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Primeiro videogame do Brasil, Telejogo foi criado pela Ford

O Telejogo da Philco-Ford foi pioneiro no mercado de games brasileiro - Reprodução
O Telejogo da Philco-Ford foi pioneiro no mercado de games brasileiro Imagem: Reprodução

Victor Ferreira

Do Gamehall

05/03/2017 10h00

Nos anos 70, os videogames começaram a dominar a casa das pessoas, passando de máquinas no fliperama para consoles caseiros.

No Brasil o fenômeno não foi diferente, graças principalmente ao primeiro console fabricado no país, o Telejogo.

O mais curioso, porém, foi quem foi responsável pela fabricação da plataforma: a Ford Motor Company.

Sim, embora seja principalmente conhecida pela criação e fabricação de carros, a Ford já tentou a sorte em outros mercados tecnológicos, e um de seus maiores sucessos no país veio, curiosamente, do mundo dos videogames.

Rádio Philco-Ford - Reprodução/Carrocultura - Reprodução/Carrocultura
A Philco-Ford era considerada uma das melhores fabricantes de rádios no mercado
Imagem: Reprodução/Carrocultura

Rádios, TVs, videogames

Para entender como a Ford acabou sendo associada ao Telejogo, é preciso de um pouco de contexto.

No início da década de 1960, a Ford adquiriu a Philco, que mesmo após décadas como referência em fabricação de televisores, rádios e até mesmo computadores para o governo, foi forçada a declarar falência.

Vendo oportunidade de investir em um novo mercado, a companhia formou a Philco-Ford, que continuou com a fabricação de eletrodomésticos em todo o mundo - além de criar rádios especiais para seus carros.

Já nos anos 70, os videogames começaram a migrar para as casas das pessoas em todo o mundo, e a empresa viu uma chance de investir neste setor praticamente inexistente no Brasil.

Por isso, em 1977, a Philco-Ford lançou o Telejogo, que chegou às lojas brasileiras pela bagatela 1,6 mil cruzeiros - por volta de R$ 1.150 nos dias de hoje.

Logicamente, como boa parte dos consoles de mesa da época, o Telejogo nada mais era do que um clone elaborado de “Pong”, com três variações diferentes conhecidas como “Tênis”, “Paredão” e “Futebol”.

Além disso, como muitos outros videogames naquele tempo, o Telejogo não tinha um “controle”, propriamente, com jogadores controlando as barrinhas por meio de “dials” que ficavam nas extremidades da máquina.

Telejogo II - Reprodução - Reprodução
O Telejogo II trazia mais jogos e controles melhores
Imagem: Reprodução

Modelo de sucesso

Naturalmente, a possibilidade de jogar games como “Pong” de casa cai no gosto do público brasileiro, e o Telejogo vendeu muito bem no país.

O sucesso foi tanto que, no ano seguinte, a Philco-Ford lançou uma versão maior e melhor da plataforma, o Telejogo II.

Ao contrário de seu predecessor, este console tinha dois controles, e um total de 10 jogos: “Hockey”, “Paredão I”, “Paredão II”, “Basquete I”, “Basquete II”, “Futebol”, “Barreira”, “Tiro Alvo I” e “Tiro Alvo I” - todos, claro, elaborados com base em “Pong”.

Assim como a plataforma da Atari, o Telejogo teve seus próprios clones, com destaque especial para a linha TV Jogo, da empresa Superkit.

Atari 2600 - Divulgação - Divulgação
Consoles com cartuchos, como o Atari 2600, marcaram o início de uma nova era nos games
Imagem: Divulgação

Fim de uma era

Apesar da popularidade, o reino do Telejogo e seus competidores foi breve, já que novos consoles como o Nintendinho e o Mastery System começaram a surgir, capazes de jogar vários games diferentes por meio de cartuchos.

Enquanto isso, a sede brasileira da Ford transferiu a Philco para a gigante japonesa Hitachi, que acabou desistindo de investir no mercado de games alguns anos depois pela popularização desses consoles mais sofisticados.

Para os saudosistas desta época, porém, o Telejogo ainda tem vida, e cópias do primeiro videogame brasileiro podem ser facilmente encontradas por até R$ 700 no Mercado Livre.