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GameStop: por que a maior rede de lojas de game do mundo está em declínio?

A rede de lojas GameStop está sofrendo para se adaptar aos novos tempos - Reprodução
A rede de lojas GameStop está sofrendo para se adaptar aos novos tempos Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

27/03/2017 14h05

Quem já teve a chance de visitar os EUA e adora videogames certamente já se deslumbrou com uma das lojas da GameStop, maior rede de varejo de jogos eletrônicos de todo o mundo.

Conhecida por ter um acervo variado de jogos novos e usados, além de uma série de acessórios e itens especiais, a GameStop é um bom "ponto turístico" para quem curte o mundo dos games e o universo geek em geral.

Ao que parece, porém, seus dias de glória estão contados: após um desempenho fraco em 2016 - incluindo vendas abaixo das expectativas para o fim do ano -, a rede fechará de 2 a 3% de suas lojas ao redor do mundo - um total de até 225 estabelecimentos.

Para se ter uma noção, o número de vendas globais caiu 8,1% em relação a 2015, arrecadando um total de US$ 8,61 bilhões. No último ano, as ações da empresa caíram 31%.

Mas por que uma das maiores lojas de games no mundo está sofrendo tanto com baixas vendas?

A resposta mais simples envolve o cada vez mais popular mercado digital de games, em particular o Steam, a PlayStation Network e o Xbox Live.

Embora a diretoria acredite que a queda nas vendas "não foi causada unicamente pela aceleração de downloads de jogos completos", a facilidade de adquirir, baixar e acessar um game do conforto de casa certamente é um fator significativo para as lojas de varejo especializadas.

Esta não é uma tendência nova - faz anos que analistas como Jeffrey Himelson da Seeking Alpha tem dito que a ascensão do mercado digital seria a "morte da GameStop" -, mas parece que ela finalmente está fazendo um impacto real na competição.

Outro fator relevante é a competição de outras grandes lojas de varejo, sejam no mercado físico (como a Best Buy e a Target) ou no digital (Amazon), que têm se tornado alternativas cada vez mais atraentes para o público americano.

É também importante notar que, financeiramente falando, 2016 não foi um grande ano para a indústria de games como um todo, que encolheu 2,5% em relação a 2015, o que certamente não ajudou o desempenho da GameStop.

Call of Duty: Infinite Warfare - Divulgação/Activision - Divulgação/Activision
"Call of Duty: Infinite Warfare" não foi o sucesso esperado pelas lojas de games
Imagem: Divulgação/Activision

Fator "Call of Duty"

O relatório da GameStop também cita o número inesperadamente baixo de vendas de grandes títulos lançados na época das festas de fim de ano como uma das razões para o desempenho negativo em 2016.

Embora não tenha citado nomes, um dos prováveis jogos desta lista é "Call of Duty: Infinite Warfare", nova iteração da popular série de shooters, que a cada ano tem sofrido com quedas de vendas. Até mesmo a própria publisher da franquia, a Activision, declarou que o game teve vendas decepcionantes.

Outros jogos lançados na mesma época, como "Titanfall 2", também não tiveram vendas particularmente boas durante o período de fim de ano.

Thinkgeek - Reprodução - Reprodução
A loja Thinkgeek pode ser o caminho do futuro para a GameStop
Imagem: Reprodução

Reinvenção

Como dito anteriormente, o mercado digital tem sido uma ameaça clara para a GameStop há alguns anos, e a empresa trabalha há alguns anos para se adaptar a esta nova realidade, diversificando seus produtos.

Um dos pontos positivos do relatório financeiro da GameStop neste ano é que o mercado de colecionáveis da empresa cresceu 27,8% no último ano, em parte graças à volta da popularidade de "Pokémon" e o sucesso de iniciativas como a loja ThinkGeek, focada em acessórios de franquias e séries famosas como "Star Wars", "Star Trek", "Game of Thrones" e o Universo Marvel - tanto que a empresa pretende abrir 24 novos estabelecimentos em 2017.

Além disso, a GameSpot também é dona da Spring Mobile, uma popular revendedora de produtos e serviços da gigante de telecomunicações AT&T no país.

Por isso, é provável que nos próximos anos a empresa deixe de se focar totalmente no mercado de games e passe a dar ênfase à "cultura geek" como um todo, vendendo desde produtos e acessórios de franquias de sucesso até smartphones e outros produtos tecnológicos que não sejam necessariamente ligados a videogames.

De qualquer forma, é provável que a GameStop como a conhecemos atualmente não vá durar muito mais tempo.