Scorpio: Xbox precisa de mais jogos, e não de mais teraflops
Scorpio, nova versão do Xbox One, será poderoso; mas isso basta?
Ao longo dos últimos meses, a Microsoft sinalizou várias vezes que o Project Scorpio seria a solução para a precária situação atual do Xbox One. Mas a revelação dos primeiros detalhes do sistema, feita nesta quinta-feira (6), nos diz que isto é bem improvável.
Com 6 teraflops, "o console mais poderoso do mundo" é, sim, mais potente que o Xbox One original e que o concorrente PlayStation 4 Pro - mas não é disso que a Microsoft precisa para virar o jogo.
As vendas totais do Xbox One não alcançam nem a metade das vendas do PS4. E enquanto o console concorrente recebe cada vez mais títulos exclusivos de qualidade, a Microsoft cancela projetos que outrora foram promovidos como carros-chefe do sistema, como "Fable Legends".
Frente a "Horizon: Zero Dawn", "Yakuza 0", "Nioh", "Kingdom Hearts", "NieR Automata" e "Persona 5", games aclamados exclusivos da concorrência, a Microsoft ofereceu nos últimos meses "Halo Wars 2" e o cancelamento de "Scalebound".
A própria empresa admite que perdeu a conexão que tinha com os desenvolvedores na era Xbox 360. "Nós tínhamos a melhor plataforma para os desenvolvedores, mas [com o Xbox One] nós perdemos isso em um período de dois anos", disse o vice-presidente de Xbox e Windows Mike Ybarra ao site Digital Foundry.
Mas um modelo mais poderoso (e provavelmente muito mais caro) do Xbox One não vai trazer mais jogos para a plataforma. E este é o real problema da marca.
A Microsoft ainda tem vários meses para tentar provar o valor do Scorpio. Mas o fato de que a empresa optou por uma enxurrada de detalhes técnicos como a grande revelação inicial do sistema indica que ela só está conversando com aqueles que já são fãs de carteirinha do Xbox.
Assim como fez o PlayStation 4 Pro no ano passado, o Scorpio só vai atrair a atenção de quem já está dentro do ecossistema Microsoft.
Afinal, qualquer jogador pode sair de casa hoje e montar um PC mais poderoso que o Scorpio e capaz de rodar todos os exclusivos da Microsoft, de "Gears of War 4" a "Forza Horizon 3". Por que esperar?
E a falta de transparência em relação ao preço da máquina é um agravante. Enquanto a Microsoft prepara seu próximo hardware, a Nintendo provou com o recém-lançado Switch que o público quer acessibilidade a um preço baixo. O Scorpio será caro e precisará de uma igualmente cara TV 4K para ser aproveitado ao máximo.
Para quem quer um Xbox One mais poderoso, o Project Scorpio deve ser uma boa ideia. Mas para todos os outros - desde aqueles que ainda não têm um console da atual geração até quem já tem um Xbox One, mas nenhum interesse em 4K -, o anúncio de novos jogos exclusivos que funcionam também no Xbox One básico seria muito mais importante do que qualquer coisa que o Scorpio tem a oferecer.
Do Nintendo 64 ao Xbox original, a indústria já nos provou inúmeras vezes que alta capacidade gráfica não vende consoles. Portanto, não: o Project Scorpio não é o salvador do qual a Microsoft precisa.
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