da Blizzard.

Seu nome já esteve no topo do ranking mundial e das Américas, e apesar de ver como o Brasil ainda não chegou ao nível de países como os Estados Unidos no Overwatch, ele é positivo sobre a conjuntura nacional.

“Ainda tem bastante espaço pra crescer, e eu acho que esse espaço vai ser bem utilizado. O desenvolvimento não vai demorar muito, talvez nos próximos 2 ou 3 anos. Mas por enquanto, acho que ninguém vai largar emprego ou faculdade para jogar o tempo todo no Brasil neste período de tempo.”

Já James “soulive” Romano, jogador que participou do mundial de Overwatch pela seleção brasileira, acredita que o cenário brasileiro de Overwatch tem muito potencial, porém carece de maiores investimentos.

Overwatch - Seleção Brasileira - Reprodução - Reprodução
Seleção brasileira de Overwatch na Copa do Mundo contou com youtuber BRKsEDU e "soulive"
Imagem: Reprodução

Sua experiência durante o campeonato mundial o fez enxergar bem as diferenças na cena competitiva: “Fica bem claro que lá fora eles se esforçam para que os players tenham a melhor experiência possível. Aqui no Brasil me parece que o foco é mais nas marcas e propagandas durante os campeonatos, de maneira geral. O pro player fica em segundo plano.”

Para “soulive”, a divulgação ajudaria Overwatch a se profissionalizar no país. “O preço do jogo no Brasil também limita a entrada de novos jogadores”, diz.

“É difícil convencer um amigo a comprar um jogo de R$ 160, por exemplo. Ou convencer seus pais a comprar por você, sendo uma criança. Se a base de jogadores tivesse tamanho semelhante à de ‘League of Legends’, os patrocínios investiriam muito mais e o profissionalismo seria questão de tempo.”

Lado positivo

Mas ainda assim, há muita esperança. Segundo Petar Neto, apresentador e narrador do jogo, “é apenas questão de tempo”.

“O cenário de Overwatch no Brasil ainda é muito novo, não está sólido. É uma cena interessante que está crescendo absurdamente. Temos de 8 a 10 times nacionais que participam dos campeonatos mais conhecidos como a Black Dragons, Keep Gaming, INNOVA e SantosDex.”

Overwatch - Black Dragons - Reprodução - Reprodução
Time de "Overwatch" da Black Dragons já ganhou diversos torneios profissionais e da comunidade, como o GTX Nvidia Challenge LAN, da BGS 2016
Imagem: Reprodução

Para Neto, são necessários três elementos para o eSports bombar no país: “Investimento pesado de empresas externas (como por exemplo a Old Spice), as grandes organizações de outros cenários entrarem com line-ups oficiais de Overwatch, e a ascensão de um pro player como ídolo do público.”

O narrador cita as principais competições para os fãs do jogo de tiro em primeira pessoa acompanharem: “Além do campeonato Old Spice Overwatch Tournament feito pela IGN, que oferecerá R$ 50 mil em premiações, ainda temos a LBOW (Liga Brasileira de Overwatch), Liga MVP Overwatch e DvM OverWatch Cup. Também teremos a Última Arena, que é um torneio que eu organizei.”