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5 dicas para o reboot dos filmes de "Resident Evil" dar certo nos cinemas

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Imagem: Reprodução

Bruna Lanzillotta e Ciro Guedes

Do REVIL*

09/06/2017 12h00

Ame ou odeie os filmes de “Resident Evil”, a série vai receber um reboot, com nova história, personagens, atores e até mesmo nova equipe de filmagem. A notícia chegou pouco tempo depois de o último filme da franquia, “Resident Evl 6: O Capítulo Final” ter estreado.

Apesar de Milla Jovovich, estrela absoluta da antiga série cinematográfica, ter se oposto veementemente a ideia de um reboot tão precoce, parece que a produtora Constantin Film não está lá muito preocupada e já até escalou o diretor James Wan para participar da produção do filme. Tamanha agilidade nos diz que provavelmente veremos o próximo filme baseado em “Resident Evil” mais cedo do que pensamos.

Cinema e jogos nunca foram uma combinação totalmente bem-sucedida. Enquanto games com abordagens cinematográficas possuem sua boa dose sucesso (como “Heavy Rain” e “Until Dawn”), o mesmo não se pode dizer dos filmes baseados em jogos.

A maioria esmagadora possui apenas uma coisa em comum: nunca fizeram sucesso com a crítica especializada. Não é nenhum mistério que a saga “Resident Evil” se encontre entre eles, apesar de bons números de bilheteria. Depois de várias tentativas de adaptações frustradas para as telonas, um reinício pode dar uma oportunidade para que, finalmente, surja um bom filme baseado nos jogos.

Listamos abaixo alguns pontos positivos deste reinício e elementos que poderiam ajudar “Resident Evil” a alcançar, nos cinemas, o mesmo espeito que os games conquistaram ao longo de mais de 20 anos de existência.

Fidelidade aos games

Nos cinemas, “Resident Evil” assumiu uma identidade bem diferente dos jogos, com filmes cheios de ação desenfreada. Apesar das mudanças que franquia sofreu a partir de “RE4”, que aproximaram os jogos cada vez mais da ação, o primeiro “Resident Evil” é altamente inspirado em filmes de terror B.

A base de fãs que cresceu com os games mais antigos também tende a preferir esse estilo, com personagens vulneráveis lutando para sobreviver a uma situação tensa, como um apocalipse zumbi. Com o retorno dessa tendência aos jogos, como aconteceu em “Resident Evil 7”, é natural que a saga de filmes também mude seu estilo.

Há de se considerar, porém, até onde essa fidelidade com os jogos tem que ser respeitada. Tentativas de trazer os jogos exatamente como eles são para as telas tiveram uma receptividade, no máximo, morna com os fãs e falharam em impressionar a crítica.

Será que a história do primeiro Resident Evil, seguida completamente à risca, daria um bom roteiro para o cinema? Talvez os novos filmes de “RE” não precisem ser exatamente iguais aos jogos, mas sim uma ‘carta de amor’ sobre eles, uma homenagem, respeitando o material de origem. Essa abordagem tem mais chances de agradar aos fãs e criar um público cativo, que espera há tantos anos por essa aproximação entre os games e os filmes.

História mais coesa

É bem visível que os filmes de “Resident Evil” não foram planejados desde o início para formar toda a saga de Alice como a conhecemos.

Milla Jovovich e Paul WS Anderson, diretor e roteirista de boa parte dos longas da franquia, sempre disseram que cada novo capítulo da história era feito “como se fosse o último”, um de cada vez, sem uma noção geral de como a história deveria caminhar ou ser concluída.

Apesar da equipe de produção ter se mantido constantes ao longo dos 15 anos de existência da série, os filmes destoam demais entre si, se perdem na continuidade e, muitas vezes, deixam furos em aberto que não foram resolvidos nem mesmo com a conclusão, em “RE6: O Capítulo Final”.

Os produtores e roteiristas do reboot podem pensar em cada filme como parte de algo maior, sem necessariamente apelar para os fracos ganchos sem resoluções satisfatórias que vinham sendo utilizados até então.

