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Jogamos: Novo "Wolfenstein" mostra EUA dos anos 1960 dominado por nazistas

Wolfenstein II - Fogo - Reprodução - Reprodução
Tem cheiro de vitória
Imagem: Reprodução

Victor Ferreira

Do Gamehall, em São Francisco*

26/09/2017 11h17

Vivemos em tempos conturbados e cada vez mais perigosos, em que o fracasso de instituições e sistemas importantes deram espaço para o renascimento e repopularização do fascismo em vários lugares do mundo.

É só lembrar que, em questão de meses, tivemos o crescimento de partidos políticos de extrema direita - e não importa o que você tenha ouvido em certos lugares, o nazismo era um movimento de extrema direita - na França e na Alemanha, sem falar na manifestação neo-nazista que ocorreu em Charlottsville, nos EUA, que acabou com a morte de uma ativista em um contra-protesto.

Em momentos como este, muitos acabam se voltando para o entretenimento, seja como forma de escapismo ou mesmo para aprender e contextualizar o mundo a seu redor.
E, a este ponto, talvez não exista obra de arte melhor para isso do que um jogo de videogame em que você controla um brutamontes descendente de poloneses e judeus que quer varrer os nazistas da face da Terra.

Confira os últimos testes de UOL Jogos:

Sequência de uma das maiores surpresas de 2014, “Wolfenstein II: The New Colossus” coloca o jogador novamente no papel do herói B.J. Blazkowicz, que após sobreviver os eventos de “The New Order” tem como objetivo libertar seu país natal, os Estados Unidos da América, da influência nazista nos anos 1960.

Wolfenstein II - EUA nazista - Divulgação - Divulgação
Tirando o soldado da SS e as suásticas, não parece tão ruim assim
Imagem: Divulgação

Na demonstração testada por UOL Jogos em um evento especial da publisher Bethesda em São Francisco, a ação se passa nas ruas semi-destruídas e alagadas de Nova Orleans - um lugar que tem se tornado propício para matar a escória da humanidade, já que a cidade (mais ou menos) também foi palco de “Mafia III” - para encontrar Horton, um revolucionário marxista que pode ajudar Blazkowicz em sua retomada do país.

Wolfenstein II - Horton - Reprodução - Reprodução
E, além de tudo, não tem lá a melhor dentição
Imagem: Reprodução

… Pois é.

Como sequências costumam ser, “The New Colossus” parece ser maior, (ainda) mais violento e espalhafatoso do que seu predecessor - o que é impressionante por si só, já que aquele era um jogo em que uma das missões envolvia se infiltrar em uma base nazista na Lua.

Com o ganho de confiança da MachineGames após o sucesso de seu predecessor, o novo jogo abraça sua loucura interna, trazendo um humor mais ácido (às vezes literalmente) e estética mais descolada - pense mais Tarantino e menos "Man in the High Castle".

A maior novidade em termos de gameplay é a armadura que Caroline Becker usava em “The New Order”, que (por motivos desconhecidos) agora é vestida por Blazkowicz e traz uma série de apetrechos e habilidades especiais para o herói, incluindo a habilidade de passar por pequenos vãos ou ficar em um ponto mais alto ao usar uma espécie de perna de pau futurista.

A mais divertida delas, porém, é simplesmente usar o botão de correr, já que além de destruir algumas paredes ele também faz com que qualquer pobre soldado raso exploda em mil pedaços ao ser “atropelado” por B.J.

De resto, o novo “Wolfenstein” segue a linha de seu predecessor: você é um Anjo da Destruição, colocado neste planeta para livrá-lo do maior número possível de nazistas que puder encontrar. O arsenal de Blazkowicz é essencialmente o mesmo, com alguns apetrechos a mais - incluindo armas diferentes se você decidiu entre salvar Feargus ou Wyatt no primeiro jogo -, mas tudo é focado na aniquilação das forças do Terceiro Reich.

“Wolfenstein II: The New Colossus” está para “Bastardos Inglórios” assim como “Call of Duty: WWII” está para “Band of Brothers”: enquanto o último parece focar nas experiências e horror do conflito original (pelo menos na campanha), o primeiro ri ensandecidamente enquanto atira para todos os lados, com tudo pegando fogo ao seu redor.

Nada mais justo, afinal há mais de um jeito de lidar com nazistas.

*O jornalista viajou a convite da Bethesda