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Volta por cima: astro brasileiro saiu da reserva para liderança do "LoL"

brTT, atirador de "League of Legends", é do Rio de Janeiro e atualmente tem 26 anos - Reprodução
brTT, atirador de "League of Legends", é do Rio de Janeiro e atualmente tem 26 anos Imagem: Reprodução

Barbara Gutierrez

Do UOL, em São Paulo

27/02/2017 08h00

"Cheguei ao fundo do poço na minha carreira". A frase, dita por Felipe "brTT" Gonçalves em novembro de 2016, retratava o que amargar o banco de reservas foi capaz de fazer ao psicológico de um dos mais famosos jogadores de "League of Legends" no Brasil - somando Twitter e Facebook, o pro player é seguido por mais de 1 milhão de pessoas.

brTT é atirador - posição quase igual ao artilheiro do futebol ou o pivô no basquete... é o jogador que pode carregar o time ou então afundá-lo caso não jogue bem. Com seu jeitão meio marrento e não ligando para o que os outros falam, o carioca de 26 anos faz o típico atleta que precisa suportar o peso da fama junto à camisa. 

O ano era 2015. A paiN Gaming, uma das grandes favoritas do público para ganhar a segunda temporada do Campeonato Brasileiro de League of Legends (CBLoL), estava brilhando mais do que nunca. Com estrelas em sua escalação como Gabriel "Kami" Bohm na trilha do meio, e o carregador brTT ao lado do suporte francês Hugo "Dioud" Padioleau na trilha de baixo, a equipe estava com tudo.

Em um sonoro 3 a 0, a equipe marcou em cima da INTZ e tornou-se campeã brasileira, conquistando uma vaga para representar o país no International Wildcard, a competição que oferecia espaço para o tão sonhado Mundial de "LoL". E não é que eles conseguiram isso também?

Parecia que ninguém poderia parar os meninos, que brilharam contra equipes da Turquia, Japão etc. Com a vaga no Mundial, a base de torcedores da PaiN só fazia aumentar. E não era à toa, já que aquela seria apenas a segunda vez que uma equipe do Brasil tinha a chance de disputar um torneio tão importante.

Com 24 anos nos idos de 2015, o carioca brTT vivia seu auge, popularizando o jeito marrento que ajudou-o a se tornar um dos principais personagens do Legends Rising, uma série de minidocumentários feita pela própria Riot Games para apresentar as estrelas que estariam no League of Legends World Championship.

Legends Rising Episódio 5- Uzi e brTT - 'Família'

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No final das contas, a paiN não foi muito longe no Mundial - o "LoL" ainda é dominado por coreanos e chineses -, mas não importava muito, pois os resultados foram os melhores já obtidos até então por um time brasileiro. A equipe de brTT parecia pronta para 2016 e seus novos desafios.

O pro player, que começou um menino nos eSports - passando do "Counter-Strike" para "DotA" e finalmente "LoL" -, agora era um homem com uma carreira reconhecida nos eSports. Homem não: "pai", forma como é chamado por seus fãs. Claro que também era odiado por muitos (ah, os "haters"...), mas também estabeleceu uma base fiel de seguidores. Criou sua própria marca de roupas baseada no seu bordão "Rexpeita".

Em 2016, o astro dava mais atenção à vida pessoal: pediu a namorada em casamento - durante a transmissão do próprio mundial de "LoL" -, comprou um apartamento, onde moraria com a então noiva - afinal de contas, uma gaming house, onde os pro players moram e treinam em uma espécie de intensivão, não é o lugar mais confortável para viver.

O jogo começou a mudar: logo na primeira temporada do CBLoL de 2016, ele sentou no banco pela primeira vez. E não gostou.

Substituído ainda em maio nas partidas da paiN Gaming por Rodrigo "TaeYeon" Panisa, BrTT disse que entendia a decisão do time e de seu treinador, Gabriel "MiT" Souza. O craque queria brilhar, mas parecia que todas as partidas só o colocavam mais para baixo. A equipe não teve nem de perto os resultados das temporadas anteriores no CBLoL e afundava na tabela.

2016, como brTT sempre frisou, foi difícil. Cada vez mais o ódio dos fãs substituía as palavras de amor e carinho que antes povoavam suas redes sociais. Começaram os rumores de uma possível aposentadoria, apesar do pro player negar tal possibilidade.

Em novembro, após uma péssima temporada para a paiN Gaming e o gosto amargo de ficar no banco, o atirador não teve seu contrato renovado com a equipe. Ali, foi enigmático (e marrento, claro):  "Após ser colocado na reserva, cheguei ao fundo do poço na minha carreira. Agora, o machado está pronto pra rodar, e em 2017 vou colocar para Rexpeitar."

E não é que ele conseguiu?

O 2016 de brTT- reserva, saída da paiN, família e a volta

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O novo ano tem se mostrado generoso para brTT. Agora jogando pela RED Canids, ele voltou a morar numa gaming house e também a jogar com seu antigo parceiro Dioud, revivendo o duo bot mais querido do Brasil. O time, que hoje brilha invicto no CBLoL, conta com outros parceiros de ótima performance, como Leonardo "Robo" Souza no topo, Carlos "Nappon" Rücker na selva e Gabriel "tockers" Claumann no meio - que é, sem dúvidas, um dos maiores motivos pelo sucesso da escalação atual.

Atualmente, a equipe conta com cinco vitórias e 15 pontos, cinco pontos a mais que o segundo colocado, a INTZ. O CBLoL terá mais duas semanas de confronto até chegar à fase eliminatória, mas a cereja do bolo mesmo está na disputa marcada para 4 de março, quando a RED Canids enfrentará ninguém menos senão... a paiN Gaming.

Os fãs estão ansiosos pela partida, já que será o primeiro "reencontro" de brTT com sua antiga equipe. Depois de tantos problemas e de ver sua carreira quase chegar ao fim, "o campeão voltou" e terá a chance de prová-lo a todos que duvidaram de sua capacidade e futuro. Rexpeita o pai!

Equipe da RED Canids conta com Dioud, Tockers, brTT, Nappon e Robo (da esq. para dir.) - Reprodução - Reprodução
Equipe da RED Canids conta com Dioud, Tockers, brTT, Nappon e Robo (da esq. para dir.)
Imagem: Reprodução