Resident Evil: Apocalypse - Sienna Guillory - Jill Valentine - Reprodução - Reprodução
Nos filmes, Siena Guillory interpretou Jill Valentine, heroína clássica dos games
Imagem: Reprodução

Personagens mais relevantes

Apesar de Alice ter conquistado seu espaço com o carisma e talento de Milla, os filmes exploram muito pouco da história dela. Enquanto ela era basicamente uma máquina de matar zumbis e motor de algumas sequências de ação costuradas por roteiros fracos, os coadjuvantes (que geralmente eram personagens originais dos jogos) sofriam ainda mais, não somente com falta de identidade própria, mas também por não possuírem um propósito real na história dos filmes.

Muitos eram descartados em cenas de morte ou simplesmente sumiram ao longo das histórias sem explicações. Este é um ponto que incomoda bastante os fãs dos jogos: além de seus personagens mais queridos serem delegados ao segundo plano, não são retratados com fidelidade em relação ao material original.

A presença dos personagens dos jogos é algo obrigatório nos filmes de “Resident Evil”? Alguns fãs mais ferrenhos dirão que sim, e que a ausência de nomes como Chris, Leon e Jill seria grande desfalque para o reboot.

No entanto, talvez seja mais importante que os filmes alcancem a essência dos jogos sem necessariamente retratar tudo tão à risca, incluindo aí os personagens clássicos. Isso evitaria problemas com a base de fãs ao verem seus heróis preferidos em papéis secundários ou até mesmo a ausência de alguns nomes queridos nas telonas.

“Resident” possui um elenco imenso e talvez não seja possível transportar boa parte dos personagens dos games para os cinemas. Ao contrário do que aconteceu na franquia anterior, é importante que o reboot traga personagens mais relevantes e humanos, sejam eles baseados nos jogos ou não.

Identidade

Se aconteceu com os games, por que não aconteceria com os filmes? Os jogos de “Resident Evil” já se reinventaram algumas vezes e nesse processo eles acabam perdendo a identidade e dividindo a base de fãs.

Com a conclusão da saga de Alice criou-se a oportunidade de os filmes ganharem novos rumos, nova identidade e, consequentemente, novo público.

Mesmo com Milla Jovovich no papel de protagonista de cada longa-metragem, dando um rosto para a franquia, os filmes mudavam tanto de identidade visual que às vezes você se perguntava se algo não tinha sido esquecido pela equipe produção.

Os próprios temas da série também mudaram várias vezes: de ficção científica e tecnológica para um terror B, depois para filme de ação, novamente um sci-fi misturado com filme de ação… É difícil saber qual o conceito por trás da história de Alice — talvez porque, na real, não exista um conceito. De fato, o único elemento que conseguiu dar alguma identidade aos filmes de “Resident” foi a presença de Milla Jovovich ao longo destes 15 anos.

Estabelecer o que se quer deste novo filme - ficção científica, filme de terror B, ação explosiva... – pode ajudar a criar uma identidade marcante à nova linha de filmes, conferindo estilo mais próprio, independente do protagonista que estampar os pôsteres.

Nós já sabemos mais ou menos o que esperar quando sai um novo “Mad Max”, “Velozes e Furiosos” ou qualquer outro episódio de uma franquia duradoura do cinema. “Resident Evil” pode seguir essa mesma lógica.

Roteiro

Talvez o ponto mais interessante em um reboot de “Resident Evil” seja um novo roteiro. Combinar os elementos acima com uma nova trama, mais coesa e planejada, já ajudaria a descartar muitos dos problemas que marcaram a história de Alice.

Angela Ashford e seu pai, os paradeiros dos inúmeros colegas de Alice ao longo da jornada, a linha do tempo da Umbrella e suas instalações… nada faz muito sentido no final. Apesar da diversão proporcionada pelos filmes de Resident Evil, o foco claramente nunca foi uma trama concisa.

Aprender com os erros do passado, contratar um roteirista mais experiente no estilo de filme que decidirem fazer e manter um foco maior sobre o roteiro, sem as megalomanias das grandes produções anteriores, cheias de cenas desconexas só para ter ação, sangue e explosões, são medidas que podem ajudar os novos filmes de “Resident Evil” a dar certo.

E você, espera algo bom ou ruim desse reboot? Sentirá falta de Alice ou está feliz em vê-la se aposentar? Compartilhe sua opinião conosco!

Será que "Resident Evil 6: O Capítulo Final" é mesmo... o capítulo final?

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* Bruna Lanzilotta e Ciro Guedes são redatores do REVIL